Morning Call

Mercado cumpre tabela em dia fraco

Atualizado 02/01/2025 às 23:48:50

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Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[03/01/25]

… Só NY tem agenda hoje, com o PMI industrial medido pelo ISM (12h), que tem previsão de 48,4 e, quanto maior vier, mais deve reforçar a percepção de um Fed menos inclinado a cortar os juros este ano. Ainda nos EUA, o Fed boy Tom Barkin discursa em fórum (13h) e saem os dados da Baker Hughes sobre os poços e plataformas em operação (15h), sem potencial de influenciar o petróleo. Aqui, no pregão morto, não há nenhum indicador econômico relevante para ser divulgado. Brasília está no recesso, mas a novela das emendas não sairá tão cedo do radar.  

… Na manchete do Estadão, parlamentares veem nos bastidores o governo Lula se ancorando em Dino para cortar emendas sem o aval do Congresso, cumprir o arcabouço e recuperar parte do poder perdido sobre o orçamento.

… O jornal informa que o valor das emendas, calculadas em R$ 50,5 bilhões este ano, pode cair perto de R$ 5 bi.

… Lula vetou na virada do ano um dispositivo da LDO de 2025, que havia sido proposto pelo próprio governo, que livrava as emendas impositivas (obrigatórias) de bloqueios no Orçamento e contrariava decisão do STF.

… Com a permissão de Dino, o Executivo se vê desobrigado a pagar a qualquer custo emendas já aprovadas.

… O jogo é perigoso e o atraso na votação da peça orçamentária de 2025 parece ser só o primeiro sinal de rebelião do Parlamento ao entendimento do governo federal de que pode cortar emendas ou mesmo deixar de pagá-las.

… A sucessão aos comandos da Câmara e Senado acontecerá no mês que vem sob a tensão entre os Três Poderes.

… Pacheco marcou a eleição no Senado para o dia 1º de fevereiro, um sábado. Davi Alcolumbre é o grande favorito. Entre os deputados, a disputa acontecerá no dia 3/2, com Hugo Motta (Republicanos) como único candidato.

… O clima pesado no Congresso, de ameaças à governabilidade, soma-se aos ruídos fiscais e tende a continuar mantendo os mercados domésticos na defensiva nos próximos tempos e exigindo esforços contra a volatilidade.

… Em mudança de estratégia, o Tesouro atendeu ao desejo dos investidores e alterou o cronograma dos leilões de títulos públicos para 2025 para o formato trimestral, em vez da periodicidade anual que prevaleceu em 2024.

… Dada a alta volatilidade do mercado de juros, intervalos mais curtos dão margem de segurança para o Tesouro eventualmente adaptar prazos e frequência se necessário, sem as amarras de um cronograma anual.

… No câmbio, passado o período de remessas de fim de ano ao exterior, a dúvida é se o BC eventualmente  identificará disfuncionalidades para responder com novas intervenções à pressão do dólar acima de R$ 6.

GASTOU MUNIÇÃO – Dados do BC divulgados ontem deram a medida do tamanho da queima das reservas internacionais na reta final de 2024, diante do arsenal usado para limitar o impacto da saída em massa de dólares.

… As reservas encolheram 8,46% em dezembro, maior queda mensal da série histórica. Em valores nominais, passaram de US$ 363,003 bilhões para US$ 332,306 bilhões, o menor nível desde fevereiro de 2023.

… Até agora, a maior redução mensal nas reservas, de 5,32%, havia acontecido em março de 2020, no início da pandemia. A queda refletiu a injeção de US$ 21,575 bi do BC no mercado por meio de leilões à vista em dezembro.

… Em outro termômetro da fuga de dólares, números preliminares apontam fluxo cambial negativo em US$ 24,314 bi em dezembro, até o dia 27. No acumulado de 2024, a saída de US$ 15,918 bi é a terceira maior da série histórica.

… Ontem, o dólar chegou momentaneamente a ter um pico de estresse, a R$ 6,2267 na máxima intraday, enquanto acompanhava a escalada externa, diante da percepção de que o Fed será bem menos dovish ao longo deste ano.

… Mas a pressão foi contornada e a moeda americana virou, para fechar em baixa moderada de 0,29%, a R$ 6,1625.

