Morning Call

Investidor em NY já se movimenta para vitória de Trump

Atualizado 21/10/2024 às 23:21:57

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Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[22/10/24]

… Agenda esvaziada nesta 3ªF prevê apenas a arrecadação de setembro, que a Receita divulga às 10h30. Lá fora, os mercados em NY já se movimentam para uma eventual vitória de Trump, que continua subindo nas pesquisas e lidera nas plataformas de apostas, com 63% contra 37% de Harris na Polymarket. Coincidindo com as falas mais conservadoras dos Fed boys, que confirmam o gradualismo nos cortes, a perspectiva de um novo mandato do republicano puxa os juros dos Treasuries e o dólar, porque o investidor teme por mais déficit e por mais inflação com ele. Mas, na B3, os exageros são tão exagerados, que a curva do DI não reagiu, embora a pesquisa Focus tenha confirmado nova deterioração das expectativas inflacionárias, que está na base de nova onda de revisões das estimativas da Selic e IPCA.

… O Bradesco começou a semana elevando a sua previsão da inflação deste ano de 4,4% para 4,5% e a estimativa da Selic de 11,25% para 11,75%. Já para 2025, reduziu a projeção de inflação de 3,9% para 3,8%, mas aumentou a Selic de 10,50% para 10,75%.

… Também o Rabobank elevou, ontem, suas estimativas para o IPCA de 2024, de 4,3% para 4,5%, citando os impactos da seca na conta de energia elétrica e nos preços da carne bovina, e a projeção para a Selic terminal de 12% em janeiro para 12,5% em março/25.

… A LCA foi na mesma direção, subindo a expectativa do IPCA de 4,4% para 4,5%, com viés de alta, sobretudo pela bandeira tarifária na conta de energia e a possibilidade de um câmbio ainda mais pressionado. Ontem o dólar bateu na máxima R$ 5,73.

… Na Focus, a mediana do IPCA para 2024 chegou ao teto da meta de 4,50%, ante 4,39% na semana passada, e a de 2025 subiu de 3,96% para 3,99%. A projeção suavizada de 12 meses foi de 3,96% para 4,01%. A curva não ajustou porque está no limite (leia abaixo).

… Ainda pela manhã, Campos Neto citou, em evento da 20-20 Investment Association, em SP, as preocupações com a desancoragem das expectativas e de métricas como as inflações implícitas, reforçando que a autarquia vai perseguir a meta de inflação.

… RCN disse que as medidas para equalizar as contas públicas são importantes para a política monetária, uma vez que a falta de confiança na política fiscal dificulta o processo de convergência. “Para que possa haver juros mais baixos é preciso um choque fiscal positivo.”

… Na reunião com o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, os economistas de São Paulo reforçaram sua preocupação com a política fiscal, afirmando que nem o cumprimento da meta primária deste ano garantirá credibilidade ao arcabouço.

… De acordo com relatos apurados pelo Broadcast com os participantes, a avaliação de consenso é de que cada notícia positiva no front fiscal vem acompanhada de outra notícia ruim, o que limita a credibilidade da política fiscal.

… Em geral, a leitura é de que a expansão de estímulos parafiscais pode minar ganhos relativos ao cumprimento da meta fiscal.

… Nos dois encontros, eles concordaram que será necessário a Selic subir até um nível entre 12,0% e 12,50% neste ciclo de aperto, e com algum viés de alta ou de manutenção dos juros em nível restritivo por mais tempo.

… Em relação à inflação, parte dos economistas trabalha com um cenário de descumprimento do teto da meta do IPCA para este ano, de 4,50%. Para o ano que vem, os economistas estimaram uma inflação entre 4,0% e 4,50%.

… Sobre o cenário externo, concordam que há uma sinalização pior para países emergentes em caso de vitória do ex-presidente Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, em meio à tendência de desaceleração da economia chinesa.

