Morning Call

Após ata do Copom, Galípolo fala ao vivo em live da Warren

Atualizado 24/06/2024 às 23:33:43

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Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[25/06/24]

… Mais dois Fed boys têm falas previstas para hoje, influenciando as apostas sobre os juros americanos, enquanto os mercados esperam o PCE de maio, na 6ªF, como dado que poderá ser decisivo para confirmar um ou dois cortes neste ano. Entre os indicadores nos Estados Unidos, saem a atividade do Fed/Chicago (9h30) e a confiança do consumidor da Conference Board (11h). Aqui, os economistas começam os trabalhos analisando a ata do Copom (8h), que virá com mais detalhes sobre a decisão de interromper o ciclo de quedas da Selic. O investidor terá a chance de ouvir os comentários de Gabriel Galípolo logo a seguir, em live promovida pela Warren Investimentos, a partir das 10h. Às 10h30, a arrecadação federal de maio deve ficar em R$ 202,3 bilhões, abaixo do registrado em abril (R$ 228,8 bilhões).

… A participação de Galípolo no evento da Warren não poderia ser mais oportuna, após seu time votar com o colegiado, contrariando os desejos de Lula. Hoje, o mercado poderá ouvir de viva-voz os seus argumentos para ter aderido à unanimidade.

… Alguns agentes acreditam que o voto dos quatro diretores indicados pelo presidente teve o único objetivo de evitar mais ruídos, como aqueles que ocorreram no racha de maio, que pode não ter sido por convicção e que, a partir de janeiro, a coisa pode mudar.

… Sabendo que seriam derrotados, Galípolo, Picchetti, Ailton Aquino e Rodrigo Teixeira teriam fechado questão para proteger o câmbio e os juros futuros de saltos maiores. Mas a maioria espera que esses novos diretores manterão a atual política monetária.

… Hoje, Galípolo terá a oportunidade de convencer o mercado sobre o que, de fato, pensa sobre isso.

… Galípolo ainda é o nome preferido para suceder a RCN, que termina seu mandato no final do ano, e não se arriscaria a empenhar a sua palavra agora se não pretendesse cumprir o compromisso daqui a poucos meses.

… Tanto é que o Bradesco projeta Selic estável em 10,5% não só até o fim do ano, mas também durante o primeiro trimestre de 2025.

… Na Folha, embora Galípolo continue firme no páreo para comandar o BC, o presidente Lula ainda não bateu o martelo.

… As especulações sobre o nome do futuro presidente do BC cresceram depois que Lula afirmou na 3ªF passada, um dia antes do Copom, que escolheria uma pessoa “madura”, “calejada” e que não se submete a pressões do mercado financeiro.

… Aos 42 anos, Gabriel Galípolo não se encaixaria no perfil descrito, mas pessoas próximas ao presidente viram na declaração uma estratégia para evitar exposição prematura do seu nome.

… Galípolo foi um dos conselheiros de Lula na campanha presidencial de 2022 e atuou como número dois de Haddad na Fazenda. Segue tendo canal direto com Lula desde que deixou o cargo de secretário-executivo e assumiu o posto no BC.

… Na véspera da ata, os juros futuros continuaram devolvendo prêmios, expurgando da curva os exageros recentes. Também contribuiu para o movimento positivo do dia um recuo dos rendimentos dos Treasuries e do dólar.

… Investidores descontaram a frustração com o boletim Focus desta 2ªF, que apontou nova piora nas expectativas de inflação, apesar das promessas de reancoragem se o consenso prevalecesse na reunião do Copom (leia abaixo).

HADDAD – O ministro da Fazenda terá reunião hoje com todos os secretários da equipe econômica, das 9h às 11 horas.

… Participam o secretário-executivo Dario Durigan; os secretários do Tesouro Nacional, Rogério Ceron; da Receita, Robinson Barreirinhas; de Política Econômica, Guilherme Mello; de Reformas Econômicas, Marcos Pinto; e da reforma tributária, Bernard Appy.

