Morning Call

BoE decide juro no day after do Fed e Copom

Atualizado 19/09/2024 às 01:51:41

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Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[19/09/24]

… O consenso é que o BC inglês (BoE) não seguirá hoje (8h) os passos do Fed e optará por manter os juros em 5%, deixando eventualmente para cortar a taxa básica na reunião de novembro. À noite, os BCs da China (22h30) e do Japão (1h) também têm decisões de política monetária. O pregão desta 5ªF continua reservado às repercussões do Fed e do Copom, que seguiram o script esperado, com corte de 50 pb logo de largada nos EUA e alta de 0,25 pp da Selic por aqui, mas vieram com abordagens mais cautelosas para as duas últimas reuniões do ano (novembro e dezembro). Tanto aqui como lá, no entanto, a percepção majoritária é de que as próximas decisões estão em aberto.

… A Selic passou de 10,50% para 10,75% ao ano, em decisão unânime, com Galípolo e Campos Neto votando juntos.

… No comunicado, o Copom disse que a alta da Selic é resultado de um cenário marcado por resiliência na atividade econômica doméstica, por pressões no mercado de trabalho e expectativas “desancoradas” para a inflação.

… Mais uma vez, o BC não se comprometeu com guidance, indicando que o pace dependerá da dinâmica inflacionária. Alguns disseram que o comunicado foi tão duro, que valeria até para justificar aperto de meio ponto.

… O mercado vai agora buscar na ata, na próxima 3ªF, se o Copom pretende aumentar a dosagem de alta do juro.

… As grandes novidades reveladas pelo comunicado foram o reconhecimento pelo BC de que o balanço de riscos para a inflação agora é assimétrico para cima e que o hiato do produto saiu de perto da neutralidade para positivo.

… Esta sugestão de que a economia doméstica está crescendo acima do seu potencial já estava contratada, em grande medida, depois do PIBão de 1,4% no 2Tri, que projeta expectativas de crescimento de 3% no ano.

… O hiato agora positivo parece ter sido determinante para uma outra surpresa embutida do comunicado:

… Os dirigentes optaram por elevar a projeção de inflação para o 1Tri de 2026, atual horizonte relevante da política monetária, para 3,5% no cenário de referência, agora 0,5 ponto porcentual descolada do centro da meta (3%).

… “Os 3,5% de inflação projetados demandariam um ciclo total de altas até maior que 2 pp [da Selic], mas há alguns atenuantes que são importantes de ser contemplados”, observa o economista Marco Antonio Caruso (Santander).

… Segundo ele, nas reuniões de novembro e dezembro, o Copom vai passar a olhar o 2Tri de 2026. “Suponho que o BC tenha estimativa de inflação menor do que esses 3,5% para lá, o que já pode reduzir o ciclo total projetado.”

… Além disso, até lá, o Copom também ganha tempo para avaliar o câmbio e o impacto do Fed no dólar.

… “O BC rodou os modelos com o câmbio a R$ 5,60. Hoje está em R$ 5,45. Imagino que o câmbio, a partir daqui, vai gostar da combinação de um tom hawk do nosso Banco Central e um Fed que começou com 50”, avalia Caruso.

… Até pouco tempo atrás um aliado improvável do Copom, o câmbio desponta como gatilho de alívio para enfrentar as pressões do ritmo aquecido da atividade doméstica. A briga do Copom promete estar entre estes dois polos.

FED – Confirmando as apostas de um corte mais agressivo, que começaram a rolar no mercado no final da semana passada, o BC americano reduziu a taxa em 50 pb, para a faixa de 4,75%-5,00%, em decisão praticamente unânime.

… Só a dirigente Michelle Bowman votou por redução menor, de 25 pb. Segundo o gráfico de pontos, uma quantidade considerável de integrantes do Fed (sete) espera que a taxa seja reduzida em mais 50 pb até dezembro.

… Mas o mercado “peita” o Fed e pede uma flexibilização maior, apesar de Powell já ter dado o seu recado de que pode não entregar tudo o que Wall St deseja (abaixo) e que os passos futuros estão condicionados aos indicadores.

… A opção pelo “choque” inicial de queda do juro foi vista por analistas como uma estratégia do Fomc para turbinar o mercado de trabalho, que confirma neste momento o seu protagonismo para as decisões de política monetária.

… “Powell anunciou que a luta contra a inflação foi finalmente vencida. Isto significa que o Fed vê agora margem para garantir que o mandato de pleno emprego também seja alcançado”, escreveu um analista do Commerzbank.

… Pelas projeções do Fed, a taxa de desemprego deve continuar subindo, do nível de 4,2% para 4,4% até dezembro. Já a inflação do PCE deve cair do patamar de 2,5% em agosto para 2,3% até o final do ano, perto da meta de 2%.

BANDEIRA TARIFÁRIA – O diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, disse que a tendência é de que a bandeira amarela ou vermelha seja mantida até o final do ano, adiando o retorno da bandeira verde em 2024.

