Morning Call

Dia tem IBC-Br, dados em NY e chance de recorde no Ibov

Atualizado 16/08/2024 às 01:37:22

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Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[16/08/24]

… Cada vez mais fechado para a aposta de que o Fed vai estrear o ciclo com corte menor no juro (25pb), o mercado confere hoje a pesquisa da Universidade de Michigan sobre as expectativas de inflação dos consumidores (11h), além das construções de moradias iniciadas em julho (9h30). Semana que vem (6ªF), Powell fala em Jackson Hole. Em meio ao otimismo em NY, o Ibovespa está a um triz de renovar sua máxima histórica. Na agenda doméstica, o IBC-Br (9h) deve acelerar a alta em junho e pode reforçar o risco de retomada de um aperto da Selic, que já vem sendo ventilado pelas mensagens dos integrantes do Copom. Campos Neto palestra, às 10h, no evento aberto Barclays Day, em SP, e o governo tenta apressar a indicação do novo presidente do BC.

… Galípolo será indicado em duas semanas para comandar o BC, segundo fontes de Gerson Camarotti. No blog do g1, as falas recentes do diretor do BC endurecendo o tom da política monetária têm o aval do Planalto.

… No jogo combinado, Lula entende ser preciso dar musculatura e credibilidade para Galípolo assumir o cargo.

… O governo vê uma brecha no Congresso para indicar o novo presidente do BC ainda agora em agosto e aproveitar o esforço concentrado dos parlamentares antes das eleições municipais para votar a nomeação.

… A imprensa apurou que Lula avalia um anúncio em bloco dos novos nomes para o BC, além de Galípolo. O presidente avalia enviar, de uma vez só, nas próximas semanas, todas as próximas quatro indicações à diretoria.

… Caso aprovadas pelo Senado, Lula passará a ter maioria de sete indicados no Copom, que tem nove membros.

… Para o lugar de Galípolo na diretoria de Política Monetária, um nome considerado é o do economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato, que tem bom trânsito na Fazenda e entre líderes do governo, apurou a Reuters.

… Marcelo Kayath, sócio da QMS Capital e ex-diretor do Credit Suisse no País, foi sondado, mas teria declinado.

… Para a diretoria de Regulação, ocupada por Otávio Damaso, um candidato é Gilneu Vivan, atual chefe do Depto de Regulação. Para a diretoria de Relacionamento, Juliana Mozachi pode substituir Carolina Barros.

… A indicação conjunta dos nomes agilizaria o processo de sabatina e votação no plenário do Senado.

… No caso de Galípolo, a indicação antecipada (o mandato de Campos Neto só termina em dezembro) evitaria surpresas e daria mais tempo para o mercado absorver a transição, num cálculo econômico importante.

… De quebra, ainda diminuiria o poder de RCN, o que, de certa forma, já vem acontecendo. Galípolo tem roubado a cena e os elogios da Faria Lima, ao vestir o figurino de falcão, duro na queda contra a inflação.

DESONERAÇÃO – Pacheco adiou de ontem para a próxima 3ªF a votação do projeto de lei da desoneração da folha de pagamentos. Segundo ele, os partidos apresentaram uma “quantidade considerável” de emendas.

… Relator do projeto na Casa, o senador Jaques Wagner reconheceu que há dois pontos polêmicos no relatório já apresentado: aumento para 20% da alíquota do IR sobre JCP e a regra para empresas manterem emprego.

… Senadores da oposição apresentaram destaque para retirar ambos os trechos do texto final. Jaques Wagner se comprometeu a apresentar na 2ªF uma nova versão de seu relatório para tentar vencer as resistências.

… A aprovação das medidas compensatórias à desoneração é observada de perto pelo mercado, diante das dificuldades fiscais enfrentadas, com frustração das receitas para cobrir o rombo das contas públicas.

… No cálculo da Instituição Fiscal Independente (IFI), o governo precisa gerar superávit primário de R$ 36 bi até dezembro para chegar ao limite inferior da meta fiscal do ano: déficit de R$ 28,8 bi, equivalente a 0,25% do PIB.

