Todas as atenções estarão voltadas hoje para o Simpósio de Jackson Hole, onde Powell iniciará sua fala às 11h05. A expectativa dos mercados é de uma mensagem hawkish, que não deverá descartar as chances de novo aumento do Fed este ano, além de confirmar que os juros americanos podem permanecer elevados por mais tempo. Na véspera do dia D, os investidores assumiram posição de cautela, com queda das bolsas e pressão do dólar e dos yields.

Aqui, só as taxas futuras do DI suportaram melhor o movimento no exterior, antes do IPCA-15 de agosto (sai às 9h), que deverá mostrar desaceleração da inflação dos serviços, citada por Campos Neto (BC) como um dado importante para definir a eventual intensificação do ritmo de cortes da taxa Selic.

Alguns traders observaram que as mínimas na curva de juros foram batidas com as estimativas do líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT), de uma receita extra de R$ 205 bilhões com as medidas tributárias preparadas pela Fazenda.

Nos seus cálculos, a nova lei do Carf, o fim da subvenção do ICMS aos Estados, a taxação das apostas esportivas e a tributação dos fundos exclusivo e offshore renderão mais do que os R$ 150 bilhões previstos por Haddad para zerar o déficit em 2024.

De modo geral, o mercado vê com reservas o aumento da arrecadação, do qual depende o cumprimento das metas fiscais. No entanto, o empenho do ministro leva a crer que as contas podem chegar perto, numa sinalização de tendência positiva.

Sem perder tempo, e sintonizado com o acordo fechado para a aprovação da MP do salário-mínimo, o governo deve publicar, nesta 6ªF, a MP dos onshore e enviar ajustes ao projeto de taxação dos offshore que já está no Congresso. Além disso, a evolução benigna da inflação ajuda a segurar qualquer nova onda de estresse nos juros.

Hoje, o IPCA-15 de agosto deve acelerar para 0,16%, após deflação de 0,07% em julho, com o acumulado em 12 meses voltando para cima de 4%, para 4,12%, segundo a mediana apurada em pesquisa Broadcast (de 3,19% até o mês anterior). Já os dados abertos devem trazer desaceleração dos serviços (de 0,36% a 0,04%) e serviços subjacentes (de 0,35% a 0,31%). Mas o IPCA-15 é apenas um aperitivo do dia. Hoje quem manda é Powell.

Em NY, Fed boys anteciparam nesta 5ªF o tom que o chairman deve adotar em Jackson Hole: Patrick Harker (Filadélfia) disse esperar que os juros permaneçam mais altos por mais tempo e Susan Collins (Boston) não descartou novas altas.

MAIS AGENDA – Antes do IPCA-15, sai a prévia do IPC-Fipe (5h). O câmbio confere os dados de transações correntes (8h30). Em Angola, Lula faz declaração à imprensa às 8h45, após a reunião de cúpula dos Brics.

LÁ FORA – Christine Lagarde (BCE) discursa em Jackson Hole às 16h, após a recente rodada fraca dos PMIs na Europa. Na Alemanha, a agenda conta com o PIB/2Tri (3h) e o índice Ifo de sentimento das empresas (5h). Nos EUA, sai o índice de sentimento do consumidor (11h). À tarde, a Baker Hughes informa os poços de petróleo e plataformas em operação nos EUA (14h).

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