Morning Call

Haddad e Campos Neto falam em evento do BTG Pactual

Atualizado 19/08/2024 às 23:43:09

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Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[20/08/24]

… O banco central da China (PBOC) manteve os juros das LPRs de 1 anos e 5 anos estáveis em 3,35% e 3,85%, respectivamente, nesta 3ªF, em meio à grande expectativa de que Powell confirme em Jackson Hole a inflexão da política monetária nos EUA, na 6ªF. O mercado já antecipa a aposta de uma sinalização mais firme do primeiro corte em setembro derrubando o dólar em escala global. Aqui, as chances de alta da Selic, novamente admitidas por Galípolo, ampliaram a atratividade do carry trade, provocando forte apreciação do real. O dólar chegou a furar R$ 5,40 no intraday, enquanto a curva de juros perdia inclinação e o Ibov marcava recorde histórico, a um triz de vencer os 136 mil pontos. Em dia sem indicadores importantes, o Macro Day do BTG Pactual movimenta hoje os mercados.

… O evento terá a participação de Fernando Haddad (9h10), Campos Neto (10h) e do presidente da Câmara, Arthur Lira (17h20).

… No exterior, as atenções se voltam para as declarações do dirigente do Fed/Atlanta, Raphael Bostic (14h35). Mais cedo, a zona do euro divulga a inflação do consumidor de julho (6h) e o BC da Turquia anuncia decisão sobre juros (8h).

… Em discurso à noite em NY, o presidente do BC finlandês, Olli Rehn, destacou o aumento dos riscos de retração da economia na zona do euro para defender que reforçam o argumento da favor de um corte nas taxas de juro do BCE em setembro.

… Os mercados globais iniciaram a semana no pico de animação, na contagem regressiva para Jackson Hole, que tradicionalmente é palco do anúncio de mudanças na política do Fed. As pistas já estão dadas, mas a mensagem de Powell fará toda a diferença.

… Depois das ondas de estresse e volatilidade diante dos riscos de um hard landing, os investidores já acreditam em um pouso suave, com um processo tranquilo de queda dos juros, acompanhado de desinflação. Esse também é o melhor cenário para os emergentes.

… Um quadro de recessão da economia americana, que exigiria mão mais pesada do Fed, seria muito negativo para o resto do mundo.

… Na ferramenta do CME, a probabilidade de um corte de 25 pontos-base do juro nos EUA em setembro passa dos 70%, enquanto menos de 30% ainda acreditam em uma queda maior, de 50 pontos. Powell deve ajustar as apostas até o fim do ano.

… No Brasil, o cenário externo mais favorável soma-se à confiança recuperada na condução da política monetária do novo Banco Central a partir de janeiro para projetar a continuidade da valorização do real. Galípolo deu conta desse primeiro desafio.

… Cotado para ser o substituto de Campos Neto, o diretor de Política Monetária endureceu suas falas nas últimas semanas, convencendo o mercado de que não haverá concessões políticas e nem cavalo de pau em sua provável gestão.

… Galípolo voltou a dizer que, na opinião dele, o balanço de riscos está assimétrico, com mais riscos pendentes para a alta da inflação, mas insistiu que isso não pode ser tomado como um guidance, que o BC está dependente de dados e todas as opções estão na mesa.

… A mensagem já começou a ter efeitos nas expectativas de inflação de 2025, que voltaram a ser reduzidas na pesquisa Focus, de 3,97% a 3,91%, embora ainda estejam acima da meta de 3%. Além disso, o expurgo da pressão cambial é outra boa notícia.

… Resta saber se, para o Copom, esses alívios serão suficientes para manter a Selic estável em 10,5%, quando a curva do DI ainda precifica aumentos de 50 pontos-base nas três últimas reuniões deste ano, já a partir de setembro.