… Reportagem do Broadcast informa que, até o momento, a Receita conseguiu a adesão de só 17 contribuintes às condições especiais de pagamento introduzidas na lei do Carf, que devem gerar R$ 87 milhões ao cofres.

… O resultado frustra a Fazenda, que esperava número maior de adesões para ampliar as receitas e atingir as metas. Já nesta 5ªF, operadores identificaram algum desconforto nos negócios com os ruídos fiscais (abaixo).

DINO X CONGRESSO – Aguerra entre os Poderes ameaça travar o ritmo do andamento de agendas importantes do governo, segundo o Broadcast Político, e pode jogar a regulamentação da reforma tributária para 2025.

… A Câmara, Senado e 11 partidos (PT, PL, União Brasil, PP, PSD, PSB, Republicanos, PSDB, PDT, Solidariedade e MDB) recorreram ao STF para suspender a liminar de Dino que interrompe a execução de emendas impositivas.

… A intenção é pressionar Luis Roberto Barroso para se manifestar a respeito do que consideram abuso de prerrogativa de Dino, que exige “eficiência, transparência e rastreabilidade” aos repasses do Congresso.  

… O pedido do Congresso e dos partidos para que Barroso casse as liminares de Dino foi feito um dia antes do início do julgamento pelo STF das decisões monocráticas de Dino no plenário virtual, que começou à meia-noite.

… Como relator, Dino foi o primeiro a votar e defendeu a manutenção de sua decisão liminar. Os demais ministros vão votar na plataforma online, em uma sessão extraordinária que terá duração de 24 horas.

REFORMA TRIBUTÁRIA – O pedido do relator Eduardo Braga a Haddad para que a regulamentação do texto não seja apressada no Senado abriu crise com Lira, que não aceita tratamento diferente do dispensado à Câmara.

… A matéria foi votada pelos deputados sob regime de urgência e Lira exige celeridade também no Senado.

… Ele argumenta que um atraso na tramitação pode fazer com que lobbies econômicos provoquem mudanças no texto aprovado na Câmara. O impasse contamina a votação do segundo texto da regulamentação da reforma.

… A apreciação dos destaques estava prevista acontecer na última 4ªF, mas Lira segurou a pauta e sinalizou que a votação só vai andar quando se dissolver o impasse sobre a tramitação da reforma tributária no Senado.

MAIS AGENDA – O crescimento da produção industrial e do volume de serviços em junho deve sustentar a terceira alta consecutiva do IBC-Br, para 0,50% em junho (mediana do Broadcast), contra 0,25% em maio.

… As estimativas, todas positivas, vão de 0,20% a 1,40%. Na comparação anualizada, o “PIB do BC” deve crescer 2,50%, acelerando em relação à alta anterior, de 1,30% em maio. O piso projetado é de 0,20% e o teto, 4,10%.

… Antes do IBC-Br, saem dois dados de inflação, às 8h: a prévia do IPC-S e o IGP-10 de agosto, que deve acelerar para 0,70% em agosto, após subir 0,45% em julho. As projeções são todas positivas e variam de 0,35% a 0,95%.

… Às 9h30, os diretores do BC Diogo Guillen e Paulo Picchetti participam de reunião com economistas. Otavio Ribeiro Damaso profere palestra à tarde (16h) sobre “Inovação e Tecnologia”, no Voga Conference 2024.

NOS EUA – Às 14h25, Goolsbee (Fed) fala em evento. Às 14h, saem os dados de petróleo da Baker Hughes.

TÃO LONGE, TÃO PERTO – Quem sabe hoje, se os comprados derem uma força no exercício das opções, o Ibov consiga vencer a curtíssima distância (só 40 pontos) até o recorde de todos os tempos (134.193,71 pontos).

… Em sinal de que quer igualar o topo e ir além, o índice à vista estabeleceu ontem o seu mais novo pico intraday, aos 134.574,50 pontos, desbancando o recorde anterior de 134.391,67 pontos, que havia sido batido em dezembro.