… Já a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) aponta acionamento da bandeira vermelha patamar 2 (o mais elevado) em outubro, o que levaria a cobrança adicional nas tarifas de energia de R$ 7,877 a cada 100 kWh.

… O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apresenta hoje o “plano antiapagão”. O ministro Alexandre Silveira havia determinado a apresentação do plano para assegurar o abastecimento até o final do governo Lula.

MAIS AGENDA – Aqui, saem a segunda prévia do IGP-M (8h) e a arrecadação federal (10h30), que deve atingir R$ 201,200 bilhões em agosto, segundo a mediana de pesquisa Broadcast, após R$ 231,044 bilhões em julho.

… As estimativas para esta leitura variam de R$ 193,1 bilhões a R$ 246,115 bilhões. A mediana representa um ganho real de 11,75% em comparação com um na antes. A Receita comenta os números em entrevista coletiva às 11h.

… O ministro Rui Costa se reúne, às 15h, com governadores para discutir a crise climática e o combate aos incêndios. Ontem, a Câmara aprovou o PL que dispensa as licitações para contratos em situações de calamidade.

LÁ FORA – Além do BoE, também os BCs da Turquia (8h) e África do Sul (10h) divulgam decisões de juros. Nos EUA, saem o auxílio-desemprego (9h30), com previsão de estabilidade, e as vendas de moradias usadas em agosto (11h).

MUITO AJUDA QUEM NÃO ATRAPALHA – Apontado pelos analistas de mercado como um fator bastante relevante para definir a extensão do ciclo de aperto da Selic, o câmbio vem se apreciando há seis pregões consecutivos.

… Na euforia instantânea à decisão agressiva do Fed de já iniciar o relaxamento monetário com 50 pb, o dólar tocou R$ 5,4130 na mínima intraday e só moderou o ritmo de queda até o fechamento, porque Powell não pegou leve.

… No fim do dia, valia R$ 5,4617 (-0,48%), com o presidente do Fed dizendo que o BC americano não necessariamente adotará o mesmo ritmo de desaperto do juro e que as decisões serão tomadas a cada reunião.

… Diante do diferencial de juros entre o Brasil e EUA, a estrategista de moedas emergentes do Goldman Sachs, Teresa Alves, acredita que a moeda brasileira pode recuperar parte do espaço perdido nos últimos meses.

… O valor do real contra o dólar, diz, está cerca de 8% abaixo do “nível justo”. Seja como for, ela alerta que só o compromisso sério com a âncora fiscal será capaz de garantir a apreciação sustentada da moeda doméstica.

… Na curva do DI, durou pouco o ânimo com o Fed. Os juros futuros chegaram a cair 10 pb logo após a decisão, mas voltaram e terminaram de lado, diante da sinalização de Powell de que os cortes nos EUA podem ser graduais.

… O DI Jan25 fechou a 10,940% (contra 10,945% no pregão da véspera); Jan26 terminou em 11,765% (de 11,780%); Jan27, a 11,800% (de 11,810%); Jan29, 11,960% (11,965%); Jan31, 12,000% (11,990%); e Jan33, 11,970% (11,980%).

NÃO É ÓTIMO, MAS É BOM – Em termos de atratividade de k estrangeiro, o melhor dos mundos seria o Copom ter dado um aperto de meio ponto, para abrir ainda mais o diferencial de juro com o Fed, que mandou bala no corte.

… Mas o quadro não deixa de estar mais vantajoso agora e deve ser capitalizado pelo investidor externo na B3.

… Ontem, o Ibovespa foi derrubado (-0,90%, aos 133.747,69 pontos) pelas blue chips das commodities, em meio aos ruídos sobre a política de preços da Petrobras e o tombo de mais de 4% do minério na volta do feriado na China.

… O metal opera agora no pior nível em quase dois anos, desde novembro de 2022, e pesa à Vale (-1,17%; R$ 57,54).

… Petrobras ON caiu 1,73% (R$ 39,82) e Petrobras PN cedeu 2,40% (R$ 36,15, mínima do dia), reagindo menos ao petróleo, que caiu pouco, e mais intensamente ao rumor, negado pela estatal, de queda no preço dos combustíveis.

… Faltando 1h para a bolsa fechar, a Petrobras desmentiu a notícia veiculada mais cedo pela imprensa de alteração em sua tabela e disse que eventuais ajustes são divulgados imediatamente aos seus clientes nos canais corporativos.

… Ainda segundo a empresa, mudanças são realizadas no curso normal de negócios sem periodicidade definida.

… Mais cedo, fontes informaram ao Valor que a Petrobras estuda reduzir o preço dos combustíveis nos próximos dias para alinhar os valores aos preços internacionais, que estão mais baixos que os praticados pela companhia.

… De acordo com o jornal, os cálculos já estariam sendo feitos e a ideia é que a medida de alívio tenha efeito na inflação calculada pelo IPCA deste ano, que continua próxima do teto da meta do BC, estabelecido em 4,5%.

