Morning Call
IGP-M, Galípolo, Petrobras e Jolts são destaques

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[29/04/25]
… Será divulgado hoje nos EUA o primeiro de uma série de indicadores do emprego desta semana, que termina com o payroll. O relatório Jolts (11h) deve mostrar a criação de 7,5 milhões de vagas em março, mantendo o ritmo de fevereiro, que trouxe uma significativa redução. Os dados são importantes para calibrar as expectativas de queda dos juros. Quanto mais fracos, mais aumentam as chances de o Fed agir. Em NY, investidores voltaram a fugir do risco, em meio ao impasse tarifário, derrubando o dólar, os juros dos Treasuries e sem ânimo para as ações, antes dos balanços das big techs. Aqui, Petrobras divulga o relatório de produção e vendas, após o fechamento. São destaques, ainda, o IGP-M de abril e a coletiva de Galípolo (11h) para comentar o Relatório de Estabilidade do BC (8h).
… Nesta 2ªF, Galípolo puxou os juros de curto prazo com declarações surpreendentemente mais hawkish do que sinalizou Diogo Guillen, notório falcão remanescente da equipe de Campos Neto, ao dizer que o ciclo de aperto da Selic ainda não terminou (abaixo).
… O enfraquecimento do dólar, que colocou o câmbio abaixo de R$ 5,65, limitou as altas das taxas futuras, refletindo um momento difícil para os ativos americanos, que enfrentam “greve de compradores estrangeiros”, segundo o Deutsche Bank.
… O chefe de estratégia de câmbio do banco, George Saravelos, analisou os fluxos para uma variedade de fundos que pegam dinheiro do exterior e o canalizam para ações e títulos dos EUA e concluiu que eles mostram uma “parada brusca” nos últimos dois meses.
… “Na melhor das hipóteses, os dados mostram desaceleração muito rápida nos fluxos de capital e, na pior, desinvestimento contínuo em ativos americanos.” O relatório afirma que não houve recuperação nem mesmo nos melhores dias da semana passada.
… Saravelos revisou para baixo sua previsão para o dólar neste mês e prevê queda para US$ 1,30 em relação ao euro e 115 em relação ao iene até 2027, ante cerca de US$ 1,14 e 142 ienes atualmente. A crise não dá sinais de solução no curto prazo.
… Trump continua esperando que a China dê o primeiro passo, enquanto cresce o apoio dos chineses para Xi Jinping resistir.
… Reportagem da Bloomberg afirma que “os ataques de Trump à China estão desencadeando uma onda de apoio nacionalista a Xi”.
… “As pessoas estão realmente dispostas a não se curvar e lutar até o fim”, disse James Zhang, um exportador de móveis de Ningbo, que obtém 60% de sua receita das vendas aos EUA. Segundo ele, “ceder não abre caminho, apenas abre um beco sem saída.”
… Os chineses temem que qualquer concessão aos EUA apenas permitirá a Trump aumentar suas exigências.
… Enquanto Trump enfrenta crescente pressão para recuar, as suas ações contra a China ajudam a reforçar a posição de Xi. O líder chinês tem o apoio até de seus críticos, que querem que o governo se mantenha firme contra um ataque econômico sem precedentes.
… Gigantes da internet chinesa, como Alibaba, JD.com e PDD Holdings, apressaram-se a implementar políticas de apoio aos exportadores, reduzindo as taxas e os custos da plataforma para promoção de produtos e campanhas agressivas de marketing.
… Ainda não está claro quanto tempo durará o momento de patriotismo da China. O verdadeiro teste deve vir com o passar das semanas e dos meses, quando os trabalhadores chineses perderão seus empregos e enfrentarão dificuldades econômicas.
… A Bloomberg Economics calcula que as tarifas nos níveis atuais poderiam eliminar mais de 80% das exportações da China para os EUA, reduzindo dois pontos percentuais do PIB se as fábricas não encontrarem novos mercados para seus produtos.
A BOA NOTÍCIA É QUE… – O governo americano tomará medidas hoje para reduzir o impacto das tarifas sobre a indústria automobilística, confirmou o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, em comunicado.
… Washington deve flexibilizar os impostos sobre carros fabricados no exterior e autopeças importadas.
… Segundo o WSJ, as empresas americanas que pagam tarifas de 25% sobre automóveis importados não precisarão pagar tarifas adicionais, como as aplicadas ao aço e ao alumínio.
… A medida será retroativa e as montadoras serão reembolsadas pelos impostos extras já pagos.
… Essa mudança de postura ocorre neste momento em que Trump se prepara para viajar a Michigan, o coração da indústria automobilística norte-americana, para marcar os 100 dias de seu segundo mandato.
