Morning Call

Agenda tem Galípolo e dados nos EUA

Atualizado 21/08/2024 às 23:54:19

https://www.bomdiamercado.com.br/wp-content/uploads/2024/02/MC7-scaled.jpg

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[22/08/24]

… Dia cheio por aqui começa com os dados de arrecadação federal de julho (10h30) e, depois, o mercado tem para acompanhar a agenda do BC. Guillen participa de evento da PUC-Rio (11h), Galípolo faz palestras em congressos da Fenabrave (14h30) e FGV (17h00), e Campos Neto participa à noite (21h) do primeiro dia do Simpósio de Jackson Hole. Na véspera da fala de Powell por lá, indicadores nos EUA calibram as expectativas. Destaque para a leitura preliminar de agosto do PMI/S&P Global composto (10h45), que também será divulgado na Europa (junto com a ata do BCE), e para o auxílio-desemprego (9h30), um dia depois de a ata dovish do Fed e a revisão dos dados do payroll terem recuperado apostas de que o ciclo de queda do juro nos EUA pode começar com corte maior (50pbs).

… Esta não é ainda a expectativa majoritária no mercado, mas pode virar, dependendo do tom que Powell assumir amanhã e, particularmente, de como vier o payroll de agosto, diante da cautela explícita do Fed com o emprego.

… A ata mostrou ontem que o BC americano está satisfeito com o progresso no combate à inflação, mas que redirecionou o seu foco de preocupação para o ritmo acentuado de desaceleração do mercado de trabalho.

… O documento revelou que alguns membros do Fed chegaram até mesmo a defender um corte antecipado do juro no último encontro (em julho), indicando que dificilmente o relaxamento monetário deve passar da próxima reunião.

… Parece ser agora questão só de quanto, não de quando. Quem ainda projeta redução de 25pbs, reconhece que a eventual deterioração do emprego no relatório oficial de agosto ampliaria a chance do corte mais agressivo (50pbs).

… Também subiu a chance de o juro cair mais no ano (125pbs), embora a perspectiva de 100pbs continue ganhando.

… A fraqueza observada na revisão dos dados do payroll na base anualizada até março, que veio perto da estimativa mais pessimista (abaixo), também ajudou a manter em cena a chance de maior flexibilização monetária nos EUA.

… Mas a vantagem foi que os números, por piores que tenham vindo, não assustaram a ponto de resgatar o pânico de recessão. Para a consultoria Capital Economics, os dados ainda mostram crescimento “saudável” do emprego.

… Hoje, o auxílio-desemprego tem expectativa de alta de quatro mil pedidos, para 231 mil.

… Embora a inclinação dovish para o Fed tenha derrubado para a mínima do ano ontem o índice DXY, que mede a força do dólar, por aqui, o dólar continuou rondando R$ 5,50. Já o Ibov teve um novo recorde para chamar de seu.

… Será importante conferir a interpretação que o mercado fará hoje dos comentários de Galípolo, que pareceu mais brando na última fala, de que “não há guidance” para o Copom, embora admita que uma alta da Selic está na mesa.

CONGRESSO X STF – Depois de o Supremo ter anunciado o acordo com o governo e os congressistas para manter tudo mais ou menos como estava no pagamento das emendas, a Câmara sinalizou um recuo estratégico.

… A PEC que autoriza o Legislativo a derrubar decisões do STF voltará para a geladeira.

… Mas, segundo a Coluna do Estadão, isso não significa clima de plena harmonia. A outra PEC, que limita decisões monocráticas dos ministros do STF, continuará seu curso e o líder da oposição, Filipe Barros (PL), foi escalado relator.

… O texto foi aprovado no Senado no ano passado e estava na gaveta de Lira desde dezembro. Mas foi resgatado à pauta em tom de retaliação, após Dino suspender as emendas parlamentares impositivas e o STF assinar embaixo.

MAIS AGENDA – Diante do consenso entre os investidores de que as expectativas de receita do governo estão muito otimistas e que os gastos continuam subestimados, a Receita divulga hoje a arrecadação federal do mês de julho.

… A dinâmica positiva da atividade econômica no período e a desvalorização cambial devem impulsionar o resultado para R$ 224,850 bilhões em julho (mediana de pesquisa Broadcast), depois de R$ 208,844 bilhões em junho.

… Haddad participa à tarde (15h) de reunião do CMN e vai com Lula à solenidade de posse de ministros do STJ (17h).

LÁ FORA – A ata do BCE sai às 8h30, horas depois do PMI composto da zona do euro (5h), Alemanha (4h30) e Reino Unido (5h30). Nos EUA, vêm a atividade de julho medida pelo Fed/Chicago (9h30) e as vendas de casas usadas (11h).

JAPÃO HOJE – A leitura preliminar de agosto do PMI composto medido pelo setor privado (S&P Global) melhorou de 52,5 em julho para 53,0. O indicador acima do patamar neutro de 50 indica que a atividade continua em expansão.

