Economia
Mercado se divide sobre decisão do Copom sobre a Selic na próxima quarta
[17/06/24] Da Redação do Bom Dia Mercado
A próxima decisão sobre a taxa básica de juros no Brasil ocorre na próxima quarta-feira, quando o Comitê de política monetária (Copom) escolherá qual será o patamar da Selic. Com o próximo encontro sendo aguardado com ansiedade, agentes do mercado se dividem sobre qual será a escolha dos diretores do Banco Central.
Na última reunião, que ocorreu entre os dias 7 e 8 de meio e optou por reduzir o ritmo de cortes em 0,25 ponto percentual, para 10,50%, houve divergência entre os membros do Copom. Os quatro diretores indicados pelo atual governo, que foram voto vencido, optaram por redução de 0,50 pp como indicação de seguir o “guidance”, ou projeção, dada na reunião anterior.
Apesar da diferença nos votos, tanto o comunicado quanto a ata mostraram uma mensagem mais dura, principalmente em relação às incertezas no exterior e à desancoragem na expectativa de inflação.
Cortes de 0,25 pp no Copom
Para o Bank of America, ainda há espaço para realizar um novo corte de 0,25 pp no encontro de quarta, com justificativa de que as condições financeiras continuam apertadas.
Para os economistas do banco americano, é importante que a decisão no próximo Copom seja unânime, o que ajudaria o BC a recuperar credibilidade. Esse seria a última redução esperada pelo BofA, que projeta a Selic em 10,25% neste ano.
O Fitch também vê a possibilidade de uma redução de 0,25 pp no Copom desta semana e projetou a taxa de juros doméstica em 10,25% em 2024. Para 2025, a Selic deve recuar para 9,5% e chegar a 8,5% em 2026.
Manutenção da Selic
Apesar das previsões de corte nos juros, também há analistas apostando no encerramento do ciclo de flexibilização monetária do BC. Para o Barclays, a Selic deve se manter no atual patamar de 10,50% até o fim do ano, indicando que o Copom não fará alterações nesta semana.
O banco britânico argumenta que a desancoragem das expectativas de inflação e as dúvidas do mercado sobre o comprometimento da futura diretoria do BC com a meta de inflação justificam uma manutenção dos juros. Além disso, o aumento da incerteza fiscal e a piora dos ativos domésticos, especialmente o real, também devem elevar a cautela do BC.
Para os agentes do mercado aqui no Brasil, a expectativa é de manutenção da Selic, conforme mostrou o Boletim Focus nesta segunda-feira. Segundo o relatório do BC, a expectativa para os juros em 2024 subiu de 10,25% para 10,50%.
A projeção para 2025 também subiu, de 9,25% para 9,50%. Já a estimativa de 2026 permaneceu em 9,00%.
Importância da decisão unânime no Copom
Assim como destacou o BofA, a votação do próximo Copom precisa ser unânime para afastar os receios sobre um BC leniente com a inflação em 2025, quando termina o mandato de Roberto Campos Neto no comando da autarquia.
Segundo economistas ouvidos pela Bloomberg, os investidores agora se preocupam com o risco de repetição do cenário observado sob a presidência de Dilma, quando uma sequência de cortes de juros resultou em estimativas de inflação acima da meta.
“É a primeira vez desde a eleição do Lula que usar a palavra crise faz sentido, e o BC tem culpa”, acredita o ex-diretor de assuntos internacionais do BC, Tony Volpon, embora ele duvide que o Copom tenha que aumentar os juros.
“Ainda é possível vencer esta batalha sem aumentar as taxas de juro”, disse o ex-diretor de política monetária, Reinaldo Le Grazie, que destacou que as decisões unânimes sobre as taxas fortalecem a política monetária aos olhos dos mercados. “Mas está se tornando mais difícil fazer isso.”