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Risco fiscal faz dólar disparar e derruba Ibovespa; Wall Street mantém cautela antes do payroll
O mercado brasileiro teve uma sessão de forte aversão ao risco nesta quinta-feira, em meio à piora na percepção sobre o cenário fiscal no país. Ontem, investidores já tinham buscado proteção no dólar e nos juros futuros, além de vender ações, após o ministério do Planejamento informar que seriam necessários R$ 168 bilhões para o governo alcançar a meta de déficit fiscal zero em 2024.
No início da noite de ontem, o governo obteve vitória no Senado com a aprovação do PL do Carf, mas logo em seguida foi abatido pela aprovação, na Câmara, do projeto que prorroga a desoneração da folha de pagamentos de 17 setores e reduz a contribuição previdenciária de municípios. Só com as prefeituras a conta deve chegar a R$ 11 bilhões.
Hoje, durante a entrevista que antecedeu a entrega do Projeto de Lei Orçamentária Anual 2024 (PLOA) ao Congresso, os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento) tentaram passar certa tranquilidade, dizendo que o Orçamento do ano que vem está equilibrado, com receitas factíveis, e que a Receita Federal tem sido conservadora na projeção de receitas recorrentes. Mas o mercado não acreditou.
O dólar à vista fechou em alta de 1,68%, a R$ 4,9511, e acumulou ganho de 4,69% em agosto. Já o Ibovespa fechou na mínima do dia, aos 115.741,81 pontos, com queda de 1,53%. No mês, a bolsa acumulou perda de 5,09%.
Lá fora, as incertezas sobre os próximos passos da política monetária do Fed, o banco central americano, voltaram a ditar o rumo dos negócios. Depois de dados recentes mais fracos de emprego nos Estados Unidos, hoje o PCE mostrou dados ambíguos sobre a inflação americana, enquanto os pedidos semanais de auxílio-desemprego vieram abaixo das previsões.
Já os índices de atividade (PMIs) em agosto vieram melhores que o esperado, jogando as atenções para amanhã, quando será conhecido o “payroll” de agosto, dado que consolida os números de contratações e de reajustes de salários nos Estados Unidos.
Um número forte indicará que a economia americana segue muito aquecida e pode empurrar as bolsas para baixo, pois serviria de argumento para o Fed seguir aumentando os juros para esfriar a economia e conter o avanço da inflação.
Em Nova York, as bolsas fecharam a sessão mistas. O índice Dow Jones caiu 0,48%, aos 34.721,16 pontos. O S&P500 recuou 0,16% (4.507,54), enquanto o Nasdaq subiu 0,11% (14.034,97). No mês, os três índices acumularam perda de 2,36%, 1,77% e 2,17%, respectivamente. (Ana Conceição e Téo Takar)