Morning Call

Detalhes do corte de R$ 15 bilhões saem no final do dia

Atualizado 29/07/2024 às 23:45:55

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Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[30/07/24]

… Resultados do PIB/2Tri da zona do euro e de vários países da Europa abrem o dia, seguidos pelo relatório Jolts de abertura de vagas em junho nos Estados Unidos (11h). No calendário de balanços, NY espera pela Microsoft, após o fechamento, e ainda esta semana por Apple, Amazon e Meta. Aqui, os investidores repercutem os resultados de Telefônica Brasil (Vivo) e CCR, que saíram ontem à noite, além do relatório de produção e vendas da Petrobras. Hoje tem Klabin antes da abertura e, após o fechamento, Tim, Enauta e 3R Petroleum. Entre os indicadores, o IGP-M de julho (8h) deve desacelerar a alta e o Caged (14h30) deve mostrar a criação de mais empregos com carteira assinada em junho. Em Brasília, o decreto presidencial com os detalhes dos cortes de R$ 15 bilhões só deve ser divulgado no fim da tarde.

… O decreto vai trazer os órgãos afetados pelos bloqueios, que somam R$ 11,2 bilhões e servem para adequação ao limite de despesas, e pelo contingenciamento de R$ 3,8 bilhões, congelado para o cumprimento da meta, de um déficit de 0,25% do PIB (R$ 28,8 bilhões).

… Tanto o ministro da Casa Civil, Rui Costa, quanto o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disseram que todas as pastas devem ser afetadas pela contenção. As emendas parlamentares só poderão ser contingenciadas no limite de R$ 882,4 milhões.

… Os ministérios com maior Orçamento devem ter as maiores contenções, levando em conta o total de gastos livres de cada um. Em tese, serão mais afetados Cidades, Transportes e Saúde. Fontes dos ministérios afirmam que ainda desconhecem as áreas dos cortes.

… Interlocutores da equipe econômica ouvidos pelo Estadão dizem que o detalhamento será informado apenas hoje às pastas atingidas.

… Rubricas orçamentárias passíveis de apresentação de emendas parlamentares tendem a entrar no rol do congelamento.

… Mais cedo, o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, disse à CNN que “hoje temos condição de atingir a meta fiscal com as medidas que estão sendo tomadas. No próximo [Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas], se for necessário, a gente ajusta”.

… É consensual no mercado a avaliação de que um novo contingenciamento será necessário para cumprir as metas do arcabouço. Nesta 2ªF, o setor público consolidado registrou déficit primário de R$ 40,873 bilhões em junho, o maior para o mês desde 2023.

… Além disso, o crescimento da Dívida Bruta do Governo Federal para R$ 8,691 trilhões em junho elevou a proporção com o PIB a 77,8%, contra 76,7% em maio e 74,4% em dezembro do ano passado. O pico foi em 2020 (87,6%), na pandemia da Covid.

… As dificuldades fiscais são um dos três fatores de risco que serão considerados pelo Copom, na reunião que começa hoje, junto com a contínua deterioração das expectativas inflacionárias e a aguda depreciação do câmbio.

… As projeções para o IPCA de 2024 (de 4,05% para 4,10%) e de 2025 (de 3,90% para 3,96%) voltaram a subir na pesquisa Focus desta 2ªF, descolando-se ainda mais do centro da meta e resgatando apostas de que o BC poderá ser obrigado a subir a Selic.

… Economistas do mercado ouvidos pelo Broadcast calculam que a projeção do comitê para a inflação do ano que vem deve saltar de 3,1% na reunião de junho para até 3,5% agora, já considerando o “cenário alternativo”, com juros estáveis até o fim do ano que vem.

… Ou seja, mesmo com a Selic em 10,5% pelos próximos 17 meses, o IPCA ainda superaria o centro da meta, de 3%.

… A piora do cenário deve exigir que o Copom eleve o tom da comunicação e adote uma postura dependente de dados, enquanto aguarda a evolução do cenário econômico até setembro. Não seria aconselhável uma sinalização muito dura do BC.

