Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[25/10/2023]

… Na semana das big techs em NY, o balanço da Microsoft impulsionou a ação no after hours, enquanto o resultado de Alphabet (Google) frustrou. Hoje tem Meta e IBM, após o fechamento. Tem também Lagarde (14h) e Powell no final da tarde (17h45), mas nem um nem outro deve falar sobre política monetária, na véspera do BCE (amanhã) e do Fed (dia 1º/11). Aqui, com a agenda econômica avançando no Congresso, há espaço para otimismo, mas as coisas estão mais difíceis do que pode parecer. O impacto da desoneração da folha, que o Senado deve aprovar hoje, equivale à arrecadação estimada com a taxação dos fundos exclusivos e offshore (cerca de R$ 20 bilhões/ano). Já para ganhar apoio à reforma tributária, o governo teve que ceder aos Estados e aumentar o Fundo de Desenvolvimento Regional.

… Segundo apurou o Estadão, o FDR deverá ter um aporte adicional de R$ 20 bilhões de forma gradual ao longo de dez anos, chegando a R$ 60 bilhões/ano em 2033. O valor deve ser revelado hoje pelo relator, senador Eduardo Braga (MDB), em entrevista às 11h.

… Reportagem do jornal apurou que a fonte de financiamento para essa despesa da União segue indefinida.

… À frente das negociações, Fernando Haddad não quis revelar o novo Fundo, mas disse que ele tem “robustez necessária” para que a reforma tributária seja aprovada daqui a 15 dias no Senado. “Até o senador Eduardo Braga ficou positivamente surpreso.”

… A proposta aprovada na Câmara previa aportes que iniciavam em R$ 8 bilhões em 2029, até chegar a R$ 40 bilhões em 2033. Com mais força no Senado, os Estados esperaram a hora certa para pedir de R$ 75 bilhões a R$ 80 bilhões.

… O Fundo vai financiar os investimentos de Estados e municípios para compensar o fim da concessão de benefícios com ICMS e ISS.

… Dizendo estar “muito alinhado” com a pauta econômica, Rodrigo Pacheco anunciou que a votação do relatório da reforma tributária na CCJ e no plenário do Senado deve acontecer em novembro. Ele também prometeu prioridade para a taxação dos fundos.

… Mas, na Câmara, ainda não está certa a votação do projeto que tributa os fundos exclusivos e offshore, porque o clima não está bom.

… Segundo bastidores apurados pelo Broadcast Político, as queixas de parlamentares sobre demora do Executivo em avançar na execução de emendas e nomear seus aliados para cargos na máquina pública voltaram à tona e têm atrasado as votações.

… Foi o que aconteceu ontem, quando Lira adiou a reunião de líderes que ocorre toda terça-feira e define a pauta de votações da semana, frustrando a expectativa de que o projeto de taxação de fundos seria apreciado em plenário, nesta 3ªF, 24.

… Na avaliação de líderes partidários, o atraso é mais um recado de insatisfação política com o governo, em um momento complicado para o ministério da Fazenda, que se movimenta para turbinar a agenda de projetos com ganho de arrecadação.

… Além disso, ainda não há consenso sobre a matéria. Segundo o relator, deputado Pedro Paulo (PSD), há três pontos que continuam em negociação. Um deles é igualar a taxação dos rendimentos futuros das offshores à dos fundos exclusivos.

… Pela versão atual, os fundos exclusivos seriam tributados com uma alíquota de 15% sobre os ganhos de longo prazo e 20% de sobre os de curto prazo. Já os fundos no exterior teriam tributação que pode chegar a 22,5% para estoques acima de R$ 50 mil.

… Nesta 3ªF, o relator admitiu que poderia aumentar de 6% para 8% a alíquota para a atualização dos ganhos dos fundos offshore.

… Outro ponto controverso é o número mínimo de cotistas para que possa ser formado um Fiagro, que é isento de IR. O governo havia proposto aumentar o piso de 50 para 500 cotistas, o relator reduziu para 300 e os ruralistas querem menos ainda.

… Relator do projeto da LDO/2024, o deputado Danilo Forte (União-CE) deu outro sinal de dificuldades na Câmara, dizendo que será difícil o Congresso concluir este ano a votação do projeto sobre subvenção fiscal, que substitui a MP editada em agosto.

… Ele contou que, em reunião com governadores do Nordeste, nesta 3ªF, Haddad compartilhou sua preocupação com a aprovação desse projeto, que responde por R$ 35,3 bilhões dos R$ 168 bilhões do pacote construído para elevar as receitas em 2024.

