Morning Call

IPCA-15 e dados fiscais dividem o dia com meta contínua

Atualizado 26/06/2024 às 00:41:00

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Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[26/06/24]

… A agenda internacional é mais fraca, com os investidores em NY à espera do PIB, amanhã, e do PCE (6ªF), enquanto alguns dirigentes do Fed já afastam a possibilidade de cortes do juro este ano. Hoje, eles não têm falas previstas e, entre os indicadores, estão apenas as vendas de moradias novas em maio (11h). Aqui, após a ata do Copom confirmar as expectativas de Selic estável em 10,5% até o fim do ano, o mercado espera detalhes da revisão do juro neutro no Relatório Trimestral de Inflação, nesta 5ªF. Como destaques do dia, saem o IPCA-15 (9h) e as contas do Governo Central (14h30), que dividem atenções com a meta contínua de 3% – definida antes da reunião do CMN desta tarde. Para aprovar a meta, Lula chamou Galípolo ao Planalto, em um sinal importante de que ele deve ser o sucessor de RCN.

… Da reunião com o presidente, que discutiu o decreto para regulamentar a mudança do regime de meta de inflação, participaram, ainda, os ministros Fernando Haddad e Alexandre Padilha, e a secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior.

… A regulamentação da meta contínua precisaria sair antes do CMN, para que o colegiado confirmasse hoje a mudança e o alvo de 3%.

… A presença de Galípolo não constava na agenda do presidente Lula, causou estranhamento a sua chegada ao Palácio e poderá provocar ruídos de interferência política em sua eventual gestão no Banco Central, a partir de janeiro de 2025.

… Pela manhã, ele participou de live da Warren, quando convenceu que seu voto pela interrupção da queda da foi dado por convicção. A impressão deixada por seu discurso é que ele está perfeitamente sintonizado com a atual política monetária.

… O mercado acompanhou o evento com toda a atenção e gostou do que ouviu, que “não há divergências sobre o diagnóstico do cenário”, que a unanimidade e a ata “corroboram a coesão do BC”, que “a desancoragem já incomodava em reuniões anteriores”.

… Que “cabe ao BC colocar os juros em patamar restritivo pelo tempo suficiente para atingir meta”, que “nada será usado como pretexto para se esquivar de perseguir a meta” e que o relatório Focus é uma ferramenta “ultra relevante” para guiar a política monetária.

… Galípolo não quis explicar a expressão “interrupção”, negando-se a confirmar que se trata de fim do ciclo ou pausa; afirmou que “nós não queremos oferecer qualquer tipo de guidance sobre o futuro, estamos olhando como vão se desdobrar os dados”.

… “A pergunta para mim é: se as coisas piorarem, o Banco Central vai agir? Sim, com certeza. E se as coisas melhorarem, o Banco Central vai reagir? Sim, também. Deixar as coisas em aberto já é uma linha que determina isso.”

… Reiterou que se o ambiente demandar a manutenção dos juros, eles serão mantidos. Caso a exigência seja por elevação dos juros, eles serão elevados. Por fim, se houver necessidade de corte de juros, eles serão reduzidos.

… Galípolo não cometeu nenhum deslize em uma hora de live. Esquivando-se de perguntas sobre a indicação do futuro presidente do BC, disse que esse é um “não-tema” para ele. Mas brincou dizendo que ficou “quase feliz” quando acharam que ele não é “maduro”.

REAÇÕES À ATA – A interpretação majoritária entre os bancos é de que o Copom elevou a régua conservadora.

… “Nada na ata sugere que próximo movimento será de queda da Selic”, aponta o Itaú, que mantém a visão de que a taxa básica de juro será mantida em 10,50% durante todo o horizonte da política monetária (2025).

… Também para o BNP Paribas, não há espaço para cortar a Selic este ano, embora a ata, em tom parecido com o comunicado do BC, deixe a porta aberta para os próximos passos, dependente de dados, segundo o banco.