… Para o estrategista-chefe da Warren, Sergio Goldenstein, isso seria “precipitado” e poderia levar analistas a projetarem a probabilidade ainda maior de alta dos juros na próxima reunião. “O Banco Central ficaria refém do mercado.”

… Segundo ele, o ideal seria o Comitê aguardar em que patamar a taxa de câmbio irá se acomodar para, só então, avaliar seus potenciais impactos sobre a inflação e as expectativas. Mesmo porque, a escalada do dólar recente difere do observado em junho.

… Enquanto anteriormente um dos principais fatores foi o aumento do prêmio de risco, devido ao agravamento dos temores com relação ao quadro fiscal, a depreciação adicional desde então pode ser atribuída a fatores conjunturais e não deve ser vista como permanente.

… Dentre os fatores que pressionaram o câmbio recentemente, diz Goldenstein, estão o desmonte de operações de carry trade devido à valorização do iene, a redução de alocações de estrangeiros em países da AL e a valorização do dólar contra as moedas emergentes.

… Nesta 2ªF, mesmo com o dólar em queda isolada contra o real, os juros futuros voltaram a subir (abaixo).

PETROBRAS – Produção de petróleo aumentou 2,6% no 2Tri contra o 2Tri/23, para 2,156 mi bpd, em relatório divulgado ontem à noite.

… A produção de óleo e gás subiu 2,4% na comparação anual, para 2,699 mi boed, a produção comercial de óleo e gás avançou 1,9%, para 2,356 mi boed, e a produção de óleo e gás subiu 3% no 1º semestre, contra o mesmo período do ano passado, a 2,737 mi boed.

… Após o relatório, o ADR de Petrobras chegou a subir, mas fechou levemente negativo (-0,07%).

MAIS AGENDA – Na véspera do comunicado do Copom, o IGP-M (8h) deve desacelerar para 0,47% em julho, após alta de 0,81% em junho. Mesmo no teto das projeções (0,68%), ainda deve vir abaixo do mês anterior.

… O piso do intervalo das estimativas de pesquisa Broadcast é de 0,35% para o dado de inflação.

… No mercado de trabalho, o Caged deve apontar a criação líquida de 165 mil vagas com carteira assinada em junho, melhor do que em maio (saldo positivo de 131.811 vagas). As apostas variam de 110 mil a 215 mil.

LÁ FORA – Nos EUA, o relatório Jolts (11h) deve apontar a abertura de 8 milhões de vagas de emprego em junho. No mesmo horário, sai a confiança do consumidor medida pelo Conference Board em julho (99,5).

… A primeira leitura do PIB/2Tri sai hoje na zona do euro (6h) e Alemanha (5h), onde tem ainda o CPI de julho.

FAZ O HEDGE – O DI se mantém em alerta com a impressão entre economistas de que, mesmo com Selic engessada em 10,50% por quase um ano e meio no cenário alternativo do Copom, a inflação ainda superaria o centro da meta.

… Pelos cálculos do Itaú, a Selic precisa atingir ao menos 11% para promover a convergência ao alvo, o que deve levar o Copom a renovar a promessa de vigilância e não descartar eventual retomada de alta do juro se preciso.

… Mas o ex-BC Alexandre Schwartsman (da A.C. Pastore) concorda com a ponderação de Sergio Goldenstein de que o BC não pode subir demais a temperatura da comunicação para não virar refém de seu próprio discurso.

… O Santander espera tom hawkish do Copom, porém não antecipa mudanças na avaliação do risco de inflação.

… O economista do banco Marco Caruso observa que, desde a reunião anterior de política monetária, em junho, quando o Copom optou por pausa, alguns riscos pioraram, mas outras incertezas se tornaram mais brandas.

… A mais importante mudança adversa foi o câmbio, com o dólar chegando a R$ 5,65, disse. Mas houve um esforço fiscal com o congelamento orçamentário e surpresa positiva com a inflação e os dados de emprego nos EUA.