TRUMP TRADE – Segundo o Commerzbank, há um sentimento crescente de que Donald Trump pode ser eleito presidente nos EUA e os traders já começam a migrar para investimentos que seriam favorecidos em caso de vitória do ex-presidente.

… O banco alemão aposta em um crescimento mais robusto da economia americana no curto prazo, com alta de tarifas sobre os produtos estrangeiros e um impulsionamento da inflação americana, resultando em taxas de juros mais elevadas.

… Nesta 2ªF, o mercado aumentou as apostas em um corte acumulado mais brando pelo Fed até o final deste ano. A probabilidade de um ajuste total de apenas 25pbs até dezembro subiu de 21,8% na 6ªF para 31,4% no final da tarde, segundo o CME FedWatch.

… A aposta em uma queda de 50pbs até o fim do ano, no entanto, segue majoritária, embora tenha recuado de 76,8% para 65,3%.

… Ainda segundo o BNP Paribas, o resultado da eleição nos EUA determinará a perspectiva de curto prazo do dólar. Uma onda vermelha, na qual Trump se torna presidente e os republicanos controlam o Congresso, seria o resultado mais positivo para o dólar.

MAIS AGENDA – Campos Neto dá entrevista à CNBC (13h) e faz palestra às 16h15, enquanto Galípolo, que também está em Washington, terá audiências com o FMI e Haddad deve se reunir às 17h com a Fitch.

… Em Brasília, Lira e Pacheco devem se reunir com o relator do Orçamento, senador Ângelo Coronel (PSD-BA), para discutir acordo sobre emendas. A temporada dos balanços começa com Neoenergia, após o fechamento.

… Para a arrecadação federal, a mediana em pesquisa Broadcast aponta R$ 201,50 bilhões em setembro, praticamente igual a agosto (R$ 201,622 bi). O intervalo das apostas vai de R$ 194,72 bilhões a R$ 217,0 bilhões.

LÁ FORA – Lagarde (BCE, 16h15), Andrew Bailey (BoE, 10h25) e Patrick Harker (Fed, 11h) falam. Às 17h, Yellen participa de painel. GM, 3M e Verizon soltam balanço antes da abertura. Na Rússia, começa a cúpula do Brics.

PASSOU DO PONTO – Depois de terem encostado em 13% na semana passada, os juros futuros entenderam que a ousadia já foi tão longe, que a única saída seria chamar um movimento técnico de correção de excessos.

… Ou seja, a correção das taxas nesta 2ªF esteve bem longe de representar um alívio, foi falta de opção. Vai ser difícil relaxar antes do pacote de corte de gastos prometido pelo governo para depois do 2º turno das eleições.

… No fechamento, o DI para Janeiro de 2026 marcou 12,665% (de 12,705% no fechamento de 6ªF); Jan/27 caiu a 12,835% (12,900%); Jan/29, a 12,880% (12,915%); Jan/31, a 12,860% (12,870%); e Jan/33 a 12,780% (12,790%).

… No Focus, a projeção da Selic para o ano que vem subiu de 11,00% para 11,25%, sinalizando que a régua está cada vez mais alta para um corte do juro, sob o efeito combinado de inflação, atividade e fiscal expansionista. 

… Para 2024, a mediana para a Selic se manteve em 11,75%, precificando duas doses de +0,5pp (nov e dez). 

… Canal de transmissão inflacionária, o câmbio começa a causar maior desconforto no mercado, que elevou no Focus a previsão do dólar no fim do ano de R$ 5,40 para R$ 5,42. Ontem, a moeda encontrou teto em R$ 5,70.

… Tão comprado quando as taxas do DI, o dólar chegou a esticar até perto de R$ 5,74 na máxima intraday (R$ 5,7351), mas a este nível precipitou ordens de vendas e fechou em leve baixa de 0,15%, cotado a R$ 5,6904.

… Como se vê, o câmbio já andou estressando tanto, que uma correção estratégica se tornou inevitável.

