Juros
Copom mostra maior cautela, mas deve manter objetivo final para Selic com ritmo mais lento
O economista-chefe do PicPay, Marco Caruso, analisou a decisão do Copom e avalia que o Comitê trouxe poucas mudanças no comunicado, mas relevantes. A principal delas foi a sinalização sobre os próximos passos. O Comitê optou por retirar o plural nas indicações sobre cortes de mesma magnitude. O comunicado destaca que antevê, em se confirmando o cenário esperado, uma redução de meio ponto percentual na próxima reunião, e não mais nas próximas. A mudança se deu em função de três pontos mencionados no comunicado: o aumento da incerteza lá fora, sobre quando a inflação de fato vai ceder de forma consistente; o aumento da incerteza doméstica, que foi incluído na parte de balanços de riscos sem maiores detalhes. “Na ata vamos entender melhor essa incerteza”, afirmou.
O terceiro ponto é que o comunicado também cita que, em função dessa elevação da incerteza, o ideal seria ter uma maior flexibilidade. “É interessante notar que, mesmo em relação a esse guidance, há um elemento mais importante, que dá um sentido mais hawkish: quando o Copom pontua que prevê essa redução de mesma magnitude na próxima reunião, é acrescentado um condicional, com a adição da frase ‘em se confirmando o cenário esperado’. Isso reforça uma cautela”, afirma Caruso. Outro ponto de destaque no comunicado, segundo ele, é o fato de Comitê avaliar que o cenário base não se alterou substancialmente. “A leitura aqui é que o Copom ainda imagina o mesmo ponto final para a Selic. Ainda assim, talvez valha a pena contemplar essa possibilidade de chegar neste ponto final numa velocidade menor, ou seja, com cortes de menor magnitude.”