… Também algumas casas, como o BTG Pactual, revisam em alta a sua projeção para os juros, passando a esperar aumento inicial de 25pbs em setembro, seguido de duas altas de 50pbs em novembro e dezembro, além de mais 25pbs em janeiro, com a Selic a 12%.

CHÁ DE CADEIRA – Após uma série de desentendimentos com Haddad, Pacheco descarta realizar a análise do escolhido pelo presidente Lula ao comando do BC antes das eleições municipais, em outubro, segundo apuração do Valor, nos bastidores.

… O Palácio do Planalto planeja fazer a indicação nas próximas duas semanas e Lula já vinha dizendo que, antes, teria de negociar com o presidente do Senado para incluir a sabatina e votação no próximo período de esforço concentrado, no início de setembro.

… Segundo aliados de Pacheco, no entanto, Haddad merece um “chá de cadeira” diante do desgaste na relação por causa do projeto de renegociação da dívida dos Estados, de autoria do presidente do Senado e rejeitado pela Fazenda em muitos pontos.

DESONERAÇÃO – O Senado deve votar hoje o parecer de Jaques Wagner sobre o projeto da desoneração da folha de pagamentos.

… A proposta prevê a reoneração progressiva para as empresas dos 17 setores da economia até 2027. Durante a transição, a alíquota seguirá zerada este ano, passando a 5% em 2025, 10% em 2026, 15% em 2027, chegando ao patamar de 20% em 2028.

… Já os municípios seguirão com a cobrança de 8% em 2024, 12% em 2025, 16% em 2026 e 20% em 2027.

… O relator incluiu no parecer uma série de medidas de compensação, sendo a principal delas o aumento da taxação do JCP de 15% para 20%, a pedido da Fazenda. A expectativa de arrecadação não foi informada nem por Wagner, nem pela equipe econômica.

… O texto prevê a atualização do valor dos bens imóveis, com a tributação incidindo sobre a diferença entre o valor de mercado e o custo de aquisição, com alíquota de 4% no caso das pessoas físicas e, para as empresas, de 6% de IR e 4% de CSLL.

REVISÃO DE GASTOS – O secretário-executivo do Planejamento, Gustavo Guimarães, disse que, se não houver uma decisão do Congresso sobre a compensação da desoneração até o envio do PLOA (30/8), a equipe econômica trabalhará com o cenário “prudente”.

… Isso significa que será considerada uma compensação não suficiente para cobrir o rombo fiscal.

… Em live promovida pelo Bradesco Asset, explicou que o Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2025 vai trazer um anexo específico para detalhar a agenda de revisão de gastos, de modo a dar maior transparência e mostrar o tamanho do esforço fiscal do governo.

… Guimarães citou três eixos da agenda de revisão de gastos: um vertical, que avalia as fraudes e usos indevidos de benefícios e propõe a redução nas distorções; um mais estrutural, que busca modernizar as vinculações no Orçamento; e outro com foco nos subsídios.

… O secretário defendeu ainda a redução do gasto com precatórios até 2027, quando a despesa precisará ser acomodada no Orçamento.

STF – Luiz Roberto Barroso reúne-se hoje com Lira e Pacheco para buscar acordo sobre a execução das emendas impositivas, suspensas por decisão do ministro Flávio Dino e referendada de forma unânime pela Corte.

… Encontro terá a presença de outros ministros do Supremo Tribunal Federal e dos ministros Rui Costa (Casa Civil) e Jorge Messias (AGU).

AGENDA FRACA – A segunda prévia do IGP-M é o único destaque doméstico desta 3ªF.

O BODE FORA DA SALA – Em um ganho importante de credibilidade e reputação do novo BC, os comentários conservadores de Galípolo têm agradado pelo senso técnico. O mercado está gostando de ver a política fora dessa.

… A sinalização de que, se preciso, o Copom será mais duro no curto prazo para aliviar as coisas lá na frente, já tem surtido efeito nas expectativas de inflação e ontem provocou queda no juros futuros de médio e longo prazo.