… Sincronizados ao movimento no câmbio, os juros futuros subiram primeiro e aliviaram depois. Sem novidades no noticiário, o movimento foi interpretado pelos operadores como uma correção natural dos lucros recentes.

… Apesar do ajuste em queda dos contratos, o miolo e a ponta longa da curva do DI ainda não devolveram nem metade do que andaram subindo nos quatro pregões anteriores. Prêmios de risco ainda seguem no radar.

… No fechamento, o DI para janeiro de 2026 marcava 15,145% (de 15,370% no fechamento anterior); Jan/27 caía a 15,610% (de 15,890%); Jan/29, 15,385% (de 15,705%); Jan/31, 15,060% (de 15,420%); e Jan/33, 14,810% (15,140%).

“A BOLSA ESTÁ BARATA, MAS O BRASIL ESTÁ CARO” – A frase ao Broadcast do economista-chefe da Blue3 Investimentos, Roberto Simioni, resume em poucas palavras a razão da atratividade reduzida do investidor pelo Ibov.

… “À medida que aumenta a relação dívida/PIB, a capacidade do BC de controlar a inflação diminui, deixando-o com menor poder de fogo. A tendência é o mercado pedir mais prêmio de risco”, batendo em todos os ativos, explicou.

… A fragilidade fiscal doméstica, as expectativas de inflação desancoradas e o risco de uma pancada da Selic a 15% (ou até mais) compõem o cenário complicado para a economia brasileira disputar o apetite do fluxo estrangeiro.

… “A prancha está quebrada e o Brasil não está surfando a onda global”, ilustra Daniel Celano (da Schroders Brasil).

… No Broadcast, profissionais da Faria Lima projetam mais um ano sem IPOs na B3, na maior seca em mais de 25 anos. “Taxa de juros para cima e IPO são duas coisas que não combinam”, explica Leonardo Cabral (do Santander).

… Segundo apurou a reportagem, com o Brasil fora da rota de interesse, há relatos de sondagens de empresas para tentar estrear no mercado de capitais com ofertas públicas de ações lá fora, possivelmente nas bolsas de NY.

… A medida do desinteresse pelo Brasil também se vê no fluxo negativo na B3. Investidores estrangeiros retiraram R$ 58,842 milhões no último dia 30.

… Embora em dezembro o saldo tenha se mantido positivo (R$ 2,144 bi), no ano, a conta foi negativa: R$ 31,669 bi.

… No primeiro pregão de 2025, o Ibovespa exibiu leve queda de 0,13%, mas ainda segurou os 120 mil pontos (120.125,39). Petrobras seguiu a alta do petróleo e limitou as perdas do índice.

… O papel ON registrou +2,82% (R$ 40,52) e o PN, +1,60% (R$ 36,77). O Brent/mar avançou 1,73%, a US$ 75,93.

… A cotação da commodity reagiu à promessa de novos estímulos econômicos pela China e à informação de que Biden deve proibir permanentemente novos projetos de petróleo e gás offshore em algumas águas costeiras.

… Vale caiu 0,55%, a R$ 54,25, a despeito da alta de 1,56% do minério em Dalian. CSN cedeu 4,97% (R$ 8,42).

… Eneva perdeu 9,31%, a R$ 9,55, após portaria do Ministério de Minas e Energia (MME) com regras para um leilão de capacidade para térmicas e hidrelétricas indicar que a companhia ficará de fora do certame.

… Entre as altas, os destaques foram CVC (+8,70%; R$ 1,50), IRB (+4,88%; R$ 44,52) e Braskem (+3,37%; R$ 11,97).

… Bancos ficaram mistos. Bradesco ON subiu 0,67% (R$ 10,48) e Bradesco PN ganhou 0,80% (R$ 11,40). Por outro lado, Banco do Brasil caiu 1,03% (R$ 23,92), Itaú cedeu 0,46% (R$ 30,57) e Santander baixou 0,29% (R$ 23,75).

… A B3 divulgou ontem a 3ª e última prévia do Ibovespa, com entrada de Marcopolo e Porto e saída de Eztec e Alpargatas. A carteira teórica será válida para o período entre janeiro e abril deste ano.