… A reunião ocorre após Haddad ter se encontrado com o relator de LDO/2025, senador Confúcio Moura, quando indicou que é possível que a Fazenda envie ao Congresso sugestões de ajuste em projeções fiscais, como da dívida pública, em razão dos juros elevados.

… O senador garantiu, por outro lado, que não tratou com Haddad e sua equipe de modificações na meta fiscal de 2025. Segundo Moura, o governo persiste no compromisso de zerar o déficit no próximo ano.

… “Foi o que vim saber [se a Fazenda quer alguma alteração no projeto de lei]. Todas as projeções enviadas em abril eram baseadas em previsão de queda de juros. É possível que o Tesouro envie algumas alterações de acordo com essa rigidez das taxas de juros.”

… A PLDO enviada ao Congresso em abril estimava a Selic em 8,05% em 2025, 7,22% em 2026, 7,02% em 2027 e 6,77% em 2028. No caso da dívida bruta, a previsão era de que chegaria a 77,9% do PIB em 2025, alcançando 79,1% do PIB em 2026 e 79,7% do PIB em 2027.

META CONTÍNUA – A criação da meta contínua de inflação será aprovada amanhã (4ªF) pelo CMN, informa Lauro Jardim/Globo. Haddad já havia anunciado que ela deveria ser definida nesta semana e antes da reunião de junho do Conselho.

PRIMEIRO COPOM – BC publicou no final da tarde o calendário das reuniões do Copom em 2025. O primeiro encontro está marcado para os dias 28 e 29 de janeiro. As atas continuarão a ser publicadas sempre às 8h da 3ªF seguinte.

PENTE FINO – INSS prevê realizar até 800 mil perícias presenciais do Benefício por Incapacidade Temporária, o antigo auxílio-doença, e do Benefício de Prestação Continuada (BPC) até dezembro deste ano.

… Esse último é pago a idosos e pessoas de baixa renda com deficiência e preocupa o governo pela sua forte trajetória de expansão.

… O objetivo da força-tarefa é atender exigências do TCU, que vem cobrando do governo revisões periódicas, como determina a lei, bem como contribuir para a agenda de revisão de gastos obrigatórios.

… A pressão sobre o governo Lula para corte de gastos públicos e o debate a respeito da sustentabilidade de despesas com benefícios previdenciários e assistenciais ganharam força após os sinais de esgotamento das medidas arrecadatórias dentro do Congresso.

REFORMA TRIBUTÁRIA – Os grupos de trabalho que discutem a regulamentação da matéria na Câmara entregarão os relatórios finais no próximo dia 3 de julho, segundo informação confirmada pelo ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

… Um dia antes, os deputados se reunirão com governadores para bater o martelo sobre os itens detalhados. Padilha disse que no Senado a regulamentação da reforma tributária deverá ter apenas um relator para os dois projetos de lei.

… O objetivo é que o texto seja votado no plenário da Câmara antes do recesso parlamentar.

CARROS ELÉTRICOS – MDIC, de Geraldo Alckmin, defende que carros 100% elétricos, movidos exclusivamente a bateria, sejam tributados pelo Imposto Seletivo. O pedido foi formalizado pela pasta ao grupo de deputados que elaboram o relatório.

MAIS AGENDA – A prévia do IPC-Fipe sai logo cedo (5h). Nos EUA, duas diretoras do Fed falam hoje: Michelle Bowman discursa em evento às 8h e às 15h10, e Lisa Cook tem aparição pública prevista para as 13h.

INFINITO ENQUANTO DURE – Pouca gente bota fé que a melhora observada nos negócios domésticos ontem antecipe tendência. Diante dos desafios fiscais, parece ser mais uma janela de alívio que qualquer outra coisa.

… Aqui e lá fora, os mercados terão que passar esta semana pelo teste de fogo da agenda bastante agitada.

… Enquanto a volatilidade máxima não começa, o noticiário esvaziado desta 2ªF colaborou para um maior apetite por risco. O dólar furou R$ 5,40, a curva do DI devolveu mais prêmio e o Ibov resgatou os 122 mil pontos.

