Uma súbita onda de otimismo com a China ajudou os mercados globais e a recuperação dos ativos domésticos, neste início da semana, com alta das bolsas e queda do dólar e dos juros futuros. O entusiasmo ainda depende dos números da inflação nos Estados Unidos, com o CPI amanhã, que podem ser decisivos para dar por encerrado o ciclo de aperto do Fed.

No Brasil, a curva a termo do DI entrou no embalo e resolveu apostar em uma surpresa positiva do IPCA de agosto, que sairá daqui a pouco (9h), devolvendo prêmios das taxas curtas para manter algumas fichas num corte de 75pbs da Selic, embora permaneça amplamente majoritária a expectativa de que o BC manterá o ritmo de 50pbs, na reunião deste mês.

Um movimento mais intenso de queda dos juros futuros à tarde elevou para 12% a probabilidade de uma queda maior da taxa básica. Em parte, isso foi atribuído às primeiras prévias de setembro do IPC-S (-0,02%) e do IGP-M (-0,50%).

O fato de os índices terem se mantido em deflação levantou a suspeita de que as projeções para o IPCA de agosto podem estar superestimadas. Pesquisa Broadcast apontou aceleração para 0,28%, na mediana, mais que o dobro de julho (0,12%). Para economistas, os principais impactos devem vir do fim do desconto nas tarifas de energia e do reajuste da gasolina.

Já a abertura dos dados promete boas notícias, como Serviços, que deve desacelerar de 0,25% para 0,15%, e Alimentação, que deve ampliar a deflação de -0,72% para -1,08%. Preços Livres (-0,06%) também devem ir para o terreno negativo.

Analistas mais conservadores, porém, recorrem a outros fatores para descartar uma aceleração no ritmo de quedas da Selic. São citadas a atividade mais forte que o esperado, com a surpresa do PIB/2Tri, a força do mercado de trabalho e as dificuldades fiscais, que já se refletem na piora das expectativas da inflação.

No exterior, a indefinição do aperto do Fed soma-se às incertezas da China, cujo crescimento à meta de 5% vem sendo revisado por muitas instituições, apesar das sucessivas medidas de estímulo monetário. O start para o recente otimismo foi a ligeira alta da inflação ao consumidor chinês em agosto (0,1%). Embora abaixo do esperado (0,2%), foi suficiente para diminuir os receios de desaceleração mais forte da atividade.

STIGLITZ – Em painel do STF nesta 2ªF, o vencedor do Nobel de Economia de 2001 e professor da Universidade Columbia (EUA), disse que o Brasil precisa reformular seu sistema financeiro, citando uma forte especulação no sistema nacional.

“Tem muita especulação no mercado financeiro, isso quase nenhum país faz, mas o Brasil está no topo da lista dos que fazem”. O economista defendeu a taxação de grandes riquezas como uma fonte de gerar maior renda à população.

AGENDA FRACA – Mais três índices de inflação serão divulgados hoje: as primeiras prévias de setembro do IPC-Fipe (5h) e do IPC-S Capitais (8h), além do INPC de agosto (9h), no mesmo horário que o IPCA de agosto. No exterior, destaque para o relatório mensal Opep e para o índice ZEW de expectativas econômicas da Alemanha (6h)

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