… Para Leonardo Porto (Citi), a ata reforçou a sensação do BC de que o cenário inflacionário piorou de forma significativa e um aumento dos juros é considerado mais provável do que um corte como próximo movimento.

… Já na opinião do JPMorgan, o BC não parece inclinado a colaborar para um discurso de elevação da Selic no curto prazo, mas indica que poderá reagir em caso de maior deterioração das expectativas de inflação.

… O Santander ainda projeta Selic de 10% no ano (o que comportaria corte de 0,25pp), mas reconhece que o viés é de alta, mesmo não tenho visto mudanças significativas na ata em comparação ao comunicado do Copom.

… A Warren ainda espera Selic terminal de 9,5% em 2025, com retomada do processo de queda dos juros no fim de 2024, mas o risco é de pausa por período mais longo caso persistam os ruídos fiscais e de credibilidade do BC.

… Pesquisa do Broadcast realizada depois da divulgação da ata do Copom indicou que o mercado manteve maioria (33 de 38 casas) em torno da percepção de que a Selic irá encerrar o ano estável em 10,50%.

… Também existe o consenso (30 de 37 casas) de que haverá ao menos um corte do juro no ano que vem.

IPCA-15 – Deve desacelerar quase nada, para 0,43% em junho, de 0,44% em maio. A aceleração prevista para os alimentos tende a neutralizar o alívio da dissipação dos reajustes de medicamentos e dos planos de saúde.

… As projeções no Broadcast para a prévia da inflação oficial variam de 0,30% a 0,51%. Para o acumulado em 12 meses, a mediana indica aceleração de 3,70% para 4,10%. O intervalo das estimativas vai de 3,97% a 4,19%.

… O mercado também prevê ganho de ritmo no núcleo, de 0,31% para 0,35% (mediana). Devem subir os preços livres (0,30% para 0,46%), alimentação no domicílio (0,22% para 1,10%) e serviços subjacentes (0,31% a 0,39%).

… Já os preços administrados (0,85% para 0,37%), bens industriais (0,29% para 0,25%) e serviços (0,34% para 0,33%) devem arrefecer na leitura de maio para junho, de acordo com as projeções dos economistas.

FISCAL – As despesas previdenciárias devem provocar déficit de R$ 58,10 bi (mediana) para o Governo Central em maio, após superávit de R$ 11,082 bi em abril. As projeções são todas negativas, de R$ 70 bi a R$ 25,5 bi.

MAIS AGENDA – Lula concede entrevista ao UOL, às 9h. O BC divulga as concessões de crédito em maio (8h30) e os dados semanais do fluxo cambial (14h30). O Tesouro solta o relatório da dívida pública de maio (10h30).

NOS EUA – Vendas de moradias novas (11h) têm previsão de +2,1% em maio. Os estoques de petróleo (11h30) devem cair 2,3 milhões de barris. No fim da tarde (17h30), o Fed divulga os testes de estresse dos bancos.

FOI BOM ENQUANTO DUROU – O dólar retomou a pressão ontem e voltou à faixa de R$ 5,45, depois de dois pregões em baixa, em que acomodou o salto da semana passada, quando alcançou o pico em quase dois meses.

… Embarcado na onda externa de alta da moeda americana, puxada pelas dúvidas sobre o cronograma do Fed, o dólar fechou em alta firme de 1,19%, a R$ 5,4544. Está preocupado com juro elevado por mais tempo nos EUA.

… Citando o real depreciado, o PicPay elevou a projeção do IPCA deste ano de 3,8% para 4,1%. O banco subiu a estimativa para o dólar de R$ 5,00 para R$ 5,30 no fim de 2024. Para 2025, projeção foi de R$ 5,10 para R$ 5,30.

… O movimento de ontem no câmbio, por tabela, bateu na curva do DI, que também esgotou o fôlego recente de queda e voltou a incorporar algum prêmio de risco, embora de forma muito moderada, com leve inclinação.

