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Quer começar a investir? Saiba o que você deve fazer
Por Maurício Takahashi
Investir é uma maneira inteligente de construir riqueza ao longo do tempo. Antes de qualquer coisa, é fundamental saber que investir é diferente de especular. Aqui, quero separar bem essa diferença, visto que essa confusão muda a forma de pensar.
Investimento é a aplicação de dinheiro com a expectativa de sua multiplicação a longo prazo, baseada em análises e fundamentos sólidos. Por outro lado, a especulação envolve assumir riscos elevados com a esperança de realizar ganhos rápidos com a compra e venda de ativos, muitas vezes, com uma base questionável de análise.
Isso posto, se eu fosse separar três dicas para quem está iniciando seriam: estude, defina objetivos quantitativos e tenha disciplina. Estudar significa entender que você vai tomar uma decisão hoje, dependendo do preço atual, em relação a uma expectativa futura. Como ninguém sabe o futuro, é uma decisão em condições de risco. O que está caro? O que está barato? Tudo isso em relação a uma expectativa de preço para amanhã.
Para se ter uma ideia de como essas perguntas são importantes, os maiores especialistas do mundo buscam respostas para elas a cada segundo, tanto no mercado quanto na academia. Portanto, leia livros e colunas especializadas, assista a vídeos educativos e, se possível, faça cursos sobre o assunto. Conhecimento é poder e vai te ajudar a tomar decisões mais informadas.
Quando digo para definir objetivos quantitativos, quero chamar atenção para a necessidade de se estimar um valor para um objetivo, saber qual a proporção do que você vai precisar sacrificar no presente e por quanto tempo, dá um direcionamento muito importante. Só como exemplo, os valores envolvidos para a aposentadoria, para atingir liberdade financeira de viver de rendimentos, para comprar uma casa, para montar um negócio, para fazer uma viagem grande ou para a educação dos filhos são muito diferentes. Ter objetivos claros vai guiar suas escolhas de investimento.
Saiba que ter disciplina é um fator fundamental para o conceito de investimento que estamos falando aqui. Como qualquer um dos exemplos de objetivos anteriores envolve valores altos, considere que a construção de riqueza vai levar décadas, algumas vezes, uma geração. Não quero te desanimar, muito pelo contrário.
Para ter criação de riqueza é necessário saber que a multiplicação visível leva tempo. Com taxas de risco controlado, é possível multiplicar as economias de uma vida em até dez vezes em quatro décadas. Isto mesmo, quatro décadas. Investir não é algo de poucos anos, muito menos de meses e nem pensar em dias. Ou seja, vai ter que ser um hábito arraigado à rotina, um estilo de vida.
Não há um valor mínimo fixo para começar a investir, mas é importante que você comece com uma quantia que não vá comprometer seu orçamento pessoal. O ideal é que você invista apenas o dinheiro que não vai precisar no curto prazo.
O mercado costuma dizer que o curto prazo é o equivalente entre seis e doze vezes ao seu gasto mensal, compondo uma reserva de emergência. Imagine que, se você ficar sem rendimentos por meio ano ou um ano, você poderia agir com uma pressão muito menor do que alguém que não tem nada ou, pior, já está devendo mesmo tendo renda.
Hoje em dia, é possível começar com valores baixos, a partir de R$ 100,00, dependendo do tipo de investimento escolhido. Lembrando que, para “sobrar”, é mandatório “caber dentro do seu cobertor”, isto é, “gastar sistematicamente menos do que ganha”. Esta atitude de gastança não faz parte de alguém que vai gerir ou gerar riqueza.
Para quem está começando, é importante focar em investimentos mais seguros e fáceis de entender. O Tesouro Direto e os fundos de investimento conservadores são produtos que se encaixam nesse perfil. No sistema do Tesouro Direto, são negociados títulos públicos federais que oferecem boa segurança e podem ser adquiridos com valores baixos. Os fundos permitem investir em uma cesta diversificada de ativos com a gestão de um profissional, ideal para quem ainda não tem muito conhecimento.
Para começar a ter acesso a esses e outros produtos, é preciso ter um CPF válido, uma conta corrente em um banco e, depois, abrir uma conta em uma corretora que, após um cadastro e mapeamento do seu perfil, poderá te oferecer os ativos mais adequados para os primeiros passos.
Estudando mais a fundo o mundo dos investimentos, é importante ter no radar o investimento em ações de empresas consolidadas e, depois, ir evoluindo para empresas de crescimento (mais arriscadas), tanto aqui quanto no exterior. Há vários mercados: imobiliário, commodities, cambial, derivativos, de taxas, etc. Como já deu para perceber, temos muito a conversar…
*Maurício Takahashi, Professor na Área de Finanças, Economia e Métodos Quantitativos do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) – Alphaville.
O artigo aqui publicado não representa necessariamente a posição do BDM