Morning Call

CPI divide foco com gráfico de pontos do Fed

Atualizado 12/06/2024 às 00:01:17

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Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[12/06/24]

… A inflação ao consumidor na China veio ligeiramente mais fraca do que o esperado durante a madrugada. Agora é se preparar para o CPI dos EUA em maio (9h30), que sai horas antes da decisão do Fed (15h) e da coletiva de Powell (15h30). O juro americano será mantido estável hoje e o suspense está todo no gráfico de pontos, que pode revelar se existe a esperança de o ciclo de relaxamento monetário começar em setembro ou se as apostas vão migrar para novembro. Além disso, o mercado vai calibrar as chances de queda acumulada de 50pb até o final do ano ou um corte único. Quanto menos conservadoras vierem as sinalizações do Fed e de Powell, tanto melhor para as moedas emergentes e o real, que sente a pressão combinada do exterior + fiscal.

… A última aparição pública do presidente do Fed foi há quase um mês (14/5), quando pediu paciência para a política monetária restritiva fazer o seu trabalho na inflação e considerou improvável um novo aperto no juro.

… A percepção no mercado é de que o núcleo da inflação segue comportado, mas que os preços ainda estão caindo de forma muito gradual, o que, vira e mexe, coloca em xeque uma antecipação dos cortes pelo Fed.  

… A expectativa é de que o CPI de maio mantenha hoje justamente o padrão recente de arrefecimento paulatino. O núcleo deve desacelerar para 3,5% na base anual, de 3,6% em abril, ainda distante da meta de 2%.

… Na comparação mensal, a inflação cheia tem estimativa de avanço de 0,1%, perdendo ritmo após a alta de 0,3% do mês anterior. Já o núcleo do CPI deve repetir o resultado de abril, com alta mensal de 0,3%.

… A volatilidade tem sido grande, com o investidor sem muita segurança para cravar o primeiro desaperto.

… Além de ninguém estar sentindo ainda tanta firmeza na trajetória de queda dos preços, também o mercado de trabalho forte, revelado na última 6ªF pelo payroll de maio, ajuda a balançar o timing da flexibilização do Fed.

… Mas não custa torcer para que o Fed transmita hoje uma mensagem dovish. Cairia muito bem para o fluxo dos emergentes e seria o melhor negócio para o Brasil, neste momento de agravamento da instabilidade fiscal.

… Lançado pela Fazenda, o balão de ensaio de que Haddad levará uma proposta à Lula para limitar o reajuste de gastos de saúde e educação a 2,5% faz parte do esforço da equipe econômica para tentar salvar o arcabouço.

… Oficialmente, o ministro da Fazenda disse que vários cenários estão sendo discutidas pelas áreas técnicas sobre gastos e que as alternativas ainda serão enviadas para o presidente Lula por conta da elaboração do Orçamento.

… “Caberá ao presidente definir as opções sobre [cortes de] gastos”, afirmou, confirmando de quem é a palavra final.

… Nesta 3ªF, em um revés para o governo, Pacheco devolveu os trechos mais importantes da medida provisória que cria as novas regras para a compensação de créditos de PIS/Cofins e o ressarcimento de crédito presumido.

… Para o presidente do Senado, a MP descumpre a Constituição, com a não observância de noventena às mudanças tributárias. O governo terá agora de buscar nova fonte de arrecadação para cobrir a renúncia da desoneração.

… Na reação, Haddad informou que a equipe econômica não tem um plano B para compensar a perda de arrecadação e que entendeu que o Senado assumiu a responsabilidade de encontrar uma nova alternativa.

… “Mas vamos colocar toda equipe da Receita à disposição do Senado para tentar construir uma opção, já que tem prazo exíguo e que precisa encontrar uma solução”, afirmou o ministro da Fazenda, em conversa com jornalistas.

… Haddad afirmou também que as propostas levantadas pelo Congresso, envolvendo, por exemplo, uma terceira edição da repatriação de recursos e jogos de azar, são “pouco” para compensar o impacto da desoneração da folha.