… O PMI industrial abandonou a breve contração em julho (49,1) para 50,9 e o PMI/serviços subiu de 53,7 para 54,0.

NON STOP – Agora que rompeu os recordes históricos, o Ibovespa não quer mais parar a brincadeira.

… Bateu ontem, pela terceira vez consecutiva, a melhor marca de todos os tempos de fechamento, com alta de 0,28%, aos 136.463,65 pontos, após ter superado no pico intraday o nível inédito dos 137 mil pontos (137.039,54).

… Estrelas do dia, as ações das metálicas protagonizaram o otimismo na bolsa. Mas tem mais coisa aí.

… Com o corte contratado do juro pelo Fed e os preços defasados do Ibov, o capital estrangeiro tem voltado com força. “Há uma arbitragem super positiva”, resumiu ao Broadcast o CEO da Veedha Investimentos, Rodrigo Marcatti.

… Só este mês, já entraram quase R$ 8 bilhões em k externo na B3 e, como contra o fluxo não há argumento, o Ibovespa tem enfrentado os desafios com mais facilidade, como a chance de retomada das altas da Selic.

… Até mesmo este risco de o ciclo de aperto voltar à tona tem sido visto sob lentes cor de rosa, com o mercado interpretando a abordagem mais hawkish de Galípolo como um ganho de credibilidade para o novo BC.

… Nesta 4ªF, o rali de 4,5% do minério bombou os papéis de siderurgia e mineração: Gerdau (+3,83%), CSN Mineração (+3,80%), CSN (+3,70%), Metalúrgica Gerdau (+3,70%) e Usiminas (+2,95%). Vale subiu 1,92% (R$ 58,30).

… Animaram os rumores de que a China pode anunciar medidas para reaquecer o setor imobiliário.

… No lado negativo do índice, Petrobras engatou novo dia de queda, na esteira do quarto recuo seguido do petróleo (Brent/out -1,49%; US$ 76,05), puxado pela revisão do payroll, que reduz a perspectiva de consumo nos EUA.

… O papel ON registrou recuo de 0,88% (R$ 40,73) e o PN caiu 0,60% (R$ 38,06).

… Bancos também ficaram no vermelho, depois de fortes altas nas duas sessões anteriores, sugerindo realização.

… Bradesco PN cedeu 0,45% (R$ 15,63), Banco do Brasil caiu 0,44% (R$ 29,13), Itaú baixou 0,40% (R$ 37,08) e Bradesco ON recuou 0,14% (R$ 14,04). Santander unit foi exceção. Fechou estável, em R$ 31,07.

SÓ ASSISTIU – O real não conseguiu faturar a queda acentuada do dólar lá fora, onde o índice DXY furou a linha dos 101 pontos, no menor patamar do ano, após a ata dovish do Fed e revisão em baixa do payroll de um ano até março.

… O que se comenta entre os especialistas é que o câmbio assume por aqui alguma postura defensiva com o risco ainda presente de recessão nos EUA e que faltam gatilhos que encorajem o dólar a aprofundar o alívio recente.

… Ao Broadcast, o superintendente da Mesa de Derivativos do BS2, Ricardo Chiumento, observa que, depois de a moeda americana ter escalado até a faixa de R$ 5,74 no início do mês, passa agora por um período de acomodação.

… O profissional vê o dólar rodando entre R$ 5,40 e R$ 5,50, sem estímulos suficientes para voltar a R$ 5,30.

… De qualquer maneira, Powell vem aí amanhã para calibrar as expectativas para o Fed. Ontem, a moeda americana fechou estável (-0,02%), a R$ 5,4821.

… A baixa no rendimento dos Treasuries, via ata e revisão do payroll, até apoiou um recuo nas taxas curtas dos DIs, mas o fato de eles terem devolvido parte da queda no fim da sessão limitou queima mais forte de prêmios por aqui.

… No fechamento, o DI para Jan/25 caiu para 10,750% (de 10,801% na véspera), o Jan/26 recuou a 11,450% (de 11,538%) e do Jan/27 cedeu a 11,430% (de 11,538%).

… Certo ajuste nas apostas para a Selic, com o mercado devolvendo parcialmente as chances de alta de 0,50pp, também seguiu reduzindo as taxas curtas.

… A ponta longa da curva pegou a contramão, mas ficou próxima dos ajustes da véspera. O Jan/29 subiu a 11,500% (de 11,484%); e Jan/31, a 11,520% (de 11,498%).

… Os riscos de aperto da Selic continuam no radar, até porque a atividade econômica segue firme e forte. Ontem, o PicPay elevou a projeção do PIB em 2024, de +2,3% para +2,5%. Mas reduziu 2025, de +2,0% para +1,8%.

… Embora não veja a economia superaquecida, a LCA Consultoria revisou o crescimento deste ano para 2,6% ante previsão inicial de 2% e projeta PIB de +0,9% na margem no 2Tri. Antes, esperava +0,5%.

… Apesar disso, ainda espera Selic estável de 10,50% até o fim de 2024.