… Boa parte da curva do DI não relaxou a guarda ontem, apesar do alívio do dólar. Os juros exibiram desconforto com a deterioração das apostas do IPCA no Focus e piora nas contas públicas, evidenciada pelo déficit primário.  

… O Jan/26 subiu a 11,730% (de 11,690% na 6ªF); Jan/27, a 12,000% (de 11,940%); e Jan/29, 12,180% (de 12,120%). O Jan/31 fechou estável, a 12,180%, e o só o Jan/25 conseguiu refletir, em alguma medida, a queda do dólar.

… Caiu a 10,735%, contra 10,755% no pregão anterior, com a moeda americana em queda de 0,57%, a R$ 5,6255. Traders citaram fluxo pontual de exportadores, depois de o dólar ficar atrativo para venda ao nível de R$ 5,65.

… Em segundo plano, o câmbio já pode estar reagindo aos interesses relacionados à briga da ptax neste fim de mês.

A VILÃ DO DIA – Petrobras foi a responsável ontem pela queda moderada de 0,42% do Ibovespa, que entregou os 127 mil pontos (126.953,86) e, de novo, registrou volume financeiro pouco expressivo, de R$ 17,5 bilhões.

… As ações da companhia sofreram um golpe duplo: sentiram a queda firme do petróleo e embutiram o risco de a empresa reduzir o volume de dividendos distribuídos a acionistas, depois de uma oferta para um bloco da Galp.  

… “A notícia eleva o risco de a empresa realizar fusões e aquisições mais agressivas e, consequentemente, esses movimentos reduzirem o pagamentos de dividendos”, explicou ao Broadcast o analista Rafael Passos (Ajax).

… Também alguma cautela antes da divulgação ontem à noite do relatório de produção e vendas no 2Tri pode ter ajudado a pesar para os papéis. ON registrou desvalorização de 2,52% (R$ 39,82) e o PN caiu 2,02% (R$ 36,88).

… Lá fora, o barril do Brent para outubro caiu 1,53% e fechou no menor nível em sete semanas, a US$ 79,05, derrubado pelo dólar mais forte, pelo receio de demanda fraca da China e frustração antecipada com a Opep.

… A expectativa é de que o cartel não mexa nos níveis de produção já acordados na reunião da próxima 5ªF.

… Outro foco negativo do Ibov partiu do tombo de 4,42% da Usiminas, após o BofA rebaixar a recomendação do papel de neutra para underperform (equivalente a venda), em decorrência do balanço “decepcionante” do 2Tri.

… O avanço dos juros futuros prejudicou papéis mais sensíveis ao ciclo econômico, caso de Magazine Luiza (-5,80%), Vamos (-4,36%), Petz (-4,31%), LWSA (-4,27%), GPA (-4,20%), Azul PN (-3,39%) e Localiza (-3,03%).

… Vale limitou a alta a 0,18%, cotada a R$ 61,58, seguindo a apatia do minério de ferro (+0,06%).

… Já os bancos avançaram. Santander (+1,13%; R$ 28,54) figurou entre as maiores altas do dia. Itaú subiu 0,73% (R$ 34,49); Bradesco PN, +0,40% (R$ 12,50); e BB, +0,15% (R$ 27,16). Bradesco ON ficou estável (R$ 11,33).

REAÇÃO CONFUSA – Pela lógica, o dólar poderia ter caído no exterior, diante da aposta de que o Fed sinalize amanhã corte do juro em setembro. Mas as agências internacionais citaram que houve algum apelo defensivo.

… Na avaliação do banco de investimentos BBH, indicadores firmes recentes sugerem que o mercado ainda está excessivamente otimista quanto às perspectivas de velocidade no ciclo de relaxamento monetário pelo Fed.

… Ou foi esta percepção que pressionou o dólar ontem, ou tudo não passou de um ajuste natural. O índice DXY registrou alta de 0,24%, a 104,564 pontos, com o dólar subindo contra os seus três principais rivais.

… O iene caiu 0,14%, a 154,01/US$, apesar de o BoJ estar sob crescente pressão para acelerar o ritmo de normalização da política monetária. O ING projeta que o juro japonês será elevado em 15pb hoje à noite.

