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Resumo semanal: 17/02 a 21/02
Por Matheus Gomes de Souza, CEA
Europa
Os mercados europeus encerraram a semana de forma mista, refletindo dados econômicos divergentes na zona do euro e um desempenho surpreendente do varejo no Reino Unido. O FTSE 100, de Londres, avançou 0,04%, enquanto o DAX, de Frankfurt, recuou 0,23%, e o CAC 40, de Paris, subiu 0,39%. Em Lisboa, o PSI 20 teve alta de 0,85%, enquanto o FTSE MIB, de Milão, liderou os ganhos com avanço de 1,17%. Os PMIs europeus mostraram sinais de recuperação, mas a persistência da inflação pode limitar os cortes de juros pelo BCE. O Reino Unido surpreendeu com um aumento de 1,7% nas vendas do varejo em janeiro, superando as expectativas do mercado e impulsionando ações do setor financeiro e de consumo.
Na Alemanha, a atividade industrial acelerou, mas foi ofuscada por dados fracos da França, o que pesou no índice da zona do euro. Bancos britânicos, como Natwest e Standard Chartered, registraram altas superiores a 3% com perspectivas otimistas para o setor financeiro. Já na Espanha, o Ibex 35 perdeu o patamar dos 13.000 pontos, refletindo um ambiente mais cauteloso entre os investidores. Com a incerteza sobre a política monetária do BCE e a inflação ainda pressionada, o mercado europeu pode continuar oscilando entre otimismo e preocupação nas próximas semanas.
Ásia
Os mercados asiáticos fecharam a sexta-feira com forte alta, impulsionados pelo bom desempenho do setor de tecnologia. A Alibaba e a Lenovo surpreenderam com resultados trimestrais robustos, levando as ações a dispararem 15% cada. O Hang Seng, de Hong Kong, subiu 3,99%, atingindo seu maior nível em três anos, enquanto o Xangai Composto avançou 0,85% e o Shenzhen Composto, 1,56%. No Japão, o Nikkei registrou alta modesta de 0,26%, mas a Nissan se destacou com valorização de 9,47%, após rumores de uma parceria estratégica com a Tesla. Na Coreia do Sul, o Kospi teve leve alta de 0,02%, enquanto o Taiex, de Taiwan, avançou 1,03%.
A inflação no Japão subiu para 4% em janeiro, aumentando as expectativas de um ajuste na política monetária do Banco do Japão, o que levou a uma valorização do iene em 0,15%. No entanto, essa perspectiva também gerou cautela entre investidores, que avaliam o impacto dos juros mais altos sobre o consumo. Na Oceania, a bolsa australiana destoou do restante da região e caiu pelo quinto pregão consecutivo, com o S&P/ASX 200 recuando 0,32%, pressionado pelo setor financeiro. Apesar do avanço na Ásia, a volatilidade segue alta, e os mercados permanecem atentos a novos estímulos por parte do governo chinês.
Oriente Médio
As tensões no Oriente Médio aumentaram após um erro na liberação dos corpos de reféns israelenses, o que comprometeu a frágil negociação de cessar-fogo em Gaza. O Hamas havia prometido entregar os corpos de Shiri Bibas e seus dois filhos, além de um quarto refém, mas a identificação incorreta gerou um impasse diplomático. O grupo alega que os bombardeios israelenses misturaram corpos de reféns e palestinos, dificultando a identificação, enquanto Israel acusa o Hamas de má-fé. Esse incidente elevou o risco de uma nova escalada militar, com possíveis impactos no fornecimento global de energia e no comércio internacional.
No setor energético, há especulações de que a Opep+ possa adiar o aumento da oferta de petróleo inicialmente previsto para abril, diante da volatilidade dos preços e das incertezas no mercado. O barril do Brent oscilou entre US$ 77 e US$ 81 ao longo da semana, refletindo tanto as tensões geopolíticas quanto os temores de desaceleração econômica global. Além disso, países do Golfo seguem pressionando por políticas de estabilização de preços, enquanto os Estados Unidos avaliam novas sanções contra o Irã, o que pode impactar ainda mais o equilíbrio da oferta mundial.
Estados Unidos
A ata da última reunião do Fed trouxe mais incerteza sobre a trajetória da inflação nos Estados Unidos, destacando riscos de alta associados a mudanças na política comercial e de imigração, além de potenciais choques geopolíticos que podem afetar as cadeias de suprimentos. Os dirigentes do Fed indicaram que o ritmo da desinflação desacelerou no último ano, justificando uma postura mais cautelosa na política monetária. Os juros foram mantidos entre 4,25% e 4,50%, e não há projeções de cortes significativos para 2025. O cenário de incerteza impactou os mercados, com oscilações nas bolsas e nos rendimentos dos Treasuries.
Na política, Donald Trump anunciou a imposição de tarifas de 10% sobre todas as importações chinesas, mas sinalizou disposição para renegociar um novo acordo comercial com Pequim. O ex-presidente também afirmou ter conversado com Vladimir Putin, defendendo o início imediato de negociações para um cessar-fogo na Ucrânia. No comércio internacional, a União Europeia demonstrou interesse em reduzir tarifas sobre bens industriais e aumentar as compras de produtos dos EUA, em busca de um acordo que beneficie ambos os blocos. O mercado segue atento a possíveis impactos dessas movimentações na economia global.
Brasil
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), uma prévia do PIB, indicou crescimento de 3,8% em 2024, mas mostrou desaceleração no último trimestre, com queda de 0,7% entre novembro e dezembro. O crescimento econômico tende a perder força ao longo de 2025, diante da alta da inflação e de condições financeiras mais restritivas. As projeções para o PIB de 2025 foram reduzidas para 2%, abaixo dos 3,5% registrados no ano anterior. O mercado de trabalho ainda se mantém resiliente, mas há preocupações com a capacidade de manutenção da atividade econômica no longo prazo.
No setor energético, o Brasil anunciou sua participação no Fórum de Discussão da Opep+, sem adesão formal ao cartel, mas com foco em contribuir para debates sobre a transição energética e descarbonização. O ministro Alexandre Silveira destacou o potencial dos biocombustíveis como alternativa para reduzir a dependência de combustíveis fósseis. No entanto, a decisão gerou debates internos sobre os impactos dessa associação para a política energética brasileira e a competitividade do setor. O governo também estuda medidas para manter o equilíbrio entre a matriz energética limpa e a exploração de novas reservas de petróleo.