COM VETO – Lula sancionou o PLP 136, que trata do acordo feito pelo governo Bolsonaro com os Estados para compensar perdas com a arrecadação do ICMS no ano passado, com veto ao trecho que criaria nova obrigação para a União.

… O trecho vetado obrigaria a União a compensar municípios caso Estados não fizessem os repasses devidos relativos à nova receita ou enviassem recursos dessa fonte para o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e serviços de saúde.

… Além da compensação de R$ 27 bilhões da União para os Estados, o projeto prevê uma antecipação de R$ 10 bilhões e repasses extras de R$ 2,3 bilhões ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e de R$ 1,6 bilhão para o Fundo de Participação dos Estados (FPE).

PRECATÓRIOS – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, espera que o ministro Luiz Fux apresente na próxima semana uma solução em torno da ação no STF que questiona a emenda constitucional que alterou as regras de pagamento de precatórios.

GENTE CONHECIDA – Depois de antecipar a Rodrigo Pacheco os novos indicados do governo para o BC, ontem Haddad deu os nomes para Campos Neto. Mas não quis revelar nada aos jornalistas. “Não tem surpresa, é gente conhecida, com experiência na área.”

MAIS AGENDA – O dia começa com a prévia do IPC-Fipe (5h). Às 14h30, o Tesouro divulga o relatório da dívida de setembro, que será comentado pelo coordenador de Operações da Dívida Pública, Roberto Lobarinhas, às 15h.

… Devido à mobilização dos servidores do BC, os dados semanais do fluxo cambial só sairão amanhã.

… Entre os balanços, além de Santander, saem antes da abertura os números da Klabin e da Weg.

… Lula convocou a presidente da CEF, Rita Serrano, para uma reunião ao meio-dia no Planalto. Apesar de ela estar resistindo há alguns meses no cargo, a sua cadeira está prometida ao Centrão desde o recesso parlamentar.

LÁ FORA – Saem o índice Ifo alemão, de sentimento das empresas em outubro (5h), as vendas de moradias novas nos EUA em setembro (11h) e os estoques de petróleo do DoE (11h30). O BC do Canadá decide juro às 11h.

AFTER HOURS – Microsoft disparou quase 4% após o balanço, mas a Alphabet, controladora do Google, mergulhou 6%, com os investidores decepcionados com a receita na computação em nuvem (US$ 8,411 bilhões) no 3Tri.

GUERRA – Em meio ao conflito entre Israel-Hamas e a uma onda de ataques às forças dos EUA por milícias apoiadas pelo Irã, o governo de Washington advertiu que reagirá “rápida e decisivamente” contra Teerã se a ofensiva persistir.

DESCONTA RISCOS – A polêmica em torno da proposta de mudanças no estatuto social da Petrobras foi deixada momentaneamente de lado nesta 3ªF e o anúncio de novos estímulos governamentais na China puxou Vale.

… Além disso, a acomodação dos juros dos Treasuries lá fora e os sinais de que as pautas de arrecadação do governo para zerar o déficit estão ganhando ritmo no Congresso reaproximaram o Ibovespa dos 114 mil pontos.

… O índice à vista fechou com alta de 0,87%, aos 113.761,90 pontos, mas manteve a rotina de giros fracos (R$ 20 bi).

… O salto de quase 4% do minério, depois de Pequim ter anunciado a emissão de 1 trilhão de yuans em títulos do Tesouro para estimular a economia chinesa, deu impulso importante aos papéis da Vale (ON, +2,29%, a R$ 63,99).

… No day after do tombo de mais 6%, as ações da Petrobras (ON, +1,54%, a R$ 38,94; e PN, +1,50%, a R$ 35,88) testaram uma recuperação parcial, ignorando a queda do petróleo Brent para janeiro (-1,75%) para US$ 87,16.

… Sem uma escalada no conflito Israel-Hamas, o barril fechou em baixa pela terceira sessão consecutiva. Além disso, a força do dólar no exterior e atividade econômica fraca na Europa contribuíram para roubar o fôlego da commodity.

… O senador Alessandro Vieira (MDB) acionou a CVM para barrar eventuais nomeações na Petrobras que batam de frente com a Lei das Estatais, até que o STF julgue a decisão de Lewandowski que suspendeu restrições da legislação.

… Até a decisão monocrática tomada pelo ex-ministro do Supremo, estava proibida a indicação para as estatais de nomes de ministros de Estado, funcionários com cargo de confiança e representantes de partidos políticos.

… Representante dos empregados no Conselho de Administração da Petrobras, Rosângela Buzanelli, criticou nesta 3ªF a leitura negativa do mercado financeiro em relação à proposta de mudanças no estatuto social da companhia.

