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Fechamento [10/04]: Bolsas caem, juros e dólar disparam após CPI forte nos EUA
[10/04/24] Da Redação do Bom Dia Mercado
A inflação ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos veio acima do esperado pelo terceiro mês consecutivo e aplicou um golpe nos mercados nesta quarta-feira (10). Com a perspectiva de que os preços terão um caminho tortuoso pela frente, as bolsas caíram firmes, uma vez que os investidores acreditam que o Federal Reserve deve deixar os juros altos por mais tempo.
O CPI americano subiu 0,4% em março, superando o consenso de 0,3% para o período. Na base anual, o índice avançou para 3,5%, ante expectativa de 3,4%. Além disso, o núcleo da inflação, que exclui elementos voláteis como energia e alimentos, subiu 0,4% no mês passado ante o anterior e 3,8% na comparação anual.
O resultado de hoje enterra os argumentos de que a inflação de janeiro e fevereiro decorriam de efeitos sazonais.
Além disso, os rendimentos dos Treasuries dispararam até 22 pontos-base. A T-Note de 10 anos, usado como referência, avançou a 4,546%, de 4,364% na véspera. A T-Note de 2 anos subiu a 4,966%, de 4,744%, enquanto a T-Note de 30 anos ganhou a 4,627%, de 4,499%.
Além de grandes bancos já passarem a cogitar apenas dois cortes nos juros pelo Fed este ano, como Goldman Sachs e UBS, o mercado passou o início das reduções de junho para setembro, segundo o CME Group. O número de cortes em 2024 também caiu, com os agentes cogitando entre uma ou duas reduções.
A ata do Fed envelheceu mal e não mexeu nos índices. Porém, o documento destacou que a maioria dos dirigentes do BC americano acredita ser apropriado iniciar o processo de flexibilização monetária em algum momento neste ano.
Confira o desempenhos dos índices em Wall Street:
- Dow Jones: -1,09% (38.460,98 pontos)
- S&P 500: -0,95% (5.160,62 pontos)
- Nasdaq: -0,84% (16.170,36 pontos)
Ibovespa
Por aqui, o Ibovespa ignorou os indicadores locais e acompanhou o mau humor do exterior, mas segurou os 128 mil pontos. A queda foi generalizada, e apenas Petrobras (PETR4: +2,22%, R$ 39,59) tentou segurar maiores perdas, depois que a estatal anunciou a descoberta de óleo na Margem Equatorial e de notícias de que Jean Paul Prates deve continuar no cargo.
Mais cedo, o IPCA subiu 0,16% em março, abaixo do consenso de 0,25%. Na comparação ano a ano, a inflação avançou 3,93%, de 4,50% do mês anterior (expectativa de +4,01%). A inflação de serviços, por sua vez, desacelerou para 5,09% em 12 meses, de 5,25% de fevereiro.
A entrevista do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para a Globo News também ficou no radar. A autoridade monetária afirmou que o CPI americano foi bastante ruim, mas repetiu que não há relação mecânica entre os juros nos EUA e no Brasil.
Campos Neto disse que o IPCA foi uma boa notícia e reiterou que o cenário não mudou substancialmente. Perguntado sobre sua sucessão, ele comentou que não quer antecipar a saída do BC em nenhum momento e que seria importante ter um candidato para a vaga antes do recesso no Congresso.
Para completar a desilusão, o dólar avançou frente aos pares, com o índice DXY subindo 0,98%, aos 105,16 pontos, e ao real. Além disso, os juros futuros avançaram no mesmo ritmo dos Treasuries.
A notícia sobre uma alteração de última hora em um projeto na Câmara que altera o arcabouço fiscal e permite o governo antecipar a liberação de R$ 15 bilhões elevou o risco fiscal, mas também terminou em segundo plano, dada a relevância maior do cenário externo.
O Ibovespa fechou em queda de 1,41%, aos 128.053,74 pontos, com volume de R$ 23,2 bilhões. O dólar à vista teve alta de 1,41%, a R$ 5,0784.
(Eduardo Saraiva)