… A moeda americana deu sequência à recente correção de lucro e fechou em baixa firme de 0,93%, a R$ 5,3904, afastando-se das máximas em quase dois anos batidas na semana passada, quando cravou R$ 5,46.

… Ontem foi o segundo pregão seguido de queda do dólar, que não desperdiçou a chance de acompanhar o alívio da moeda no exterior. Esta semana, além da agenda forte, o câmbio passará pela briga da ptax, na 6ªF.

… Sob o efeito combinado ontem da onda de zeragem de posições defensivas no câmbio e da queda dos rendimentos dos Treasuries, a curva do DI voltou a desarmar pressão de risco de ponta a ponta.

… O investidor ignorou a surpresa negativa do Focus, que apontou nova piora nas expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária, apesar de o Copom ter interrompido o ciclo de queda da Selic.

… A mediana das estimativas para o IPCA/25 subiu pela oitava semana seguida, de 3,80% para 3,85%, cada vez mais longe do centro da meta (3%). Economistas também puxaram a projeção para 2024, de 3,96% para 3,98%.

… Os negócios domésticos também absorveram sem susto o déficit de US$ 3,4 bilhões informado pelo BC na conta corrente em maio, maior rombo para o mês desde 2022 e pior do que a previsão de US$ 3,05 bilhões.

… No fechamento, o DI para Jan/25 caiu a 10,545% (de 10,605% no pregão anterior); Jan/26, 11,105% (de 11,185%); Jan/27, 11,470% (de 11,520%); Jan/29, 11,860% (de 11,930%); e Jan/31, 11,990% (de 12,060%).

SUBIU NO VAZIO – Em mais um dia de giro fraco (R$ 18 bilhões), que tem sido a marca registrada da bolsa doméstica, o Ibov (+1,07%) conseguiu emplacar a quinta alta consecutiva, para alcançar os 122.636,96 pontos.

… Diante da recuperação recente, o índice à vista voltou a acumular ganho no mês (+0,44%), mas ainda cai 8,61% no ano. Os papéis da Petrobras e dos bancos serviram como motores para o Ibov no pregão desta 2ªF.

… Santander unit registrou valorização de 1,67%, a R$ 28,00; Itaú ganhou 1,44%, a R$ 32,34; Bradesco ON encerrou com alta de 0,81%, a R$ 11,23; BB ON, +0,75%, a R$ 26,81; e Bradesco PN, +0,32%, a R$ 12,44.

… Acompanhando a subida do petróleo, os papéis da Petrobras fecharam nas máximas do dia: ON (+1,91%) a R$ 39,04 e PN (+0,93%), a R$ 37,06. Lá fora, diante do dólar fraco, o Brent/setembro subiu 0,97%, para US$ 85,15.

… O barril também foi sustentado pela previsão de aumento da demanda nas próximas semanas com as férias de verão no Hemisfério Norte e pelos riscos à oferta, diante das tensões no Oriente Médio e a guerra na Ucrânia.

… Vale resistiu à forte queda de 3,11% do minério de ferro e terminou levemente positiva (+0,12%; R$ 60,90).

… A estrela do dia foi Magazine Luiza, que saltou 12,28% (R$ 12,16), após a empresa anunciar parceria com a varejista chinesa AliExpress para venda de produtos online em sua plataforma de marketplace no Brasil.

… Apesar de o Ibovespa estar conseguindo recuperar algum terreno nos últimos dias, o volume fraco de negócios preocupa, porque está associado a um forte movimento de fuga dos investidores estrangeiros.

… Segundo o Broadcast, a saída de k externo da B3 no primeiro semestre (R$ 42,438 bi) já é a mais intensa desde 2020 (pandemia) e a expectativa é de continuidade do fluxo negativo pelo menos nos próximos 2 meses.

… Na melhor hipótese, o Fed cortará o juro só em setembro. Além disso, está difícil de o Brasil competir pelo interesse gringo, diante da fragilidade das contas públicas e resistência do governo em cortar na própria carne.