… “Dizer que a governança está ameaçada é infundado e pode ser motivado por falta de informação ou má-fé.”

DIVIDENDOS – Também a proposta da Petrobras de criação de reserva de remuneração de capital segue no radar.

… O diretor Financeiro e de RI da estatal, Sergio Caetano Leite, afirmou ao Broadcast que a reserva foi criada para equalização do pagamento de dividendos e que não muda a decisão de pagar ou não os proventos extraordinários.

… No Valor, setores do governo envolvidos na discussão argumentam que a medida tem o objetivo de dar mais segurança financeira à empresa e que o recurso pode ser importante em um cenário de maior investimento.

… CEO da plataforma Meu Dividendo, Wendell Finotti, disse que, se a Petrobras aprovar em assembleia, em novembro, a criação de uma reserva de remuneração de capital, o valor distribuído aos acionistas pode cair.

… Na prática, explicou ao Broadcast, a medida pode limitar o quanto do caixa é distribuído como dividendos.

… “Em momentos de incerteza, as empresas preferem manter recursos em caixa. E estamos passando por várias turbulências, econômicas, políticas, duas guerras em andamento, inflação”, ressaltou o executivo.

… Para ele, preocupa mais a questão de governança na Petrobras, por conta da medida que abre as portas para indicações políticas, do que a redução dos pagamentos de dividendos em si, estratégia que já vem acontecendo.

… A estatal distribuiu 76% do lucro no ano passado. Este ano, o porcentual caiu para 53% até o final do 2Tri.

… Além de as blue chips das commodities terem sido determinantes ontem para interromper a sequência de cinco quedas no Ibovespa, também o bom desempenho do Santander (+2,54%), na véspera do balanço, ganhou destaque.

… Já o restante do setor financeiro teve performance apagada. Bradesco PN (R$ 14,18) e Itaú (R$ 26,99) fecharam estáveis, Bradesco ON registrou valorização discreta de 0,24%, a R$ 12,49, e BB ON caiu 0,47%, para R$ 49,04.

… Estendendo o rali da véspera (+9,20%), CVC (+5,49%) voltou a liderar o ranking de altas do Ibovespa.

… Já no campo negativo, Magazine Luiza afundou 6,62%, para R$ 1,41, na menor cotação de sua história. Luiza Trajano afirmou que a empresa está “apanhando muito na bolsa”, porque “sempre acreditou em loja física”.

INFINITO ENQUANTO DURE – Pela primeira vez em praticamente um mês, o dólar furou o suporte psicológico de R$ 5,00 e completou o seu quarto pregão em queda, na sequência de alívio que envolve fatores internos e externos.

… O investidor respira mais aliviado com a acomodação dos juros dos Treasuries, após a explosão às máximas em 17 anos. O real e outras moedas de países produtores de commodities também viram ontem a China com bons olhos.  

… O plano de Pequim de garantir bilhões de dólares para os governos locais investirem em infraestrutura, que bombou o minério, ajudou o dólar por aqui a descolar da pressão em escala global e cair 0,46%, a R$ 4,9937.

… No câmbio futuro, o contrato da moeda americana para novembro caiu 0,47%, para R$ 4,9970. O mercado também operou mais disposto ao risco, na expectativa de avanço da agenda fiscal do governo no Congresso.

… A esperança de que o cronograma econômico deslanche também ajudou a tirar prêmio de risco da curva do DI, que contou ainda com a descompressão do dólar abaixo do piso de R$ 5,00 e da terceira queda seguida do petróleo.

… O juro para jan/24 ficou de lado, a 12,126% (de 12,123% na véspera); jan/25 caiu a 10,935% (de 11,041%); jan/26, 10,805% (de 10,972%); jan/27, 10,980% (de 11,163%); jan/29, 11,400% (de 11,586%); e jan/31, 11,610% (11,804%).

O GIGANTE ADORMECIDO – Quando nada mais parecia segurar o frenesi das taxas dos Treasuries, o posicionamento do mega player Bill Ackman (gestor da Pershing Square) está dando um jeito de manter os retornos comportados.

… Os yields têm respeitado a decisão do investidor bilionário americano de se desfazer das apostas contra os títulos do Tesouro, projetando procura crescente pelos Treasuries como porto seguro, em meio aos riscos à economia.

… O rendimento da Note-10 anos, que esta semana ultrapassou 5% no intraday, está agora em 4,819%, contra 4,842% um dia antes. O T-Bond de 30 anos também já está pagando menos ao investidor: 4,935%, de 5,003%.

… Se esta trégua será ou não de curta duração é o que ainda se verá. Enquanto isso, é curtir o alívio (temporário?).