… A cotação do petróleo Brent (-0,11%, a US$ 69,88), que serve de referência à Petrobras, acumula desvalorização de cerca de 4,50% só em setembro. O último reajuste promovido pela estatal nos combustíveis foi em 9 de julho.

… CSN Mineração teve forte baixa de 8,26%, a R$ 6,33. Usiminas (+2,79%; R$ 6,26) destoou.

… Os bancos ficaram no vermelho: Bradesco ON (-1,16%; R$ 13,62), Santander (-0,85%; R$ 30,40), Bradesco PN (-0,59%; R$ 15,24), Itaú (-0,57%; R$ 36,70) e Banco do Brasil (-0,49%; R$ 28,25).

… Frigoríficos também se destacaram no lado negativo, influenciados pela desvalorização do dólar. Marfrig registrou -5,44% (R$ 13,90); JBS, -4,19% (R$ 32,70); BRF, -3,88% (R$ 24,04); e Minerva, -3,74% (R$ 6,69).

… Liderando as perdas do Ibov, Azul caiu 10,08%, a R$ 5,62. Braskem subiu 4,76% (R$ 19,79), após o UBS BB ter elevado a recomendação do papel de neutra para compra.

CORTOU O BARATO – Como se viu, o Fed decidiu cumprir o roteiro esperado e ser agressivo em seu primeiro corte de juros em quatro anos. Mas Powell não demorou a dar um jeito de telegrafar que este não será o novo normal.

… Apesar de ele ter reconhecido que a dose inicial do ciclo de queda foi “um movimento forte”, alertou que a intensidade da alta não deve ser interpretada como tendência e que as próximas decisões dependem dos dados.

… O gráfico de pontos sinaliza que a maioria do Fed espera queda acumulada de 50pb até o fim do ano, mas o mercado entra na briga e pede que o Fed entregue mais (75pb), segundo a ferramenta de apostas do CME Group.

… Confirmando as evidências de que o BC americano está mais focado agora no emprego do que nos preços, o Fed justificou o corte de ontem alegando estar seguro sobre o processo de desinflação em direção à meta de 2%.

… Sinal de que o mercado de trabalho continuará como o fiel da balança para as reuniões de novembro e dezembro.

… Na reação imediata ao Fed, os mercados em NY assumiram uma carga de ânimo, contida em seguida por Powell.

… O “corte hawkish” reverteu a queda inicial dos juros dos Treasuries, que viraram para alta durante a entrevista de Powell. A taxa da Note de dois anos subiu de 3,615% para 3,629% e a de dez anos avançou de 3,659% para 3,712%.

… Também as bolsas em NY zeraram o otimismo, depois de o presidente do Fed ter melado as esperanças de que o corte de 50pb possa virar padrão e ter sinalizado que não há tanta pressa para buscar o juro neutro nos EUA.

… Mas as quedas foram discretas em Wall Street. O índice Dow Jones cai 0,25%, aos 41.503,10 pontos, o S&P 500 recuou 0,29%, encerrando em 5.618,26 pontos e o Nasdaq marcou baixa de 0,31%, aos 17.573,30 pontos.

… Em meio à notícia de que a gestora de recursos BlackRock vai lançar um fundo de investimento em inteligência artificial de mais de US$ 30 bilhões com a Microsoft, as ações da empresa de Bill Gates cederam 1,00%.

… No câmbio, o dólar tocou as mínimas do pregão assim que o Fed cortou o juro, mas devolveu as perdas contra o iene e o euro depois que Powell falou. Já a libra subiu 0,29%, a US$ 1,3180, porque o BoE não deve seguir o Fed hoje.

… O iene caiu 0,12%, para 142,65/US$, diante das expectativas de que o BoJ traia as esperanças mais hawkish e mantenha os juros nesta madrugada em 0,25% ao ano. O euro fechou praticamente estável (-0,04%), a US$ 1,1103.

… O índice DXY, termômetro do dólar contra outras moedas fortes, fechou com baixa de 0,30%, a 100,596 pontos.

EM TEMPO… ITAÚ emitiu R$ 1 bilhão em letras financeiras subordinadas perpétuas, com opção de recompra a partir de 2029 sujeita à prévia autorização do BC.

VIBRA ENERGIA aprovou a distribuição de R$ 262 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,2341 por ação, com pagamento até 30/12/25; ex em 24/9/24.

HYPERA aprovou a distribuição de R$ 123,6 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,1953 por ação; ex em 24/9; pagamento será feito até o fim do exercício social de 2025, em data a ser definida.

SANEPAR. Ministro do STF Flávio Dino revogou decisão liminar, concedida por ele mesmo, que barrava a licitação de três Parcerias Público-Privadas (PPPs) da companhia; leilão estava marcado para 22 de maio…

… Após a decisão, a empresa anunciou a retomada da licitação, que será realizada amanhã.

AGROGALAXY. Conselho da empresa autorizou entrada com urgência de pedido de recuperação judicial…

… Diretor-presidente, Axel Jorge Labourt, e cinco membros do conselho renunciaram aos cargos; diretor financeiro, Eron Martins, assumirá como CEO.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.

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