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Resumo semanal: 10/02 a 14/02
Por Matheus Gomes de Souza, CEA
Ásia
Nesta semana, os mercados asiáticos acompanharam de perto os novos estímulos e a expansão do crédito na China. Em dezembro, os bancos chineses concederam 990 bilhões de yuans (US$ 135 bilhões) em novos empréstimos, um avanço significativo em relação aos 580 bilhões de yuans liberados em novembro. Esse aumento superou as expectativas do mercado, refletindo a flexibilização da política monetária por Pequim para enfrentar os desafios econômicos crescentes. Além disso, os mercados reagiram positivamente após o gabinete chinês anunciar medidas para impulsionar o consumo doméstico e atrair capital estrangeiro, fatores essenciais para a geração de empregos no país. O primeiro-ministro, Li Qiang, destacou a intenção de estimular os gastos da população por meio do crescimento da renda, mas não detalhou as estratégias para alcançar esse objetivo. O Conselho de Estado, por sua vez, informou que o governo ampliará os incentivos aos programas de troca e aumentará os investimentos nos setores cultural, esportivo e de turismo receptivo.
No cenário geopolítico, a China se ofereceu para sediar uma cúpula entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente russo, Vladimir Putin, com o objetivo de avançar nas negociações para o fim da guerra na Ucrânia. A proposta foi discutida por autoridades chinesas com a equipe de Trump por meio de intermediários, mas não incluiria o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na mesa de negociações.
Europa
Os destaques na Europa giraram em torno do PIB do Reino Unido e da inflação na Alemanha, a maior economia da Zona do Euro. No Reino Unido, a economia cresceu inesperadamente 0,1% no último trimestre de 2024, trazendo um leve alívio para a ministra das Finanças, Rachel Reeves. O crescimento foi impulsionado pelo setor de serviços, com destaque para atacadistas, distribuidores de filmes, pubs e bares, além da indústria farmacêutica e de máquinas. No entanto, a economia britânica ainda enfrenta desafios estruturais, como a queda de 3,2% nos investimentos empresariais e a estagnação nos gastos das famílias.
Na Alemanha, a taxa de inflação anual caiu para 2,3% em janeiro, frente aos 2,6% registrados em dezembro, conforme divulgado pelo Departamento Federal de Estatística (Destatis). O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) registrou uma queda mensal de 0,2%, enquanto o Índice Harmonizado de Preços ao Consumidor (IPCC), que exclui alimentos e energia, subiu 2,8% na comparação anual, mas caiu 0,2% na base mensal. Ambos os indicadores ficaram em linha com as projeções preliminares.
Em resposta à iniciativa chinesa de intermediar um acordo entre Rússia e EUA, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, declarou que não aceitará negociações sobre o futuro de seu país sem a participação da Ucrânia. Ele também defendeu a presença da Europa na mesa de discussões para um eventual desfecho do conflito.
Oriente Médio
O Oriente Médio seguiu marcado por tensões entre Israel e Hamas após trocas de acusações sobre o descumprimento de cláusulas do pacto de cessar-fogo. No início da semana, o Hamas suspendeu a liberação de reféns, alegando que Israel não estava cumprindo sua parte no acordo. No entanto, após reuniões no Cairo, capital do Egito, o grupo recuou e anunciou a liberação de três israelenses neste sábado.
No setor energético, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) manteve sua projeção de crescimento da demanda global por petróleo em 2025, estimando um aumento de 1,4 milhão de barris por dia (bpd). Caso a previsão se confirme, o consumo global atingirá 105,2 milhões de bpd neste ano. Para 2026, a Opep projeta um crescimento semelhante, elevando a demanda para 106,63 milhões de bpd. Nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o crescimento esperado é modesto, com um acréscimo de apenas 100 mil bpd por ano até 2026, enquanto fora da OCDE, a expansão será mais expressiva, chegando a 1,3 milhão de bpd anualmente.
Estados Unidos
Os Estados Unidos tiveram uma semana movimentada, marcada pela divulgação de dados econômicos e pelo impacto das novas tarifas comerciais anunciadas por Donald Trump.
O Índice de Preços ao Consumidor (CPI) subiu 0,5% em janeiro, acima das expectativas do mercado, que projetava alta de 0,3%. No acumulado de 12 meses, a inflação avançou para 3,0%, ante os 2,9% registrados em dezembro, reforçando a postura cautelosa do Federal Reserve sobre cortes nos juros. O Índice de Preços ao Produtor (PPI) também surpreendeu, subindo 0,4% no mês, enquanto o núcleo do PPI, que exclui itens voláteis como energia e alimentos, avançou 0,3%, dentro das previsões.
Por outro lado, os dados de atividade econômica vieram fracos. As vendas no varejo registraram uma queda de 0,9% em janeiro, a maior retração desde março de 2023, impactadas por quedas expressivas nas concessionárias de automóveis (-2,8%), lojas de roupas (-1,2%) e comércio eletrônico (-1,9%). A produção industrial também recuou 0,1%, pressionada por uma forte contração de 5,2% na fabricação de veículos e peças.
No comércio exterior, Trump anunciou tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio para os Estados Unidos, visando proteger setores estratégicos do país. A medida deve afetar diretamente o Brasil, além de Canadá e México. Além disso, Trump prometeu novas tarifas recíprocas contra países que impõem impostos sobre produtos norte-americanos.
Brasil
No Brasil, os destaques da semana foram os dados de inflação, o fluxo cambial e o impacto das tarifas de Trump sobre a economia nacional.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,16% em janeiro, registrando a menor taxa de inflação mensal para o período desde o início do Plano Real, em 1994. O resultado representou uma desaceleração em relação a dezembro (0,52%). No acumulado de 12 meses, a inflação foi de 4,56%, abaixo dos 4,83% registrados anteriormente.
No câmbio, o Brasil registrou um fluxo cambial negativo de US$ 350 milhões em fevereiro até o dia 7, puxado pela via comercial, segundo o Banco Central. No canal financeiro, que engloba investimentos estrangeiros diretos, aplicações em carteira e remessas de lucros, houve entradas líquidas de US$ 191 milhões no mesmo período.
Além disso, o setor agropecuário esteve no radar com os números de exportação de carne bovina e frango, que continuam representando uma parcela significativa do comércio exterior brasileiro.