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Resumo semanal: 06/01 a 10/01
Por Matheus Gomes de Souza, CEA
Ásia: Os mercados asiáticos encerraram a semana em queda, refletindo preocupações com uma possível espiral deflacionária. Paralelamente, os prêmios de rendimento em crédito atingiram os níveis mais baixos desde a crise financeira global, desafiando o apetite dos investidores em meio a um aumento expressivo na oferta de dívida nos mercados globais. Na China, o governo tenta conter a depreciação do yuan por meio de estímulos, sem sucesso até o momento. O Banco Popular da China (BPC) decidiu suspender temporariamente a compra de dívida soberana em janeiro, após a oferta de títulos ficar aquém da demanda. O índice de preços ao consumidor subiu 0,1% em relação ao ano anterior, enquanto o índice de preços ao produtor recuou 2,3% na comparação anual, marcando 27 meses consecutivos de queda. Esses dados indicam que os estímulos de Pequim ainda não foram capazes de impulsionar a demanda interna. No Japão, os gastos reais das famílias caíram 0,4% em novembro, uma retração menor do que os 0,6% esperados. A renda real média por família registrou um aumento de 0,7% em relação ao ano anterior, totalizando 514.409 ienes (US$ 3.252,98).
Europa: Os mercados europeus apresentaram desempenho misto com viés negativo nesta semana, com atenção voltada para o índice de preços ao consumidor (CPI) da zona do euro. O indicador acelerou para 2,4% em dezembro de 2024, ante 2,2% em novembro, afastando-se ainda mais da meta de inflação de 2% do Banco Central Europeu (BCE) e comprometendo as perspectivas de cortes adicionais nas taxas de juros. Essa dinâmica, somada à turbulência nos mercados de dívida do Reino Unido, fez com que os rendimentos dos títulos do governo britânico atingissem o nível mais alto desde 2008. Os dados de inflação da zona do euro foram os últimos antes da próxima reunião do BCE, marcada para 30 de janeiro, quando a expectativa é de manutenção das taxas nos níveis atuais.
Oriente Médio: O Oriente Médio continua marcado por tensões, com Israel intensificando suas ofensivas na Faixa de Gaza para eliminar possíveis ameaças e pressionar o Hamas pela libertação de reféns. Nesta quarta-feira, Israel apresentou uma nova proposta de troca: um cessar-fogo permanente e a libertação de prisioneiros palestinos em troca de todos os reféns israelenses mantidos em Gaza. No setor de commodities, o petróleo registrou alta após cortes na oferta pela OPEP e pela Rússia. A produção do grupo caiu em dezembro, com a manutenção de campos nos Emirados Árabes Unidos compensando aumentos na Nigéria e em outros países.
Estados Unidos: A semana foi curta para os mercados norte-americanos devido ao feriado de quinta-feira em homenagem ao falecimento do ex-presidente Jimmy Carter. No entanto, o final da semana foi agitado para os investidores, com declarações de membros do Federal Reserve (Fed) indicando que o banco central provavelmente manterá as taxas de juros nos níveis atuais por um período prolongado, reduzindo-as novamente apenas quando a inflação apresentar uma queda significativa. Na sexta-feira, foi divulgado o relatório de empregos (payroll), revelando a criação de 256 mil vagas em dezembro, superando as expectativas e mostrando aceleração em relação a novembro. A taxa de desemprego caiu para 4,1%. Esses dados impulsionaram os rendimentos dos títulos públicos para o maior nível desde novembro de 2023 e fortaleceram o dólar, mas pressionaram as bolsas para baixo. Os investidores agora aguardam a reunião do Fed em 29 de janeiro, com expectativa de pausa no ciclo de cortes de juros. A posse de Donald Trump em 20 de janeiro adiciona incertezas, seja pela possível adoção de tarifas mais severas, seja pela recente inclusão de empresas chinesas na lista negra pelos Estados Unidos. Essa conjuntura política e econômica aumenta a instabilidade global, dificultando previsões e demandando maior cautela dos investidores.
Brasil: A semana no Brasil foi marcada por dados de fluxo de capital estrangeiro. Investidores retiraram R$ 439,008 milhões da B3 na última sessão de 2024, encerrando o ano com um fluxo negativo de R$ 32,108 bilhões. Apesar disso, o mês de dezembro teve entrada líquida de R$ 1,705 bilhão. O Ibovespa fechou estável (+0,01%), aos 120.283,40 pontos, acumulando perdas de 4,28% no mês e 10,36% no ano, com giro financeiro de R$ 17,6 bilhões. A saída de capital reflete questionamentos sobre a responsabilidade fiscal do governo e a sustentabilidade da dívida pública, além de uma forte saída de dólares, que levou o Banco Central a intervir no câmbio. Outro destaque foi a decisão da Meta de encerrar o programa de checagem de fatos no Brasil, substituindo-o por um sistema que depende de correções feitas pelos próprios usuários. A decisão foi criticada pelo presidente Lula, que defendeu que a comunicação digital seja responsabilizada por atos ilícitos, assim como a imprensa tradicional, em nome da soberania nacional.