… O viés altista se concentrou especialmente no trecho longo, que melhor reflete a percepção de risco do investidor estrangeiro, diante das dúvidas renovadas nos EUA sobre o início do ciclo de corte dos juros.

… Além disso, o mercado leu a ata do Copom pela perspectiva de que a Selic não deve cair tão cedo novamente.

… No documento, o BC elevou a estimativa de taxa de juros real neutra, de 4,50% para 4,75%, e revisou o hiato do produto, que saiu do território levemente negativo, de -0,6% no último RTI, para “em torno da neutralidade”.

… A interpretação no mercado é de que, se em algum momento o Copom for mexer na Selic, é mais provável que seja para subir a taxa básica e não para retomar os cortes, embora Galípolo tenha deixado tudo em aberto.

… No fechamento, o DI para Jan/25 foi a 10,555% (de 10,554% no pregão anterior); Jan/26, 11,135% (de 11,092%); Jan/27, 11,475% (de 11,449%); Jan/29, 11,915% (de 11,850%); e Jan/31, 12,050% (de 11,990%).

VOO DE GALINHA – Após cinco pregões de alta, o Ibovespa precipitou alguma correção, diante da performance negativa das blue chips das commodities e falta crônica do capital estrangeiro, que rouba consistência da bolsa.

… Sem os gringos, o volume ontem permaneceu nas médias pouco significativas e não chegou nem a R$ 16 bi. O índice à vista encerrou o pregão em leve queda de 0,25%, ainda na faixa dos 122 mil pontos (122.331,39).

… O JPMorgan reduziu a projeção para o Ibov no fim do ano de 142 mil pontos para 135 mil pontos, avaliando que o cenário interno não ajudou e que a conjuntura externa desenhada anteriormente não se materializou.

… Ainda assim, o Brasil continua sendo a escolha preferencial do banco na América Latina.

… Muita gente se vê frustrada pelo fato de o Fed não ter baixado o juro até agora (e nem se sabe se baixará até o fim do ano), o que adia o fluxo para os emergentes. Além disso, o risco fiscal brasileiro gera desconforto.

… Ontem, Vale caiu 0,41%, a R$ 60,65, apesar de o minério de ferro ter fechado estável e de a empresa ter encontrado demanda firme de US$ 7,5 bilhões para a emissão anunciada de US$ 1 bilhão em bonds 2054.

… A falta de fôlego do Ibovespa também foi atribuída à Petrobras. ON registrou queda de 0,36% (R$ 38,90) e Petrobras PN fechou estável (-0,08%), a R$ 37,03. Lá fora, o Brent para setembro caiu 1,09%, a US$ 84,22.

… Entre os bancos, Bradesco PN perdeu 0,80% (R$ 12,34), Bradesco ON recuou 0,53% (R$ 11,17) e Santander caiu 0,50% (R$ 27,86). Já Itaú (+0,31%; R$ 32,44) e BB ON (+0,30%; R$ 26,89) registraram altas moderadas.

… A maior valorização da sessão foi da JBS, com +1,74%, a R$ 31,54, impulsionada pelo dólar mais forte.

UM DIA DE CADA VEZ – Dados indicando força da economia americana e os alertas de duas Fed girls voltaram a confundir as expectativas para os juros nos EUA. Ninguém sabe se a taxa vai cair duas vezes, uma ou nenhuma.

… O mercado tem vivido assim, numa montanha-russa de expectativas sobre a política monetária, sem segurança sobre os próximos passos, mas na esperança de que o PCE de 6ªF possa dar um eixo mais decisivo.

… Nesta 3ªF, a atividade nacional medida pelo Fed/NY subiu de -0,26 em abril para +0,18% em maio e a confiança do consumidor medida pelo Conference Board em junho (100,4) superou o esperado (100,0).

