Economia PicPay

Resumo semanal: 03/03 a 07/03

Atualizado 08/03/2025 às 11:46:29

Por Matheus Gomes de Souza, CEA

Ásia

Os mercados asiáticos fecharam a semana em queda, refletindo a contínua incerteza sobre a política comercial do governo Trump. O Nikkei 225 e o Topix, no Japão, recuaram 2,2% e 1,6%, respectivamente, impactados pelo avanço das “yields” dos títulos de 30 anos para níveis não vistos desde 2008. Na China, as exportações cresceram apenas 2,3% no acumulado de janeiro e fevereiro, abaixo da projeção de 5%, marcando o ritmo mais fraco desde abril de 2024. Apesar disso, o Hang Seng e o Shanghai Composite recuaram apenas 0,2%, indicando uma leve resistência do mercado. Já o Kospi, da Coreia do Sul, caiu 0,49%, e o S&P/ASX 200 da Austrália afundou 1,81%, atingindo mínimas de seis meses.

A China estabeleceu uma meta de crescimento de 5% para 2025, apostando em um déficit fiscal de 4% do PIB, o maior em três décadas, como forma de estimular a economia. A desaceleração recente pressiona Pequim a adotar medidas mais agressivas para manter o crescimento. Caso alcance seu objetivo, o Brasil pode se beneficiar devido à forte relação comercial entre os dois países, principalmente na exportação de commodities. A decisão chinesa de reforçar investimentos e adotar estímulos pode sustentar a demanda global por matérias-primas, favorecendo emergentes.

Europa

A economia da zona do euro segue próxima da estagnação, com o PIB do quarto trimestre avançando apenas 0,2%, levemente acima das projeções de 0,1%. Diante desse cenário e da queda contínua da inflação, o Banco Central Europeu reduziu os juros em 0,25 p.p., para 2,5%. Apesar disso, os dirigentes da instituição alertaram que os preços dos serviços e os salários continuam elevados, o que pode limitar novos cortes. Além disso, a projeção de inflação para 2025 subiu de 2,1% para 2,3%, ultrapassando a meta de 2%. O mercado espera um novo corte na próxima reunião antes de uma possível pausa na flexibilização monetária.

Na Alemanha, os partidos políticos em negociação para formar o novo governo anunciaram um pacote de investimentos de 500 bilhões de euros, além da reformulação das regras de empréstimos. A medida visa modernizar a infraestrutura e reforçar as forças armadas, além de impulsionar o crescimento da maior economia europeia. A decisão influenciou os mercados de dívida, elevando os juros dos títulos alemães de 10 anos para 2,80%. O euro reagiu positivamente às medidas, apresentando valorização frente ao dólar ao longo da semana.

Oriente Médio

A Opep+ anunciou que aumentará gradualmente a produção de petróleo a partir de abril, alegando fundamentos de mercado saudáveis. O incremento será realizado por países como Arábia Saudita, Rússia, Kuwait e Emirados Árabes, com aumentos de cerca de 0,5% ao mês. A expectativa é que a produção atinja 31,65 milhões de barris por dia até o fim de 2025 e 32,88 milhões até 2026. No entanto, caso a economia global desacelere, os preços do petróleo podem cair, o que pode levar o cartel a reverter ou pausar a ampliação da oferta.

No campo geopolítico, as tensões entre Israel e Hamas persistem, com negociações sendo conduzidas no Egito para estender o cessar-fogo e viabilizar novas trocas de prisioneiros. O Hamas exige a retirada das tropas israelenses de Gaza, o fim do bloqueio e apoio financeiro para a reconstrução da região. Enquanto isso, a crise humanitária se agrava, com escassez de alimentos, remédios e combustíveis após seis dias sem entrada de suprimentos. Paralelamente, o governo Trump congelou milhões de dólares em ajuda a Gaza, dificultando a atuação de organizações humanitárias.

Estados Unidos
O governo dos EUA implementou parte do aumento das tarifas sobre importações, elevando as alíquotas sobre produtos chineses de 10% para 20%, levando Pequim a retaliar com medidas semelhantes. Em relação ao México e ao Canadá, a taxação foi adiada até abril, prolongando a incerteza sobre o futuro das relações comerciais na América do Norte. O ministro das Relações Exteriores da China declarou que o país está pronto para “lutar até o fim” caso os EUA insistam na escalada tarifária, aumentando a preocupação dos investidores.

No cenário econômico, os últimos indicadores dos EUA apontam para uma desaceleração da atividade, reduzindo o risco de novas altas de juros pelo Federal Reserve. As vendas no varejo enfraqueceram na virada do ano e o mercado de trabalho mostrou sinais de arrefecimento, com a criação de apenas 151 mil vagas em fevereiro, abaixo das expectativas. Com isso, os juros dos títulos do Tesouro caíram, favorecendo mercados emergentes, como o Brasil. A taxa de câmbio brasileira se apreciou, com o dólar recuando de R$ 5,92 antes do Carnaval para cerca de R$ 5,75.

Brasil

O PIB brasileiro cresceu 3,4% em 2024, impulsionado pelo desempenho da agropecuária e pelo aumento dos investimentos. No entanto, o quarto trimestre registrou uma expansão abaixo do esperado, com alta de apenas 0,2%, contra projeções de 0,4% do mercado. O consumo das famílias caiu 1% no período, impactando negativamente o desempenho da economia. Por outro lado, os investimentos empresariais cresceram 7,3% no ano, garantindo um ritmo robusto de expansão para ativos fixos. Para 2025, a projeção de crescimento é de 2%, sustentada por uma safra recorde e estímulos governamentais.

O governo brasileiro anunciou um pacote de seis medidas para reduzir o preço dos alimentos, incluindo a isenção de tarifas de importação sobre nove produtos, como carnes e café. Além disso, pretende estimular a produção agrícola e ampliar os estoques da Conab. Outra iniciativa envolve a negociação com governadores para zerar o ICMS sobre itens da cesta básica, o que poderia ter um impacto mais significativo na inflação. Apesar das ações, o mercado vê efeito limitado das tarifas, enquanto a redução do ICMS dependerá da adesão dos estados para surtir impacto no IPCA.

Compartilhe:


Veja mais sobre:


Veja Também