Economia
B20 Brasil: CEO da JBS defende protagonismo do país na transição do sistema alimentar
[10/09/24] Da Redação do Bom Dia Mercado
O Brasil, como país-sede da cúpula dos 20 maiores países do mundo (G20), se posiciona como protagonista na transformação do sistema alimentar global em direção a um modelo resiliente e sustentável. Essa avaliação foi feita por Gilberto Tomazoni, CEO Global da JBS e líder da força-tarefa de Agricultura e Sistemas Alimentares Sustentáveis do B20 Brasil, em entrevista ao Broadcast Agro.
Tomazoni destacou que o Brasil está preparado para assumir uma liderança significativa em áreas como transição energética, segurança alimentar e sustentabilidade. Ele ressaltou a importância de tratar as questões climáticas de maneira globalizada e conjunta, dado que “a questão climática que enfrentamos não olha fronteiras”.
O executivo alertou que será necessário um investimento substancial, entre US$ 300 bilhões e US$ 350 bilhões por ano até 2030, para transformar os sistemas alimentares globalmente. Isso demanda um aumento de 15 vezes no investimento ao longo da próxima década para cobrir os custos da transição na agropecuária. “Não existe uma solução única. O mundo precisa produzir mais alimentos com menor expansão de área, usando métodos sustentáveis que promovam justiça social”, afirmou.
Tomazoni enfatizou que cada país deve encontrar sua própria estratégia para essa transição, mas admitiu que as barreiras são diversas, incluindo desafios tecnológicos, econômicos e comerciais. Ele destacou que atualmente, apenas 4% do financiamento climático global é destinado a sistemas alimentares e agricultura, colocando a necessidade de direcionar mais recursos nesse setor como uma prioridade.
O CEO da JBS também defendeu que o financiamento de uma agricultura regenerativa e resiliente deve se basear no pagamento por serviços ambientais (PSA). “É crucial encontrar formas de mensurar e garantir a segurança neste mercado e promover a vontade política para implementação”, disse.
No cenário local, Tomazoni veja iniciativas como o desconto em juros para financiamentos a produtores que adotam boas práticas sustentáveis como passos positivos. Ele ressaltou ainda que o Brasil possui potencial para produzir muito sem abrir novas áreas, enfatizando programas como a agricultura de baixo carbono.
Para alcançar as metas necessárias, Tomazoni acredita que é fundamental acelerar a produtividade e incluir pequenos produtores no acesso a tecnologias que aumentem seus rendimentos. “A produtividade do sistema alimentar mundial cresceu 150% entre 1961 e 2009, enquanto a área agricultável aumentou apenas 12%. Precisamos democratizar a pesquisa e a tecnologia agropecuária”, afirmou.
Ao final, Tomazoni ressaltou que os governos têm um papel imprescindível na configuração de políticas de transição para o sistema agroalimentar. As propostas do B20 Brasil, rodeadas por lideranças empresariais de mais de 20 países e 14 setores, foram entregues ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e serão apresentadas durante as discussões sobre agricultura na cúpula do G20.