CONTRA A MARÉ – Sem conseguirem surfar na onda positiva do minério de ferro e do petróleo, que subiram em torno de 1,5%, os papéis da Vale e da Petrobras operaram no negativo e inibiram as chances do Ibovespa.

… Na primeira hora de negócios, o índice à vista até chegou a operar no azul com as commodities, mas logo perdeu fôlego. Fechou em leve baixa de 0,11%, aos 130.361,56 pontos, com giro fraco de R$ 18,2 bilhões.

… Vale (ON, -0,36%, a R$ 60,33) refletiu a cautela dos investidores quanto à proposta de acordo relativo ao desastre de Mariana (MG), vista como “positivo” pelo Itaú BBA, mas com ressalvas pelo Goldman Sachs.

… A ação da mineradora ignorou o ânimo do minério (+1,45%, em Dalian) com a decisão da China de reduzir as taxas de juros.

… O PBoC já fez sete cortes nos juros desde julho e a Capital Economics ainda espera uma diminuição de 40 pb nas taxas de referência em 2025.

… Para o Goldman Sachs, há espaço para maior flexibilização monetária no país ainda este ano, como um corte de 50 pb no compulsório bancário.

… Descolada do Brent (+1,68%; US$ 74,29/barril), Petrobras ON caiu 1,83% (R$ 39,63) e PN, 1,57% (R$ 36,25), ambas entre as maiores perdas da sessão.

… Bancos também ficaram no vermelho: Bradesco ON (-0,22%; R$ 13,31), Bradesco PN (-0,26%; R$ 15,28), Banco do Brasil (-0,26%; R$ 26,62), Itaú (-0,51%; R$ 35,10) e Santander (-0,52%; R$ 28,49).

… Hapvida liderou as perdas, com -2,93%, a R$ 3,65. Na ponta oposta, Embraer avançou 4,17% (R$ 49,98), após divulgar que a carteira de pedidos do 3Tri atingiu o nível mais alto em nove anos.

… Vamos Locação (+4,13%; R$ 6,05) e Magazine Luiza (+2,87%; R$ 9,67) completaram as primeiras posições positivas.

… Depois de ceder por boa parte do pregão, diante da descontinuidade do guidance de 2024, o papel da Hypera subiu 1,91% (R$ 26,16) com a notícia da proposta de fusão feita pela EMS.

“ONDA VERMELHA” – Embora as pesquisas de intenções de voto à Casa Branca ainda não cravem um vencedor, o mercado já cogita mais fortemente as chances de Trump e de domínio dos republicanos na Câmara e Senado.

… Se for este mesmo o desfecho da corrida presidencial, a percepção entre os analistas é de que o déficit fiscal dos EUA deve se acentuar, o que poderia levar o Fed a ser mais cauteloso nos cortes de juros no próximo ano.

… Sob o efeito ´Trump trade’, os juros dos Treasuries dispararam junto com o dólar e incentivaram queda nas bolsas.

… Depois de os principais índices de ações em NY terem fechado seis semanas de ganhos consecutivos na 6ªF, investidores partiram para a realização de lucros, também se preparando para uma semana pesada em balanços.

… 114 das 500 companhias do S&P 500 vão divulgar resultados nos próximos dias. Entre elas, pesos-pesados como Tesla, Coca-Cola e Texas Instruments.

… Analistas observam que os índices estão próximos a níveis de sobrecompra, o que os deixam mais vulneráveis a tomada de lucros.

… O S&P 500 (-0,18%, a 5.852,98 pontos) não tem duas sessões consecutivas de queda há mais de 30 sessões, desempenho que é um dos melhores desde 1928, de acordo com a Bloomberg, que cita dados do Sentiment Trader.

… Ontem, 10 dos 11 setores do índice ficaram no vermelho. A exceção foi tecnologia. O Dow Jones caiu 0,80% (42.931,60) e o Nasdaq subiu 0,27% (18.540,01).