CANADÁ – O Partido Liberal, do atual primeiro-ministro Mark Carney, venceu a eleição. A vitória consagrou uma reviravolta na campanha, em meio à ameaça de anexação do país pelos EUA e à guerra comercial de Trump.
… Na noite de ontem, com os votos ainda sendo contados, a imprensa internacional ponderava que ainda não era possível projetar se os liberais conseguirão formar um governo majoritário no Parlamento canadense.
MAIS AGENDA – O IGP-M de abril (8h) deve se manter em terreno negativo, com o consenso apontando para deflação de 0,09%, após a queda de 0,34% em março e alta de 1,06% em fevereiro. Às 8h30, o BC divulga os dados de crédito referentes a março.
… O diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, participa da entrevista sobre o Relatório de Estabilidade do BC ao lado de Galípolo (11h).
LUPI – Ministro da Previdência comparecerá hoje à Comissão da Câmara para falar sobre a operação da PF e CGU que investiga fraudes no INSS. O Planalto estaria incomodado com postura de Lupi e percepção é que ele deveria pedir demissão (Gerson Camarotti).
… Já fontes do Valor apuraram que Lupi não deve ser demitido por Lula, por enquanto. Avaliação de interlocutores do presidente é de que inquérito da PF não traz qualquer menção ao ministro da Previdência no esquema de corrupção.
LÁ FORA – O dia começa com o índice GfK de maio na Alemanha e a confiança do consumidor de abril na Zona do Euro (7h).
… Nos EUA, sai a balança comercial de março e os estoques no varejo e no atacado (9h30), além de preços dos imóveis em fevereiro (10h) e da Confiança do Consumidor da Conference Board em abril (11h). No mesmo horário sai o relatório Jolts.
… À noite, o Japão divulga a produção industrial e as vendas no varejo (20h50), enquanto na China saem os índices PMI de abril (22h30).
BALANÇOS – Neoenergia, Isa Energia, Marcopolo, Iguatemi, Log ON e Kepler Weber divulgam resultados hoje, na B3. Em Wall Street, são destaques Pfizer, Starbucks e General Motors. No Em tempo os balanços de Gerdau e Metalúrgica Gerdau de ontem à noite.
SÓ ACABA QUANDO TERMINA – Sinalizando que não quer queimar etapas, Galípolo disse que o BC tem certeza razoável de que a Selic está em nível contracionista, mas ainda tenta entender se está restritiva o bastante.
… O presidente do BC está incomodado com as expectativas de inflação “bastante desancoradas” e tenta entender se a estratégia adotada até aqui é suficiente para os preços convergirem ao centro da meta (3%).
… Os comentários, feitos em evento do J. Safra, parecem sugerir que o ciclo de aperto monetário ainda não chegou ao fim, que a barra está alta para um início do afrouxamento, que um corte pode demorar para vir.
… Galípolo soou diferente das falas recentes de Guillen, Nilton Davi e Pichetti, lidas como dovish, mas parte do mercado acha que ele não bateu de frente, embora possa corrigir excessos nas apostas para a taxa básica.
… Apesar da pegada mais hawkish assumida pelo presidente do BC, o Citi reduziu ontem a projeção de alta da Selic na reunião do Copom da semana que vem de 0,75pp para 0,50pp, citando as incertezas externas.
… Na reação inicial a Galípolo, os juros futuros ajustaram a rota nesta 2ªF e chegaram a subir até 18pb no miolo da curva, antes de perderem fôlego e fecharem perto da estabilidade, no dia sem novidades da guerra tarifária.
… No jogo de empurra, para ver quem se dobra antes, o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, disse que a bola da negociações está com a China, que, de seu lado, recomendou aos EUA “pararem de chantagear”.
… No fechamento, o DI para Jan/26 marcava 14,675% (contra 14,630% no pregão anterior); Jan/27, 13,905% (de 13,885%); Jan/29, 13,640% (de 13,590%); Jan/31, 13,930% (de 13,900%); e Jan/33, 14,030% (de 14,020%).
… Positiva para o carry trade, a chance de a Selic levar mais tempo para começar a cair pode ter ajudado a dólar a emplacar a sua sétima queda consecutiva e furar o piso psicológico de R$ 5,65, cotado a R$ 5,6480 (-0,70%).
… Mas, em primeiro plano, foi a fraqueza da moeda americana em escala global que ampliou os ganhos do real. No espaço dos últimos sete pregões, a divisa brasileira registra apreciação de 4%. No acumulado do ano, sobe 8%.
… Quem poderia imaginar que os ativos americanos, historicamente resistentes a tantas crises, teriam que enfrentar o fogo amigo de Trump, que tem se provado um verdadeiro terremoto à segurança dos mercados dos EUA.
… Com a novela protecionista que não se resolve, o índice DXY, termômetro do dólar contra outras seis rivais fortes, recuou 0,54%, aos 98,929 pontos. O euro subiu 0,51%, a US$ 1,1423, e a libra ganhou 0,93%, valendo US$ 1,3439.
