Análise

IPCA-15 vem dentro do esperado; serviços seguem janela boa e temporária de desaceleração

Atualizado 28/05/2024 às 18:07:08

https://www.bomdiamercado.com.br/wp-content/uploads/2024/05/Andrea-Angelo-Warren-Investimentos.jpg

Por Andréa Angelo, Guilherme Gomes e Viniccius Valentim

A prévia da inflação de maio veio, mais uma vez, em linha com o esperado, mostrando que núcleos e serviços continuam em uma “janela boa e temporária” de desaceleração.

O IPCA-15 de maio registrou alta de 0,44%, praticamente em linha com a nossa projeção de 0,43% e abaixo da mediana da Bloomberg de 0,47%. Em 12 meses a variação é de 3,70%.

O maior destaque veio, outra vez, dos serviços intensivos em trabalho, que desaceleraram mais que o esperado (projeção de 0,44%) e registraram alta de 0,35% no mês e 5,5% no acumulado em 12 meses. O principal destaque dentro dos intensivos em trabalho foi o item cabeleireiro, que continuou apresentando deflação (-0,07%) no mês.

Esperávamos que este item iria devolver, de uma vez, a deflação de -0,22% apresentada no IPCA de abril. Este grupo, na métrica dessazonalizada e anualizada, na média de três meses, atingiu 5,83% de 6,30% na leitura anterior.

O restante das principais medidas de núcleos e serviços ficaram praticamente em linha com o esperado. Obviamente vale ressaltar que é um movimento de continuidade da desinflação. Movimento este que está em linha com o esperado, conforme temos alertado que será uma janela de leituras de inflação qualitativamente boa.

Pelas nossas projeções, isso poderá permanecer por mais algumas leituras encadeadas para depois reverter o movimento e iniciar a reaceleração. Acreditamos que o grupo de serviços subjacente poderá encerrar o ano próximo a 6%, vindo de 4,8% no ano anterior.

Fora a parte qualitativa que comentamos acima, poucos foram os destaques deste número. No lado baixista, em relação ao que esperávamos, destaque para alimentação no domicílio. O grupo apresentou alta de 0,22%, enquanto esperávamos 0,50%. Entre os alimentos, frutas e carnes ficaram menos pressionadas nesta divulgação. O IBGE reportou problemas na coleta deste mês em razão das enchentes do Rio Grande do Sul:

“Em maio, aproximadamente 30% da coleta foi realizada durante a situação emergencial de modo remoto, por telefone ou internet, em vez do modo presencial. Cabe informar que o calendário de coleta do mês de maio iniciou em 16/04 e finalizou em 15/05, e a coleta remota de preços foi intensificada a partir do dia 06/05, quando aproximadamente 70% dos preços já tinham sido coletados. Ainda assim, nem todos os subitens puderam ser coletados por telefone ou pela internet, como foi o caso de alguns subitens do item hortaliças e verduras”.

Por enquanto, entendemos que este movimento de readequação (seguindo a metodologia) de coleta por parte do IBGE pode deixar resquícios altistas no IPCA, porém nada que resulte em uma leitura pior de alimentos para o ano, ou seja, poderá sim trazer volatilidade entre as divulgações. Esperamos que alimentos encerre o ano em 5,7% de -0,5% em 2023.

Nossos números não apresentaram revisão relevante para o ano e curto prazo. Seguimos com a projeção de 4% para 2024 e 2025. E o IPCA de maio em 0,38% e junho em 0,21%.

Não estamos contanto com o impacto da devolução do bônus de Itaipu nos nossos números, embora acreditemos que o cenário mais provável seja da utilização de parte dos recursos para abatimento das contas de energia do Brasil e, outra parte direcional para o RS. Com isso, o efeito em julho pode chegar a -50bps e devolver em agosto. Seguimos investigando este tema.

Compartilhe:


Veja mais sobre:


Veja Também