… O Senado vai começar a montar um cardápio de propostas para compensar a desoneração da folha, após Pacheco ter devolvido parte da MP que limitava a compensação de créditos do PIS e da Cofins.

… No Estadão, entre as propostas estudadas, estão: a atualização de bens de pessoas físicas e jurídicas no IR; a repatriação de recursos no exterior com regularização dos valores e pagamento de imposto no Brasil..

…. O uso de recursos esquecidos em contas judiciais de quem ganhou ações na Justiça e não sacou os valores nem manifestou interesse em reaver as quantias; e a vinculação da taxação das blusinhas como fonte de compensação.

… Ainda não há definição exata de quais medidas serão apresentadas e nem o cálculo do impacto financeiro dessas novas fontes. Pacheco afirmou que as ações serão discutidas amanhã, em reunião com as lideranças políticas.

… A Fazenda esperava arrecadar cerca de R$ 29 bilhões este ano com a MP editada uma semana atrás e que pôs empresários e o governo em pé de guerra. Serão necessários R$ 25 bilhões em compensação para a desoneração.

“IMPOSTO DAS BLUSINHAS” –  A Câmara aprovou a taxação das compras internacionais de até US$ 50, dentro do texto-base do projeto de lei do Mover, que cria um programa para incentivar a descarbonização de carros.

… Os deputados deixaram de fora do texto outros jabutis, como a exigência de conteúdo local em projetos de exploração de petróleo e gás e o que previa incentivos às bicicletas elétricas. O texto segue para sanção de Lula.

MAIS AGENDA – O IBGE divulga às 9h o volume de serviços prestados em abril. A mediana em pesquisa Broadcast indica crescimento de 0,2% na margem, após alta de 0,4% em março. As estimativas variam de -1,9% a +1,0%.

… Às 14h30, saem os dados semanais do fluxo cambial. Campos Neto, que já está em período de silêncio para o Copom da semana que vem, palestra em Londres (16h30), na cerimônia de premiação do “Central Bank of the Year”.

LÁ FORA – O petróleo confere o relatório da AIE (5h) e estoques do DoE (11h30), que devem cair 1,2 mi de barris.

CHINA HOJE – A inflação ao consumidor registrou alta anualizada de 0,3% mês em maio, mesmo avanço observado em abril. O resultado ficou ligeiramente abaixo da expectativa dos analistas de mercado, de crescimento de 0,4%.

… Já o índice de preços ao produtor (PPI) teve queda anual de 1,4% em maio, contra um recuo de 2,5% em abril. A estimativa era de uma baixa maior, de 1,8%. Na comparação mensal, o CPI caiu 0,1% em maio e o PPI subiu 0,2%.

IGUAL, MAS DIFERENTE – A rigor, nada mudou no quadro doméstico cauteloso: o fiscal continua delicado, o dólar continua no pico desde o início do governo Lula e, para piorar, o IPCA de maio revelou piora na inflação corrente.

… Mas nada disso impediu ontem que os ativos fizessem uma parada estratégica no estresse recente. O start para o ajuste técnico foi facilitado pela queda nos juros dos Treasuries, com o yield da Note-10 rodando abaixo de 4,40%.

… Profissionais também citaram que a melhora de humor esteve associada à discussão sobre sugestões de cortes de gastos que serão levadas pela equipe econômica ao presidente Lula, a fim de preservar o arcabouço fiscal.

… O endereçamento do tema é muito positivo, mas bate sempre na percepção de que a Fazenda não tem toda a autonomia para mandar na pauta, diante da influência da ala política do governo, contrária a cortes nos gastos.

… De qualquer maneira, os mercados domésticos descontaram ontem os riscos. A curva do DI corrigiu a disparada da última 6ªF, animando a bolsa a reconquistar parte do terreno perdido, enquanto o dólar viveu uma acomodação.

… Depois de dois dias de avanços expressivos, a moeda fechou estável (+0,08%), a R$ 5,3610.