… Além do ritmo mais aquecido dos indicadores, a diretora do Fed Michele Bowman, que é uma falcoa, disse não esperar corte dos juros neste ano, e Lisa Cook observou que a trajetória da inflação seguirá “acidentada”.

… Assumindo dose de cautela com o risco de o Fed não iniciar o ciclo de queda em 2024, o dólar subiu, com o índice DXY (+0,13%) em 105,607 pontos. O euro caiu 0,19% (US$ 1,0720), mas a libra avançou (US$ 1,2694).

… O iene ficou estável (-0,02%, a 159,63/US$), depois de o governo do Japão informar que monitora de perto a volatilidade excessiva da moeda e que tomará medidas apropriadas para lidar com a flutuação exagerada.

… O potencial perigo de o Fed manter a política restritiva por um período prolongado impediu a taxa dos Treasuries mais curtos, que são mais sensíveis às decisões de juro, de cair, orbitando perto da estabilidade.

… Está todo mundo esperando pela inflação do PCE para assumir postura mais convicta sobre os próximos passos do Fed. Ontem, o yield da Note-2 anos (4,731%) praticamente não se mexeu contra a véspera (4,730%).

… Nas bolsas de NY, a novidade foi que a Nvidia parou de cair. Depois do tombo acumulado de 13% nos três pregões anteriores, disparou 6,76%, indicando que a bolha de entusiasmo com a IA pode continuar inflando.

… A recuperação do papel deu uma puxada no Nasdaq, que encerrou a sessão com ganhos de 1,26%, aos 17.717,65 pontos. O S&P 500 subiu 0,40%, aos 5.469,42 pontos. Já o Dow Jones caiu 0,75%, a 39.114,59 pontos.

EM TEMPO… VALE confirmou após o fechamento a precificação de US$ 1 bilhão em oferta de bonds 2054…

… Empresa usará captação externa para liquidação e recompra de títulos; US$ 500 milhões serão usados para liquidar bonds com vencimento em 2026, sem a realização de um processo de “oferta de recompra”…

… Os outros US$ 500 milhões serão utilizados no processo de recompra de parte dos bonds com vencimento em 2036, 2039 e 2034. (fontes do Broadcast)

JBS comunicou os resultados antecipados da oferta de compra de três séries de notas da JBS USA Food Company, anunciada em 11 de junho…

… Segundo a companhia, um total de US$ 2,729 bilhões do valor principal foi validamente ofertado e não validamente retirado.

ASSAÍ aprovou programa para recomprar até 3,8 milhões de ações emitidas pela companhia, o equivalente a 0,28% do total de papéis em circulação.

REDE D’OR aprovou a distribuição de R$ 350 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,1557 por ação, com pagamento em 9/7; ex a partir de 1º/7.

PORTO aprovou a distribuição de R$ 204,8 milhões em JCP, o equivalente a 0,3191 por ação, com pagamento em 28/6; ex a partir de 1º/7.

VIBRA ENERGIA aprovou a distribuição de R$ 520,7 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,4653 por ação, com pagamento até 30/12/25.

AUREN ENERGIA. João Henrique Batista de Souza Schmidt retornará ao posto de presidente do Conselho de Administração, após a renúncia de Mateus Gomes Ferreira do cargo de membro e presidente do colegiado…

… Posse ocorrerá em 1º de julho, no último dia de Ferreira como presidente; a partir desta data, ele assumirá as posições de vice-presidente de finanças e diretor estatutário de relações com investidores.

WEG aprovou a distribuição de R$ 263,3 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,0627 por ação, com pagamento em 14/8; ex a partir de 1º/7.

SUZANO. Início das operações do Projeto Cerrado ocorrerá ao longo de julho/24.

GAFISA informou estar negociando com o fundo de investimentos imobiliários Macam Shopping para realizar a subscrição em cotas de emissão do fundo, por meio da integralização das ações de emissão da REC Guadalupe.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.

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