AGORA É PRA VALER – O tão aguardado pivô do BC americano pode finalmente vir em setembro, a julgar pela ata do Fed e a forte revisão do payroll até março, o que sustentou as bolsas em NY e derrubou juros e dólar.

… A tradicional revisão do Escritório de Estatísticas Trabalhistas (BLS) não costuma gerar muita expectativa.

… Mas os sinais de que o mercado de trabalho dos EUA está enfraquecendo e os riscos para um dos pontos do mandato duplo do Fed – o emprego – reacenderam o interesse nos números.

… No fim das contas, a revisão foi grande, a maior desde 2009. A criação de empregos nos 12 meses até março foi 818 mil menor do que os números originais apontavam, ficando bem perto da projeção mais pessimista (-1 milhão).

… Mas em vez em renovar o medo de recessão, o mercado embarcou no sentimento de que o dado dá mais força ao início do corte de juros em setembro, num cenário de pouso suave.

… O que foi reforçado depois pela ata, que trouxe a surpreendente revelação de que alguns membros do Fed cogitaram corte de juro ainda em julho, mas que a “vasta maioria” viu uma redução em setembro como apropriada.

… Olhando em retrospecto, o Fed poderia ter cortado as taxas de juros em julho, dada a forte revisão do payroll, segundo o economista-chefe da Comerica, Bill Adams.

… No monitoramento do CME, cresceram (a 36%) as apostas de corte de 50pbs em setembro, mas uma redução de 0,25pp ainda é majoritária (64%).

… Para Christian Thorgaard (Skopos), a ata mostrou que os riscos de inflação baixaram e os do emprego subiram. “Alguns diretores notaram que desaceleração adicional arrisca uma piora mais consistente no mercado de trabalho.”

… O tom da ata, aliado ao payroll de julho, bem como a revisão de ontem, justificariam o começo de um ciclo de cortes em setembro com queda de 50pbs no juro, avalia Thorgaard.

… A bola agora está com o payroll de agosto, que se vier fraco, pode chancelar de vez os 50pbs.

… Com esse combo ata-revisão dos dados de emprego, as bolsas em Wall Street fecharam em alta moderada, já que os investidores ainda esperam o discurso de Jerome Powell amanhã, em Jackson Hoje.

… O Nasdaq liderou os ganhos, com alta de 0,57%, aos 17.918,99 pontos. O S&P 500 ganhou 0,42% (5.620,82) e o Dow Jones subiu 0,13% (40.889,96).

… Nos Treasuries, os juros desceram bem, especialmente após a ata, mas devolveram parte da queda, justamente por causa da cautela antes das palavras do presidente do Fed.

… A expectativa é que ele chancele o corte mês que vem, mas sem se comprometer com o futuro, reforçando a dependência de dados para tomar decisões.

… Mais atado aos passos da política monetária, o rendimento da note de 2 anos se afastou um pouco mais dos 4%. Caiu de 3,983% na véspera para 3,930%. O da note de 10 anos cedeu a 3,794%, de 3,806%.

… Na contramão, o juro do T-bond de 30 anos subiu a 4,068%, de 4,061%.

… O dólar seguiu apanhando dos pares. O índice DXY chegou a perder os 101 pontos na mínima do dia (100,923) e fechou no menor nível desde dezembro passado, em 101,039 (-0,40%).

… Euro e libra, que aceleraram logo depois da revisão do payroll, alcançaram o maior patamar desde julho passado.

… A moeda comum subiu 0,26%, a US$ 1,1155, e a britânica avançou 0,44%, a US$ 1,3091. O iene ficou perto da estabilidade (-0,02%), em 145,144/US$.

EM TEMPO… Conselho de Administração aprovou o aumento de capital da OI no valor de R$ 1,39 bilhão, por meio da emissão de 264.091.364 novas ações ON.

NATURA. BlackRock reduziu participação na companhia de 5,05% para 4,99% do capital social, passando a deter 69.296.739 de ações ON.

BRASKEM. Em manifestação após a sentença que condenou sua controladora, Novonor, a indenizá-la em R$ 8 bi, a empresa disse à Justiça que receber esses recursos ou crédito a coloca em risco e “piora sua situação”…

… Isso ocorreria em razão de compromissos assumidos nos acordos de leniência firmados no Brasil, Suíça e EUA e que seriam descumpridos com o recebimento, segundo reportagem do Valor.

JHSF adquiriu participação de controle na empresa italiana Tavolara Bay, situada na região da Sardenha, com o objetivo de desenvolver o projeto de um Hotel Fasano na ilha; valor da operação não foi divulgado.

VIBRA ENERGIA antecipou a aquisição dos 50% da Comerc, no valor de R$ 3,52 bilhões; Comerc foi avaliada em R$ 7,05 bilhões em julho/2024, com 2,1 GW em operação.

ENERGISA aprovou a 21ª emissão de debêntures, no valor de R$ 975 milhões.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.

Compartilhe:


Veja mais sobre:


Veja Também