… Só a ponta curta teve alta isolada, porque é a reação natural e esperada, diante de uma alta da Selic na mesa.

… Faltando quatro semanas para o próximo Copom, Galípolo lembrou ontem que todas as opções estão no radar do BC, porque ainda há indicadores de inflação e de emprego para sair na agenda doméstica, além do Fed lá fora.  

… No fechamento, o DI para Jan/25 subiu para 10,845% (de 10,839% no pregão anterior). Já o Jan/26 caiu a 11,580% (de 11,650%); Jan/27, a 11,410% (de 11,560%); Jan/29, a 11,380% (de 11,500%); e Jan/31, a 11,370% (de 11,490%).

… Segundo pesquisa do Broadcast, a mediana do mercado continua a indicar Selic estável, em 10,50%, no final do ano, mas cresceu de 2% no início do mês para 42% agora a expectativa de uma retomada do aperto monetário.

… Entre 61 instituições consultadas, 25 (ou 41%) anteveem uma elevação da taxa de juro já no próximo Copom, em setembro. Para a maioria (36 casas, ou 59%) porém, o colegiado deve manter juro inalterado no próximo encontro.

… Influenciado pela expectativa de Selic alta por mais tempo e pela fraqueza global do dólar antes de Jackson Hole, o real ostentou ontem o segundo melhor desempenho entre as moedas latinas, atrás apenas do peso chileno.

… O dólar operou abaixo de R$ 5,40 na mínima intraday (R$ 5,3770). Fechou em queda firme de 1,02%, a R$ 5,4120. Desde o auge do nervosismo no início do mês, quando quase bateu R$ 5,75, a moeda já devolveu 5,73%.

… Nem a alta expressiva do iene nesta 2ªF, que poderia influenciar o câmbio, conseguiu melar o avanço do dólar.

IBOV GRITA GOL – Desbancando o recorde do fim do ano passado, o índice à vista da bolsa doméstica estabeleceu a mais nova máxima de todos os tempos, perto da marca dos 136 mil pontos: subiu 1,36%, a 135.777,98 pontos.

… Também renovou o pico histórico intraday, os 136.179,21 pontos. O giro financeiro foi de R$ 25,5 bilhões na sessão. Desde que o mês começou, o Ibovespa acumula ganho de 6,37% e já virou para o positivo no ano (+1,19%).

… Embalado pelo bom humor externo e pelo esvaziamento da percepção de que o novo Copom será politizado, quase 90% da carteira teórica do Ibov fechou no azul. Só não foi ainda melhor, porque Petrobras sentiu o petróleo.

… Petrobras ON cedeu 0,77% (R$ 41,24), na mínima do dia, e PN caiu 0,16% (R$ 38,44). Os papéis registraram queda mais limitada do que o Brent para outubro (-2,54%), a US$ 77,66, que reagiu às negociações de cessar-fogo em Gaza.

… O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse que Israel aceitou a proposta de paz. Porém, ainda não está claro se os líderes do Hamas concordarão com o acordo para impedir a escalada dos conflitos no Oriente Médio.

… Ainda entre as commodities, o minério deu um tempo nas baixas em série e teve uma recuperação parcial (+0,71%), animando a Vale (ON, +1,60%, a R$ 56,98), Usiminas (PNA, +6,91%), CSN (ON +6,19%) e Gerdau (+2,50%).

… Sinal positivo também entre os bancos. Bradesco puxou os ganhos no setor, com salto de 5,62% (ON; R$ 14,09) e de 4,48% (PN; R$ 15,64), depois de o Goldman Sachs ter elevado a recomendação dos papéis de neutro para compra.

… Itaú ganhou 0,60%, a R$ 36,96, Santander teve elevação de 1,69% (R$ 30,75) e BB ON subiu 2,68%, a R$ 29,13.

… Petz disparou 23,87%, a R$ 23,87, ainda repercutindo a conclusão da combinação de negócios com a Cobasi. Em seguida, Marfrig avançou 13,19% (R$ 14,58), beneficiada pela elevação do preço-alvo do papel pelo BofA.

