Diversos
Ibovespa registra 10ª queda seguida e dólar sobe mais de 1%, em meio a turbulência externa e ruído doméstico
A semana começou tensa para os ativos brasileiros, diante de ruídos domésticos e preocupações com o exterior. Declarações de Fernando Haddad ao jornalista Reinaldo Azevedo pegaram mal em Brasília e fizeram Arthur Lira cancelar de última hora uma reunião que teria com o ministro da Fazenda e líderes da Câmara para discutir a votação do projeto do arcabouço fiscal.
Na entrevista, Haddad disse que a Câmara, hoje, tem muito poder e não pode usá-lo para “humilhar o Senado e o Executivo”. No fim da tarde, o ministro veio a público esclarecer que não foi sua intenção criticar a atual legislatura. Os juros futuros, que já vinham estressados pela fuga de risco que marcou o mercado hoje, bateram nas máximas pouco antes do fechamento, quando veio a notícia do cancelamento da reunião entre Lira e Haddad.
Investidores operaram na defensiva desde a abertura, refletindo as preocupações com a desaceleração da economia da China, que se arrastam desde a semana passada, junto com notícias de nova crise no setor imobiliário do país.
O clima por aqui piorou com as medidas adotadas pelo governo da Argentina, importante parceiro comercial do Brasil, após o resultado das eleições primárias, que foram vencidas pela extrema direita. O governo vizinho elevou os juros em 21 pp e desvalorizou o peso em 22% para tentar conter a turbulência local.
O mercado brasileiro teve como pano de fundo a expectativa de um novo reajuste de combustíveis pela Petrobras e declarações da diretora do BC Fernanda Guardado, que afirmou que o processo de desinflação no Brasil está lento e que há risco de que o mundo conviva com uma inflação mais alta e persistente.
O Ibovespa fechou em baixa de 1,06%, aos 116.809,55 pontos, registrando o 10º fechamento seguido no vermelho, na mais longa sequência negativa desde fevereiro de 1984. O volume financeiro continuou fraco e somou apenas R$ 22,1 bilhões.
O dólar à vista fechou em alta de 1,25%, a R$ 4,9656, perto da máxima do dia (R$ 4,9711). A busca por proteção e a forte saída de capital estrangeiro do país pesaram sobre o câmbio. Segundo a B3, o investidor estrangeiro já retirou R$ 6,5 bilhões da bolsa neste mês, até o dia 10.
Em Wall Street, as ações de tecnologia sustentaram os ganhos do Nasdaq e do S&P500, puxados pelos papéis da Nvidia, que foi classificada hoje como “top pick”, ou seja, a ação preferida do setor pelo Morgan Stanley. O Nasdaq avançou 1,05%, aos 13.788,33 pontos. O Dow Jones subiu 0,07%, aos 35.307,63 pontos. E o S&P500 ganhou 0,58%, para 4.489,72 pontos. (Téo Takar e Ana Conceição)