… Junho nem chegou ao fim ainda e já ostenta a pior colocação para o mês na série histórica em saídas de capital estrangeiro da bolsa: R$ 6,546 bilhões bateram em retirada até 5ªF (último informe da B3).

QUEM VAI FICAR COM MARY? – Mary Daly (Fed/São Francisco) adotou ontem comentários de viés dovish. Mas, diante das dúvidas sobre o timing de relaxamento monetário, resta saber se o resto do Fed fechará com ela.

… Segundo Daly, se a inflação cair mais rapidamente ou o mercado de trabalho esfriar muito, os juros terão que ser cortados. A declaração vem no momento em que o investidor prepara o espírito para a inflação do PCE (6ªF).

… O colega Austan Goolsbee (Fed/Chicago) afirmou que, caso os próximos meses repitam a dinâmica de maio e indiquem perda de fôlego da inflação, será possível questionar se o grau de aperto monetário não é excessivo.

… Menos otimista, a S&P Global acredita que o Fed só começará o processo de corte dos juros em dezembro e espera agora um ciclo menor de desaperto, de 125pb até o final do ano que vem, contra 200pb anteriormente.

… Em compasso de espera pela agenda forte da semana, os rendimentos dos Treasuries operaram dentro de faixas estreitas. A taxa da Note-2 anos subiu a 4,730%, de 4,727%, mas a de 10 anos caiu a 4,241%, de 4,253%.

… No câmbio, o índice DXY, que mede a força do dólar, registrou baixa de 0,31%, a 105,473 pontos, com a recuperação de parte das perdas recentes do euro (+0,41%, a US$ 1,0739) e da libra (+0,33%, a US$ 1,2689).

… O dólar caiu 0,12% contra o iene (159,64/US$), mas seguiu próximo da marca de 160 ienes, que pode desencadear potencial intervenção do governo do Japão para conter uma maior depreciação da moeda.

… Em Wall Street, mais um tombo da Nvidia (-6,68%), o terceiro seguido, derrubou o Nasdaq (-1,09%, aos 17.496,82 pontos). O estouro da bolha da IA uma hora vai acontecer, mas ninguém sabe se já é agora.

… O S&P 500 recuou 0,31%, aos 5.447,87 pontos, mas o Dow Jones subiu 0,67%, aos 39.411,21 pontos.

… Foi puxado pelos bancos, após reportagem da Bloomberg revelar que o Fed e outros reguladores estudam afrouxar os termos da proposta de reforma nas exigências de capital para o sistema bancário.

… Os papéis do Goldman Sachs avançaram 2,65%, do JPMorgan ganharam 1,31% e do Citi subiram 2,35%.

EM TEMPO… PETROBRAS reiterou que setor de fertilizantes tem alta demanda no país e “importância estratégica” por possibilitar diversificar negócios, integrar cadeia do gás natural e reforçar prática de descarbonização.

SANTANDER emitiu, pela primeira vez, um “social bond” (título de dívida com enfoque social) no mercado externo…

… Volume captado foi de US$ 250 milhões, ou cerca de R$ 1,3 bilhão. A International Finance Corporation (IFC) foi o investidor exclusivo da operação.

MAGAZINE LUIZA. Citi manteve recomendação neutra para a ação da empresa, com preço-alvo de R$ 18…

… Para o banco, diante da parceria com a AliExpress, Magalu parece entender a presença crescente de players estrangeiros como realidade para o setor.

MULTIPLAN. A acionista controladora da empresa, 1700480 Ontario (OTPP), afirmou, em 21 de junho, que deseja alienar a totalidade da sua participação na companhia…

… Até então, a OTPP detinha 18,52% do capital social da gestora de shoppings; a Multiplan Participações, que também é controladora da Multiplan, terá 90 dias para exercer seu direito de primeira oportunidade.

CCR informou que o Sistema Rodoviário Rio-SP fará segunda emissão de debêntures, no valor de R$ 9,4 bilhões.

MRV fará a 26ª emissão de debêntures, no valor de R$ 150 milhões.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

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