… Mas alguma fadiga chamou uma mini-realização de lucro e, assim, ainda não foi desta vez que a bolsa partiu para a façanha de uma nova máxima histórica de fechamento. Mas bancou a 8ª alta seguida e se firmou acima dos 134 mil.

… Fechou em alta de 0,63%, aos 134.153,42 pontos. O volume financeiro do dia somou R$ 27,2 bilhões. Influenciado pelo bom humor externo, o desempenho dos papéis da Petrobras e dos bancos ajudou a dar impulso ao Ibovespa.

… Itaú subiu 1,59% (R$ 37,05), Bradesco ON ganhou 1,27% (R$ 13,56), Bradesco PN avançou 1,00% (R$ 15,16) e Banco do Brasil teve elevação de 0,79% (R$ 28,15). Isolado, só Santander fechou estável (-0,03%, a R$ 30,03).

… Colada ao petróleo, Petrobras ON registrou +1,02% (R$ 41,40) e Petrobras PN, +1,54% (R$ 38,34). Lá fora, dados  fortes nos EUA (abaixo) ofuscaram os temores persistentes sobre o enfraquecimento da demanda na China.

… Além disso, a cotação do barril foi influenciada pela geopolítica. O mercado aguarda potencial ataque a Israel por parte do Irã, em reação ao assassinato do líder político do Hamas. O Brent/out subiu 1,60%, a US$ 81,04.

… Vale interrompeu três pregões em queda e subiu 0,41%, para R$ 56,23, conseguindo se desvencilhar da espiral de baixa do minério de ferro (-2%), na quarta baixa consecutiva, para o menor nível em quase dois anos.

… Na liderança do ranking positivo do Ibovespa, IRB disparou 30,66% (R$ 42,49), após reportar um salto de 224,6% no lucro líquido do 2TRI. Em seguida na lista, Alpargatas avançou 4,83% e Magalu subiu 4,32%.

… Na ponta negativa, Petz recuou 9,69%, a R$ 3,45, após registrar queda de 79,8% no lucro líquido do trimestre. Outros destaques entre as maiores perdas foram Natura (-5,76%; R$ 13,90) e Cemig (-3,84%; R$ 11,51).

PRESSÃO DUPLA – Dois fatores colocaram o dólar ontem novamente perto da marca dos R$ 5,50: a alta da moeda em escala global com os dados fortes nos EUA e os ruídos políticos e fiscais em Brasília.

… Não tem sido tranquila a volta do Congresso do recesso, com a demora na regulamentação da reforma tributária e na votação da desoneração, sem falar no desconforto deflagrado pela crise das emendas de Dino.

… Em recomposição parcial das posições defensivas, o real não conseguiu desfrutar do tombo de mais de 1% do iene (favorável ao carry trade) e tampouco faturou a alta do petróleo (favorável aos países produtores).

… Após tocar a mínima de R$ 5,4513 pela manhã, o dólar virou. Mas fechou comportado, em alta moderada de 0,27%, cotado a R$ 5,4838. Ainda cai 0,57% na semana e acumula desvalorização de 3,03% em agosto.

… A percepção consolidada de que o Fed pode ser mais econômico na dose de corte do juro em setembro (25pb) puxou as taxas dos Treasuries e, por aqui, os juros futuros acompanharam a pressão externa.

… Também a virada do dólar para o positivo contribuiu para recompor prêmio de risco na curva do DI.

… No fechamento, o DI para Jan/25 estava em 10,785% (contra 10,753% no pregão anterior); Jan/26, 11,530% (de 11,411%); Jan/27, 11,490%  (de 11,350%); Jan/29, 11,470% (de 11,399%); e Jan/31, estável, 11,430%.

GOOD NEWS IS GOOD NEWS – “Estamos de volta a um ambiente em que boas notícias são boas notícias em NY”, resumiu Bret Kenwell (eToro). “Investidores querem que a inflação caia, mas não às custas da economia.”

… Os comentários ilustram o sentimento de alívio dos mercados nesta 5ªF com a nova rodada de dados fortes de atividade nos EUA, que repercutiram muito bem, depois do pesadelo de recessão despertado pelo payroll.