… Para o BoE (5ªF), a maioria dos economistas espera redução das taxas pela primeira vez desde a pandemia, segundo pesquisa da Bloomberg. Muitos preveem votação apertada, com chances de 45% de corte de 25pb.

… O investidor precifica um ciclo lento de cortes nos juros no Reino Unido, com só duas doses de queda de 25pb até o fim do ano. Às vésperas da decisão, a libra fechou estável (-0,03%), a US$ 1,2866. O euro caiu 0,30%, a US$ 1,0826.

… Entre os Treasuries, as taxas dos títulos mais longos ampliaram as perdas na segunda metade do pregão, após o Tesouro americano informar que pretende tomar menos empréstimos do que o esperado neste 3Tri.

… O plano agora é levantar US$ 740 bilhões entre julho e setembro, ou US$ 106 bilhões a menos do que o esperado em abril. Amanhã, acontece a divulgação do anúncio de refinanciamento do Tesouro dos EUA.

… O retorno da Note de 10 anos recuou a 4,171%, de 4,194% no pregão anterior, e o do T-Bond de 30 anos caiu para 4,420%, contra 4,451%. Já o da Note de 2 anos subiu para 4,389%, de 4,386% na última 6ªF do PCE sob controle.

… Sem querer arriscar antes da nova rodada de balanços das magníficas, as bolsas em NY se protegeram perto da estabilidade: Nasdaq (+0,07%; 17.370,20 pontos), S&P 500 (+0,08%; 5.463,54) e Dow Jones (-0,12%; 40.539,93).

EM TEMPO… TELEFÔNICA registrou lucro líquido de R$ 1,222 bilhão no 2TRI, alta de 8,9% na comparação anual; Ebitda somou R$ 5,455 bilhões, avanço de 7,3% em relação ao mesmo período de 2023…

… Citi tem recomendação de compra para a ação da empresa, com preço-alvo de R$ 58,00; para o banco, companhia manteve ritmo alto de crescimento da receita no 2TRI, mas despesas tiraram um pouco do brilho dos resultados.

CCR registrou lucro líquido ajustado de R$ 411 milhões no 2TRI, alta de 102% na comparação anual; Ebitda ajustado somou R$ 2 bilhões, avanço de 14,4% em relação ao mesmo período de 2023…

… Impactos da tragédia no Rio Grande do Sul na ViaSul, rodovia administrada pela empresa, estão sendo discutidos entre a companhia e o poder concedente…

… Tráfego na ViaSul foi impactado pelas chuvas, registrando queda de 13,9% no número de veículos equivalentes no 2TRI em relação ao mesmo período do ano passado.

PETROBRAS assinou nesta 2ªF acordo de cooperação técnica com a Controladoria Geral da União (CGU) para aprimorar mecanismos de controle da companhia e de prevenção e combate à corrupção.

ELETROBRAS reiterou que trabalhos na Câmara de Mediação e de Conciliação da Administração Pública Federal (CCAF) visando uma “solução consensual e amigável” com a União seguem em andamento…

… Companhia disse ainda que “permanece engajada na tentativa de conciliação” com o governo…

… Arbitragem ocorre por decisão do ministro do STF Kássio Nunes Marques, relator da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) que questiona trechos da lei de privatização da Eletrobras.

EQUATORIAL iniciou no sábado a operação comercial total da Usina Fotovoltaica Barreiras I (UFV Barreiras 1), no município de Barreiras (BA)…

… Receita Anual Permitida (RAP) para ciclo 2024-2025, definido pela Aneel, totaliza R$ 1,233 bilhão, alta de 4% em comparação a ciclo 2023-2024.

ENEVA. Geração bruta de energia totaliza 848 gigawatts-hora (GWh) no 2TRI.

WEG. Citi tem recomendação de compra para Weg, com preço-alvo de R$ 54; banco avalia que escassez de equipamentos de energia no mercado global é positiva para a precificação do segmento de energia da empresa.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.

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