… A descompressão no DI atingiu principalmente o miolo da curva, que tinha subido mais que o restante na 6ªF.

… O DI para Jan25 caiu a 10,640% (de 10,681%); o Jan26, a 11,200% (11,310%); e o Jan27, a 11,520% (11,619%). O Jan29 cedeu a 11,900% (11,956%); Jan31, a 12,060% (12,075%); e o Jan33 ficou em 12,090% (de 12,084%).

… Apesar de o IPCA não ter feito preço, o dado reforçou a mensagem do BC de compromisso com a meta de inflação e consolidou a percepção de que o Copom vai interromper o ciclo de cortes na próxima semana.

… Além disso, o BC pode nem mais mexer na Selic neste ano. Monitoramento do Broadcast mostrou que 20 de 29 casas esperam decisão unânime pela manutenção da taxa básica em 10,50% na próxima 4ªF.

… De 50 instituições, 43 veem a Selic nesse patamar até o fim do ano. Para 2025, a mediana subiu de 9% a 9,5%.

… O IPCA veio no teto das estimativas (0,46%) e acima da mediana de 0,40%. Alimentos foram especialmente pressionados pelas inundações no RS, mas, mesmo sem o evento trágico, o índice ainda viria alto: 0,42% (XP).

… Analistas chamaram atenção à inflação subjacente de serviços, em torno de 5% em 12 meses, que reforça estimativas do IPCA no ano mais próximas de 4%. No Focus, a mediana já estava em 3,90% antes do IPCA.

… O JPMorgan fez um ajuste forte na projeção do IPCA 2024, de 3,7% para 4,0%. Para 2025, saiu de 3,5% para 3,7%. A LCA Consultores elevou a previsão para este ano de 3,7% para 3,9%.

… O alívio na curva de juros futuros ajudou bancos e o setor de consumo, levando o Ibovespa a uma alta de 0,73%, aos 121.635,06 pontos, mas com giro de apenas R$ 18 bilhões.

… Itaú Unibanco subiu 1,12% (R$ 31,55) e Banco do Brasil avançou 1,10% (R$ 27,51). Bradesco PN teve alta de 0,54% (R$ 12,93) e ON, +0,44% (R$ 11,54), seguidos por Santander unit, +0,33% (R$ 27,09).

… No varejo, Magazine Luiza subiu 7,99%, a R$ 12,44, e Grupo Pão de Açúcar ganhou 4,24% (R$ 2,95). Outras altas relevantes foram Minerva (+5,21%, a R$ 6,26) e Prio (+4,29%, a R$ 42,55).

… Alinhada ao petróleo Brent/ago, que teve alta moderada de 0,36%, a US$ 81,92, Petrobras PN subiu 0,43% (R$ 37,66). Já ON ficou estável (-0,08%; R$ 39,27), na véspera de os papéis serem negociados ex-dividendos

… Vale caiu bem ao longo do dia, mas reduziu o ritmo e terminou a sessão com baixa limitada de 0,15% (R$ 60,98), apesar do tombo de 4,16% no minério de ferro negociado em Dalian, na volta do feriado chinês.

… Suzano liderou as perdas, com -1,55% (R$ 48,92), em ajuste técnico após ganhos recentes. Também se destacaram no negativo a Localiza (-0,74%; R$ 41,55) e Dexco (-0,57%; R$ 6,92).

REVIRAVOLTA – Depois de um bem-sucedido leilão de US$ 39 bilhões em notes de 10 anos, com a maior demanda desde fevereiro de 2022, o retorno da note de 10 abaixo de 4,4% puxou os demais para baixo.

… “O mercado de Treasuries está finalmente sorrindo depois de muitos e muitos meses com leilões, na melhor das hipóteses, medíocres”, escreveu Peter Boockvar, no Boock Report.

… “O mercado está farejando um CPI mais fraco? Ou está preocupado com o crescimento econômico?”

… O juro da note de 2 anos caiu a 4,827% (de 4,880%) e o da note de 10 anos cedeu a 4,396% (4,461%). O do T-bond de 30 anos diminuiu a 4,531% (4,596%).