… A Bloomberg informou ontem que o déficit federal dos EUA dobrou em um ano, para US$ 2,02 trilhões no calendário fiscal que terminou em setembro, o que ajuda a explicar a recente escalada dos juros dos Treasuries.

… O governo tem precisado emitir cada vez mais dívida para cobrir a defasagem entre as receitas e os gastos.

… Sem a escolha até agora do novo presidente da Câmara, os EUA continuam vivendo sob o impasse da crise política, que recoloca no radar o risco de shutdown e adia a aprovação do novo orçamento e financiamento para as guerras.

… Horas depois de ter sido indicado pelos republicanos para presidir a Câmara, o deputado Tom Emmer renunciou.

… As taxas dos Treasuries mais longos chegaram a subir de forma momentânea ontem, sustentadas pelo PMI composto dos EUA em outubro (51) acima de setembro (50,2) e da previsão dos analistas de mercado, de 50.

… Mas o movimento não perdurou e os juros voltaram a cair no início da tarde, para o alívio geral do mercado.

… O PMI composto forte dos EUA contrastou com o mesmo dado fraco na zona do euro, que caiu de 47,2 em setembro para 46,5 pontos em outubro, menor nível em 35 meses, sinalizando abordagem dovish do BCE amanhã.

… O que se comenta no mercado é que outra alta de juro pelo comitê de Lagarde não será necessária na reunião de política monetária desta 5ªF, apesar de o BC europeu se ver envolvido atualmente no desafio de uma estagflação.

… O esfriamento da atividade no bloco derrubou ontem o euro (-0,72%, a US$ 1,0594) e também a libra esterlina (-0,70%, a US$ 1,2165), dando impulso ao índice DXY (+0,70%, aos 106,270 pontos). O iene caiu 0,12%, a 149,90/US$.

… Em Wall Street, as bolsas anteciparam balanços fortes das gigantes de tecnologia. O Dow Jones fechou em alta de 0,62%, em 33.141,38 pontos; o S&P 500 subiu 0,73%, a 4.247,68 pontos; e o Nasdaq avançou 0,93% (13.139,87 pts).

EM TEMPO… Pacheco leu na noite de ontem o pedido de instalação da CPI da BRASKEM para investigar a responsabilidade jurídica e socioambiental da companhia na tragédia ambiental em Alagoas…

… O próximo passo é a indicação pelos líderes partidários dos integrantes da comissão, que só então será instalada.

CASAS BAHIA vai propor grupamento de ações na proporção de 25 para 1 na AGE convocada para 16/11.

CARREFOUR. Vendas consolidadas somaram R$ 28,2 bilhões no 3TRI, queda de 3,9% na comparação anual.

ROMI registrou lucro líquido de R$ 44,4 milhões no 3TRI, queda de 31,4% na comparação anual; Ebitda somou R$ 55,7 milhões, recuo de 39,4% em relação ao mesmo período de 2023.

EQUATORIAL. Volume de energia distribuída aumentou 6,8% no 3TRI ante mesmo período de 2022, para 16.893 GWh; montante injetado na rede cresceu 4,6% na mesma base de comparação, para 15.877 GWh.

COPEL. Consumo de energia no mercado fio cresceu 3,4% no 3TRI na comparação anual, para 8.195 GWh…

… De janeiro a setembro, consumo de energia no mercado fio totalizou 23.756 GWh, redução de 0,1% em relação ao mesmo período de 2022.

ENERGISA. Squadra Investimentos atingiu, de forma agregada, participação de 15.760.446 de units da companhia, representando 5,09% do total de ações PN.

RAÍZEN. Nuveen passou a deter 5,64% do total de ações PN da companhia, o equivalente a 76.663.469 de papéis do tipo…

… Volume de vendas de açúcar subiu 70,1% no 2TRI do ano-safra 23/24 ante 1TRI 23/24, para 3,266 milhões de toneladas; volume de vendas de etanol aumentou 30,6% na mesma base de comparação, para 1,403 bilhão.

WEG informou que, por meio da controlada indireta WEG Germany GmbH, adquiriu participação minoritária equivalente a 45% do capital social da Bewind GmbH; valor da operação não foi divulgado.

DIRECIONAL. Citi elevou recomendação da ação da construtora de neutra para compra, com preço-alvo de R$ 22…

… Banco considera que próximas métricas operacionais da companhia possam ser mais consistentes e até superar dados da MRV, que teve preço-alvo reduzido de R$ 17 para R$ 11.

GAFISA. Acionista Pedro Cardoso Novellino passou a deter 4,1 milhões de ações, representativas de 6,5% do capital social da empresa.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

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