… Houve nova rodada de apelo defensivo pelos Treasuries, derrubando o rendimento da Note de 2 anos para 3,693%, contra 3,744% no pregão anterior, e o juro da Note de 10 anos para 4,240%, de 4,211% na última 6ªF.
… Além do incômodo com o cabo de guerra entre os EUA e a China, que está demorando demais para acabar, também o suspense com a agenda forte da semana em NY justificou a falta de apetite por risco ontem nos negócios.
… O investidor já aciona a contagem regressiva para o payroll e para os balanços de quatro das “Sete Magníficas” do setor de tecnologia esta semana: Apple (+0,41%), Meta (+0,44%), Amazon (-0,70%) e Microsoft (-0,18%).
… Em clima de esperar para ver, as bolsas em NY preferiram não se arriscar ontem: o Dow Jones subiu 0,28%, a 40.227,59 pontos; S&P 500 ficou estável (+0,06%), aos 5.528,73 pontos; e o Nasdaq caiu 0,10% (17.366,13 pontos).
… Também o Ibov não foi longe (+0,21%), embora tenha bancado (por pouco) os 135 mil pontos (135.015,89), com giro de R$ 20,5 bi. Junto com NY, o “efeito Galípolo” pode ter ajudado a inibir a bolsa, que não gosta de juros altos.
… Depois do tombo de quase 3% no pregão anterior, Vale testou alguma reação (+0,35%, a R$ 54,04), desafiando a queda de 0,49% do minério. Petrobras ON (-0,64%, a R$ 32,46) e PN (-0,39%, a R$ 30,40) caíram com o petróleo.
… O barril do Brent recuou 1,51%, a US$ 65,86, de olho em um potencial aumento da oferta pela Opep+, que se reúne no dia 5 de maio, e na disputa de forças entre a China e os EUA, que eleva a incerteza sobre a demanda global.
… Entre os papéis dos bancos no Ibov, ficaram no lado positivo Santander (+1,29%; R$ 28,24), BB (+1,21%; R$ 28,35) e Itaú (+1,07%; R$ 34,99). No campo oposto, Bradesco caiu: 0,25% (ON, a R$ 11,94) e 0,22% (PN, a R$ 13,35).
EM TEMPO… GERDAU registrou lucro líquido ajustado de R$ 758 milhões no 1TRI, queda de 39% na comparação anual; Ebitda ajustado somou R$ 2,40 bilhões, recuo de 14,6% ante mesmo período de 2024…
… Companhia aprovou a distribuição de R$ 243,5 milhões em dividendos, o equivalente a R$ 0,12 por ação, com pagamento em 19/5…
… Conselho de Administração aprovou a incorporação da subsidiária integral Gerdau Summit Aços Fundidos e Forjados; operação será submetida à deliberação pela assembleia geral extraordinária da companhia, em 30/5…
… Colegiado também aprovou o cancelamento de 517.600 ações ON e de 24 milhões de ações PN; assim, capital social da companhia passou a ser dividido em 718.346.219 de ações ON e 1.309.848.730 de ações PN…
… Empresa concluiu a aquisição das pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) de Garganta da Jararaca e Paranatinga II, localizadas no Mato Grosso, por R$ 441,7 milhões.
METALÚRGICA GERDAU registrou lucro líquido ajustado de R$ 756 milhões no 1TRI, alta de 13,4% na comparação anual; Ebitda ajustado somou R$ 2,4 bilhões, ganho de 0,4% em relação ao mesmo período de 2024…
… Companhia aprovou a distribuição de R$ 79 milhões em dividendos, o equivalente a R$ 0,08 por ação, com pagamento em 20/5…
… Conselho de Administração aprovou o cancelamento de 6 milhões de ações; assim, capital social da companhia passou a ser dividido em 365.111.201 de ações ON e 628.594.603 de ações PN.
YDUQS aprovou a distribuição de dividendos no valor de R$ 150 milhões, o equivalente a R$ 0,5706 por ação, com pagamento em 8/5; ex em 29/4.
COGNA aprovou a distribuição de R$ 120,8 milhões em dividendos, o equivalente a R$ 0,0667 por ação, com pagamento até 30/5; ex hoje.
VIBRA ENERGIA concluiu saída da sociedade ZEG Biogás e Energia, conforme havia divulgado em março.
LATAM fechou o 1Tri com lucro líquido atribuído aos acionistas controladores de US$ 355 milhões, alta de 37,6% na comparação com igual período do ano passado. A receita total no trimestre foi de US$ 3,4 bilhões (+2,7%)…
… O Ebitdar ajustado fechou o trimestre em US$ 962 milhões, alta de 20,9% e considerado recorde trimestral.
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