Economia
Ata do Copom reflete coesão dentro do BC, diz Galípolo
Em entrevista realizada após a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), Gabriel Galípolo, diretor de política monetária do Banco Central, forneceu detalhes sobre a decisão de manter a taxa básica de juros, a Selic, inalterada em 10,5% ao ano. A decisão reflete a coesão dentro do Banco Central, conforme destacado por Galípolo.
Galípolo enfatizou que qualquer declaração sua que divergir da ata deve ser interpretada como um deslize. Segundo ele, a ata menciona claramente uma interrupção e não faz previsões futuras. Ele ressaltou que a desancoragem das expectativas de inflação, ou a reancoragem parcial, já era uma preocupação dos diretores, mas não foi o único fator para a decisão de interromper os cortes na taxa de juros.
O diretor também mencionou o relatório Focus, explicando que o Banco Central utiliza essas informações, junto com outros elementos como o câmbio, para fundamentar suas decisões. “Cabe ao poder eleito definir a meta de inflação e ao BC criar as condições para atingi-la,” disse Galípolo, destacando a importância da transparência do Banco Central em relação ao mercado sobre os fatores considerados nas decisões.
Ele também comentou que, além das expectativas de inflação, houve uma mudança no cenário econômico que influenciou a decisão do Copom. Galípolo destacou que, neste momento, todos os diretores estão incomodados com a desancoragem das expectativas, mas que outros fatores também foram levados em conta. “Não queremos oferecer qualquer tipo de guidance sobre o futuro, conforme está no comunicado,” acrescentou.
O diretor ainda abordou a questão da inflação de serviços, afirmando que será um tema discutido no relatório de inflação trimestral. Ele observou que, com um mercado de trabalho mais apertado, o processo de desinflação pode ser mais lento. Galípolo finalizou dizendo que a função do Banco Central é ser cauteloso e não tomar riscos desnecessários para alcançar a meta de inflação.