… A baixa nos juros dos Treasuries ajudou os índices de ações, mas as altas não foram extraordinárias, já que as bolsas estão bem esticadas e também houve certa cautela com a superquarta nos EUA, com CPI de maio e Fed.

… De qualquer maneira, S&P 500 e Nasdaq fecharam em nível recorde pela segunda sessão seguida, puxados pelo salto de 7,2% da Apple, que apresentou novas funcionalidades de seus dispositivos embarcados com IA.

… Apple fechou com preço recorde de US$ 207,15 por ação, em alta de 7,26%, mais que compensando a queda de quase 2% na sessão anterior.

… O pregão também viu rotação de ações no setor de tecnologia, com realização de lucro em Nvidia (-0,71%) e compras em Microsoft (+1,12%), Alphabet (+0,88%) e Meta (+0,97%), segundo as agências internacionais.

… No fechamento, o S&P 500 subiu 0,27% (5.375,40 pontos) e o Nasdaq ganhou 0,88% (17.343,55). O Dow Jones caiu 0,31% (38.747,35).

… Novamente pressionado pelo quadro político na Europa, em especial na França, o euro recuou pelo segundo dia (-0,20%), a US$ 1,0745.

… Em entrevista ao jornal alemão Handelsblatt na 6ªF e divulgada ontem, Lagarde disse que o corte de juros pelo BCE na semana passada não significa que a inflação foi vencida.

… “Ainda não terminamos o ciclo restritivo da política monetária. Se olharmos para as taxas de juros reais, ainda estamos em território restritivo e temos de continuar o quanto for necessário para levar a inflação para 2%.”

… Ela reiterou que os juros podem permanecer inalterados e que o BCE vai decidir sobre dados.

… Na contramão da maioria dos dirigentes do BCE, que não se comprometem com qualquer trajetória de juros, o diretor Gabriel Makhlouf disse ontem esperar que as taxas sejam reduzidas em 90 pb até o fim de 2025.

… Mas disse também que a desaceleração da inflação não basta para o BCE se tornar menos vigilante.

… “Devemos permanecer conscientes do risco de novos choques inesperados, vivendo em mundo aparentemente mais instável”, afirmou.

… No Reino Unido, a libra subiu 0,10%, a US$ 1,2744. O iene ficou perto a estabilidade (-0,06%), a 157,129/US$, assim como o índice DXY (+0,08%), em 105,230 pontos.

EM TEMPO… PETROBRAS atualizou de R$ 1,0416 para R$ 1,0432 o valor bruto a ser pago por ação em dividendos e JCP relativos ao 1TRI…

… Primeira parcela de R$ 0,5216 será paga em 20 de agosto na forma de JCP; segunda parcela, do mesmo valor, será efetuada em 20 de setembro, sendo que R$ 0,4481 na forma de dividendos e R$ 0,0735 como JCP.

BRASKEM informou que não tem conhecimento de que a PetroChina International (PCI) é uma potencial compradora da fatia da companhia, em resposta a notícias veiculadas na mídia…

… Já Petrobras afirmou que “não tem nenhuma informação que ainda não tenha sido divulgada ao mercado”…

… Novonor também disse que “não há qualquer informação a respeito de potencial interesse da PetroChina na participação indireta na Braskem”.

JBS USA anunciou início de ofertas de compra para adquirir em dinheiro três séries de notas em circulação por um preço de compra agregado combinado, excluindo juros acumulados e não pagos, de até US$ 500 milhões…

… As notas que fazem parte da oferta têm taxas de 6,5%, 5,75% e 6,75%, com vencimentos respectivamente em 2029, 2033 e 2034.

MAGAZINE LUIZA informou que leilão de frações gerou R$ 1,6 milhão, o equivalente a R$ 11,52 por ação.

REDE D’OR aprovou programa de recompra de até 30 milhões de ações.

CCR. Tráfego de veículos nas rodovias caiu 0,8% em maio na comparação anual.

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