… As vendas no varejo em julho (1%) cresceram mais do que o triplo do previsto (+0,3%), depois de terem ficado estáveis em junho, em uma sinalização importante do consumo, que representa cerca de 2/3 do PIB dos EUA.

… Além disso, o número de americanos que entraram com pedidos de auxílio-desemprego caiu semana passada (-7 mil, a 227 mil, abaixo do consenso de 233 mil), indicando que o mercado de trabalho não está tão fraco.

… Alberto Musalem (Fed) disse que a mão de obra apertada já não representa risco ascendente claro à inflação.

… Ainda ontem, a produção industrial recuou 0,6% ante junho, pior que a previsão (-0,3%). Mas a consultoria Capital Economics ressalvou que o dado refletiu interrupções temporárias, que devem ser revertidas em agosto.

… Com os indicadores apontando para uma economia aquecida, cresceu ainda mais a chance de o Fed abrir o ciclo de cortes do juro com uma dose menos agressiva, de 25pb (74,5% no CME), contra 25,5% de redução de 50pb.

… As apostas em um Fed mais conservador dispararam as taxas dos Treasuries, sustentaram o dólar e derrubaram o índice de volatilidade VIX abaixo dos 15 pontos, voltando ao nível da pré-turbulência do payroll.

… Mesmo com a precificação de um Fed menos dovish, as bolsas em Wall Street deslancharam, porque tudo o que ninguém quer é ter que administrar o perigo de um hard landing na economia norte-americana.

… O S&P 500 avançou 1,61%, a 5.543,22 pontos, e zerou as perdas acumuladas em agosto. Nasdaq ganhou  2,34%, a 17.594,50 pontos, e também está quase virando para o positivo no mês. Dow subiu 1,39% (40.563,06).

… No ajuste à chance de corte menor do juro do Fed em setembro, o juro da Note de 2 anos subiu de 3,957% para 4,095%. A taxa do título de 10 anos avançou de 3,832% para 3,914%, mas ainda seguiu abaixo de 4%.

… Com a tese esvaziada de pouso forçado nos EUA, o índice DXY, que mede a força do dólar, avançou 0,40%, para quase 103 pontos (102,977). O euro caiu 0,35%, a US$ 1,0977, e o iene derreteu 1,42%, para 149,00/US$.

… O tombo foi provocado pelo alívio de que um megaterremoto alertado no Japão não deve ocorrer.

… Só a libra esterlina subiu (+0,24%), a US$ 1,2855, com dados fortes de atividade no Reino Unido. O PIB/2Tri (+0,9% na comparação anual) e a produção industrial (+0,8%) superaram o esperado (0,6% e 0,3%, pela ordem).

EM TEMPO… BTG concluiu aquisição do controle acionário do Banco Nacional e submeterá no prazo legal à CVM pedido de registro de oferta pública unificada de aquisição de até a totalidade das ações remanescentes de emissão.

ELETROBRAS lançou programa de demissão consensual incentivada. Em março, na teleconferência de resultados, o presidente da empresa, Ivan Monteiro, afirmou que não era esperado o anúncio de novos PDVs.

GERDAU informou que a Addiante, joint-venture da Gerdau Next com a Randon, celebrou contrato de locação de equipamentos com a Ambipar…

… Negócio prevê a compra de 1.607 veículos pela Addiante, que deverão ser substituídos por nova frota em até 24 meses; após a substituição de cada veículo por um novo, Ambipar deverá locá-los por período mínimo de 60 meses.

SABESP. BB Investimentos elevou preço-alvo da ação de R$ 76,50 para R$ 101, mantendo recomendação neutra; mudança ocorreu após revisão do modelo, devido à “excelente performance operacional” da companhia no 2TRI.

RUMO fará 7ª emissão de debêntures no valor de R$ 800 milhões.

SUZANO concluiu programa de recompra de ações, iniciado em janeiro, após adquirir 40 milhões de papéis em pregão; ativos foram recomprados ao preço médio de R$ 54,81 cada, resultando em R$ 2,19 bi gastos no programa…

… Agora, a companhia detém 13,7 milhões de ações em tesouraria.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.

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