PÉ ESQUERDO – As bolsas em NY entraram em 2025 em baixa, com S&P 500 e Nasdaq anotando a quinta sessão de quedas consecutivas, período em que as ações perderam US$ 1 trilhão em capitalização, segundo a Bloomberg.

… Os índices iniciaram o dia em alta, mas dados que mostram uma economia resiliente nos EUA, reduzindo expectativas por cortes de juros pelo Fed, ativaram o sentimento de risco.

… Os pedidos de auxílio-desemprego surpreenderam ao cair 9 mil, para 211 mil, menos que os 225 mil previstos por analistas. O PMI industrial caiu a 49,4 na leitura final da S&P Global, recuo menor que os 48,3 esperados.

… O Dow Jones caiu 0,36%, aos 42.392,27 pontos; o S&P 500 cedeu 0,22% (5.868,55) e o Nasdaq teve queda de 0,16% (19.280,79).

… Tesla (-6,08%) pesou sobre os índices depois de informar que as vendas de 2024 caíram 1%, para 1,79 milhão de veículos. Foi o 1º recuo em mais de uma década.

… A concorrente chinesa BYD anunciou que registrou um novo recorde ao vender 4,25 milhões de carros no período.

… Apple recuou 2,62%, após o banco suíço UBS rebaixar estimativas para as vendas do iPhone em 2025. Boeing caiu 2,90%, ainda sob pressão após acidentes envolvendo aviões 737 na Coreia do Sul e na Noruega.

… Os juros dos Treasuries passaram a subir após o dado de auxílio-desemprego, mas fecharam mistos. O retorno da note de 2 anos subiu a 4,244%, de 4,242% na sessão anterior.

… O da note de 10 anos caiu a 4,560% (de 4,572%) e o do T-Bond de 30 anos cedeu a 4,780% (de 4,782%).

… Na contramão dos EUA, PMIs fracos na zona do euro e no Reino Unido enfraqueceram as moedas dessas regiões. Na mínima do dia (US$ 1,0223), o euro marcou o menor nível em mais de dois anos. Caiu 0,95%, a US$ 1,0266.

… Em discurso ontem, Christine Lagarde disse esperar que 2025 seja o ano em que a inflação chegará à meta de 2% na zona do euro, “conforme esperado e planejado em nossa estratégia”, afirmou.

… Na libra, a queda foi ainda mais acentuada, de 1,13%, a US$ 1,2382. O iene recuou 1,6%, a 157,462/US$. O índice DXY fechou em alta de 0,84%, aos 109,394 pontos, no maior nível desde o fim de 2022.

EM TEMPO… PETROBRAS confirmou a assinatura de acordo para que a Prio use o seu Sistema Integrado de Escoamento de gás natural da Bacia de Campos (SIE-BC) e a Unidade de Tratamento de Gás de Cabiúnas (UTGCAB)…

… Prio utilizará malha de gasodutos para escoar e processar o gás natural proveniente dos campos de Frade, onde a empresa detém 100% de participação, e Albacora Leste, com 90% de participação, localizados na Bacia de Campos…

… Ainda ontem, a Petrobras confirmou reajuste de 7% no litro do querosene de aviação (QAV), em vigor desde 4ªF.

GOL e AZUL fecharam acordos com o governo e vão reduzir em cerca de R$ 5,8 bilhões suas dívidas com a União, segundo a GloboNews. Juntas, as dívidas somavam R$ 7,8 bilhões, mas as empresas devem pagar cerca de R$ 2 bi…

… A Gol contava com uma dívida de cerca de R$ 5 bilhões na Receita Federal. Com o acordo firmado com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), a companhia aérea pagará R$ 880 milhões, em até 120 prestações…

… Azul tinha dívida de R$ 2,8 bilhões com o governo e pagará R$ 1,1 bilhão, também em até 120 vezes. A companhia aérea deverá depositar de forma imediata R$ 36 milhões. A PGFN fechou os acordos em 31 de dezembro de 2024.

BR PARTNERS passará a integrar o Índice Small Caps (SMLL) e o Índice Dividendos (IDIV) da B3, a partir de 2ªF.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.

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