… Com o alívio dos juros futuros em grande parte da curva do DI, ações cíclicas se destacaram no ranking positivo, como foi o caso de LWSA (+12,74%; R$ 5,22%), CVC (+12,04%; R$ 2,14) e Magazine Luiza (+10,65%; R$ 13,92).

SUAVE NA NAVE – Os números não mentem sobre a melhora da percepção de risco em NY, reforçada ontem pela esperança de cessar-fogo em Gaza e expectativa de que Powell confirme o início dos cortes de juros em setembro.

… Contando os dias para Jackson Hole, o Nasdaq e o S&P 500 completaram oito pregões consecutivos de alta, na melhor sequência do ano, e o índice DXY, que mede o apelo defensivo pelo dólar, caiu à mínima desde janeiro.

… O mercado também vai monitorar a participação do presidente do BoJ, Kazuo Ueda, em Jackson Hole, já que o grande desmonte das operações de carry trade após a alta surpresa do juro do Japão em julho continua a repercutir.

… O diferencial da política monetária entre as economias americana e japonesa favorece o iene, que continuará ganhando terreno no curto prazo, acredita a Capital Economics. Ontem, a moeda asiática subiu 0,68%, a 146,62/US$.

… Com a guerra que pode acabar e Powell que tem tudo para vir dovish, o investidor saiu das posições de proteção no dólar, beneficiando o euro (+0,52%), que chegou a US$ 1,1084, e a libra esterlina (+0,36%, cotada a US$ 1,2994).

… O índice DXY, que compara o dólar a outras seis divisas fortes, caiu 0,56% e furou os 102 pontos (101,886).

… Diante da menor procura pela segurança dos Treasuries de curto prazo, o juro da Note-2 anos subiu de 4,058% para 4,069%. Já o de 10 anos caiu de 3,885% para 3,867% e o do T-Bond de 30 anos recuou de 4,141% para 4,117%.

… Em Wall Street, as bolsas pegaram ritmo. O índice Dow Jones subiu 0,58%, aos 40.896,53 pontos; o S&P 500 avançou 0,97%, aos 5.608,25 pontos; e o Nasdaq fechou em alta firme de 1,39%, aos 17.876,77 pontos.

… AMD (+4,52%) se sobressaiu no campo positivo, após anunciar a aquisição da fabricante de servidores ZT Systems.

… O Goldman Sachs reduziu a estimativa de recessão nos EUA de 25% para 20%, à medida que novos dados do mercado de trabalho e de vendas no varejo provocaram uma mudança recente de humor para melhor.

… Economistas do banco observam que várias economias menores, incluindo o Canadá, tiveram aumentos consideráveis ​​na taxa de desemprego no ciclo atual sem embarcar em um processos recessivo.

… De seu lado, o Wells Fargo reconhece o risco de recessão nos EUA, mas ainda espera um cenário de pouso suave e projeta um relaxamento monetário mais agressivo do Fed, com corte de 50pb nos juros em setembro e novembro.

EM TEMPO… MINERVA anunciou a aquisição de 98% das ações ON da Irapuru II Energia S.A., subsidiária da Elera Energia S.A; valor da compra é de R$ 20 milhões…

… Com a transação, a companhia visa implementar um projeto de autoprodução de energia por fonte fotovoltaica na cidade de Janaúba (MG).

BRASKEM. Citi elevou recomendação da ação da companhia para compra/alto risco e reduziu preço-alvo de R$ 23,50 para R$ 22,50; revisão ocorreu após dados do 2TRI da empresa virem ligeiramente acima das estimativas do banco.

ENERGISA. Controladas de Mato Grosso, Paraíba, Sul-Sudeste e Mato Grosso do Sul aprovaram a realização de novas emissões de debêntures, que totalizam R$ 680 milhões.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

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