… Boeing, que divulga balanço amanhã, avançou 3,11% após chegar a um acordo com o sindicato de trabalhadores, que pode marcar o fim da greve que afetou a produção da companhia. 

… Sem indicadores no dia, os juros dos Treasuries deram um salto, influenciados por uma combinação de resiliência da economia americana, chance de gradualismo nos próximos passos do Fed e a eleição nos EUA.

… Em discursos ontem, dirigentes do Fed soaram bastante cautelosos. A presidente da distrital de Dallas, Lorie Logan, afirmou que os riscos de aumento da inflação são “reais”, diante de uma economia forte e saudável.

… Neel Kashkari (Minneapolis) defendeu cortes de juros moderados nos próximos meses, também citando a economia resiliente.

… Com o mercado já fechado, Jeffrey Schmid (Kansas City) disse que uma abordagem “cautelosa e gradual” na política monetária é a mais adequada. Já Mary Daly disse não haver razão para suspender os cortes nas taxas.

… No fim do pregão em NY, o juro da note de 2 anos avançava a 4,026% (de 3,956%) e o da note de 10 anos subia a 4,189% (de 4,077%). O do T-bond de 30 anos projetava 4,498% (de 4,397%).

… O índice dólar (DXY) chegou a superar os 104 pontos pela 1ª vez desde agosto, mas ainda fechou um pouco abaixo, em 103,982 pontos (+0,47%).

… Com vários dirigentes do BCE defendendo corte de juros no dia (Gediminas Simkus, Martin Kazaks e Peter Kazimir) o euro recuou 0,46%, a US$ 1,0817.

… Em relatório, a Fitch disse que espera aceleração dos cortes pelo BCE, com recuo de 25pb em dezembro e mais quatro na mesma magnitude (março, junho, setembro e dezembro). A taxa terminal, prevê, vai chegar a 2% ao ano.

… A libra caiu 0,44%, a US$ 1,2985, e o iene recuou 0,80%, a 150,742/US$.

EM TEMPO… PETROBRAS divulga relatório trimestral de produção e vendas no próximo dia 28 e solta balanço em 7/11.

B3 anunciou a 9ª emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, no valor de R$ 1,7 bilhão.

… A companhia revisou a projeção do nível de endividamento para 2024, de 2 vezes para 2,3 vezes a relação de dívida bruta/Ebitda recorrente dos últimos 12 meses.

TELEFÔNICA. Participação minoritária adquirida pela Vivo Ventures na AGL Holding, controladora da Agrolend, equivale a 0,9% do capital social total da empresa…

… Negócio de US$ 1,55 milhão, anunciado na semana passada, será pago em 20 dias úteis a partir da assinatura dos documentos definitivos.

LOCALIZA fará resgate antecipado facultativo das debêntures da 2ª série da 13ª emissão, da 1ª e 2ª séries da 24ª emissão, da 28ª emissão e da 32ª emissão.

RUMO. Rafael Bergman renunciou ao cargo de VP financeiro e de RI. Guilherme Lelis Bernardo Machado assumirá.

COSAN anunciou nova diretoria executiva, que assumirá a partir de 1º/11. Marcelo Eduardo Martins assume como diretor-presidente e Nelson Gomes será diretor-presidente da Raízen.

… Ricardo Mussa será diretor-presidente da Cosan Investimentos.

SMARTFIT fará a 11ª emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, da espécie quirografária, em série única e no valor total de R$ 300 milhões.

… O prazo de vencimento será de cinco anos, vencendo em 30 de outubro de 2029.

CRÉDITO IMOBILIÁRIO. Bancos começaram a elevar juro na modalidade e apertar condições de financiamento. Itaú elevou a taxa média de 10,49% para 10,79%. Bradesco, Santander, e BRB também consideram reajustes. (Broadcast)


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*com a colaboração da equipe do BDM Online

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