Morning Call

PIB/2Tri no Brasil é destaque na agenda

Atualizado 02/09/2024 às 23:53:53

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Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[03/09/24]

… NY volta do feriado devolvendo liquidez aos mercados domésticos, com dois indicadores de atividade industrial em agosto: o PMI da S&P Global (10h45) e o PMI medido pelo ISM (11h). A expectativa pelo payroll (6ªF), no entanto, já deve movimentar os negócios como o principal driver da semana. Ainda no exterior, o BC do Chile divulga decisão sobre juros (19h). Aqui, em meio às dúvidas sobre a capacidade de o governo cumprir as metas fiscais, que pressionam o câmbio e os juros futuros, o PIB do 2Tri é o destaque de hoje (9h). Pesquisa do Broadcast junto a economistas aponta para um crescimento de 0,90% na mediana, com estimativas entre 0,4% e 1,6%, após a expansão de 0,8% no 1Tri. Já para 2024, a projeção subiu de 2,4% para 2,5%, enquanto a mediana para 2025 é de um PIB de 1,9%, entre 1,5% e 2,8%.

… O efeito das cheias no Rio Grande do Sul chegou a colocar em xeque a continuidade do dinamismo da atividade, mas o cenário foi sendo revisado pelo mercado financeiro à medida que os indicadores surpreendiam.

… Além da rápida recuperação no Sul, os analistas apontam a expansão fiscal do governo e o mercado de trabalho robusto para explicar o crescimento disseminado entre os setores da economia, resultado do ganho de renda da população.

… O economista do Banco BV Christian Meduna também cita uma “injeção de recursos muito grande” na economia, devido ao pagamento de precatórios da União no período e à regra do reajuste real do salário mínimo.

… Segundo ele, o ganho real de renda da população atingiu cerca de 6% no primeiro semestre deste ano, impulsionando o consumo das famílias, com performances positivas, principalmente, nos serviços e no varejo.

… Já o economista-chefe da G5 Partners, Luis Otávio de Sousa Leal, prevê crescimento de 1% do PIB no segundo trimestre e 2,5% no ano, destacando que “esta é uma projeção conservadora”, porque, até hoje, não houve quedas significativas no mercado de crédito.

… Uma alta da Selic, como o mercado espera, deve contribuir para a desaceleração da atividade à frente, de acordo com Leal. “Se [a taxa de juros] não atrapalhar o segundo semestre, certamente vai atrapalhar o início de 2025.”

… A atividade forte é um dos fatores citados pelos economistas, junto com a recuperação do emprego, a desancoragem das expectativas inflacionárias e os riscos fiscais para justificar a aposta em aumento dos juros, como precifica a curva do DI (leia abaixo).

QUEDA DE BRAÇO – Nesta 2ªF, economistas do mercado que se reuniram com diretores do Banco Central criticaram as comunicações recentes de membros do Copom, avaliando que as falas públicas precisam de “maior alinhamento”.

… “O tom geral foi de muita crítica à comunicação do BC”, disse um dos participantes em relato à Agência Estado, cobrando a diferença de tom entre a ata hawkish e declarações de Galípolo e os recados mais “suaves” de Campos Neto, que estariam gerando “confusão”.

… Na última semana, RCN praticamente enterrou as chances de uma alta de 50pbs da Selic, ao defender um ajuste “gradual”, mas ele não conseguiu reverter as apostas mais agressivas para o Copom de setembro na curva de juros.

… Apesar das reclamações, os economistas estão divididos entre a manutenção do juro em 10,5% e uma alta entre 1,5pp e 2pp, avaliando que houve evolução benigna no cenário externo, com a queda de juros contratada para setembro nos EUA.

… Entre aqueles que projetam alta da taxa básica, a avaliação é que a necessidade seria de um ciclo “não tão longo” de aperto monetário, mas o suficiente para melhorar as expectativas de inflação, que estão desancoradas.

… Havia entre os presentes mais de um cenário em que o teto da meta de inflação, de 4,5%, não será cumprido neste ano.

NÃO CONVENCEU – O detalhamento do PLOA/25 acentuou as dúvidas do mercado sobre o cumprimento das metas fiscais.

… Ao Estadão, a diretora da Instituição Fiscal Independente (IFI) Vilma da Conceição Pinto considera que o Orçamento de 2025 “não está muito realista” e alerta para problemas na sua execução no próximo ano.

… A economista destaca projeções para PIB e inflação mais otimistas que as do mercado, além de incertezas geradas pelo alto volume de receitas extraordinárias e por despesas subestimadas na Previdência Social.

… Vilma também lembra que R$ 245 bilhões em gastos correntes estão condicionados à aprovação, pelo Congresso. Nesse valor estão incluídos, por exemplo, R$ 40,7 bilhões do Bolsa Família e R$ 180,7 bilhões da Previdência.

… Segundo ela, essa conjunção de fatores deve gerar a necessidade de novos bloqueios e contingenciamentos ao longo do próximo ano.

… Para Felipe Salto, economista-chefe da Warren Investimentos, a meta fiscal dependerá da concretização de receitas novas, como da alta das alíquotas da CSLL e do JCP. Além disso, diz ele, a PLOA inclui estimativas de R$ 168,3 bilhões em receitas incertas.

… “O projeto confirma um quadro fiscal bastante desafiador. Será muito difícil diminuir o déficit público entre 2024 e 2025”, disse Salto.

… Também Rafaela Vitória (Inter) considera o PLOA “desafiador”, já que depende da aprovação de novas medidas para fechar a conta. Ela estima que o governo entregará um déficit de R$ 110 bilhões, ou 0,9% do PIB, em 2025, com um resultado “pior que o de 2024”.

… Desafiadora foi igualmente a expressão de Italo Franca (Santander) para a estimativa de chegar a 19% do PIB em receita líquida, com o PIB superestimado. Na sua projeção, o déficit do ano que vem deve atingir R$ 70 bilhões.

… Ítalo Faviano (BuysideBrazil) prevê déficit de R$ 55 bilhões em 2025 e adverte que “o PLOA confirma risco ao arcabouço fiscal”.

… O menor déficit previsto para o ano que vem é da Tendências Consultoria, R$ 32 bilhões, desconsiderando os precatórios.

STARLINK – Pode perder a autorização para prestar serviço no Brasil se não cumprir ordem de bloquear acesso ao X, disse o presidente da Anatel, Carlos Baigorri. A empresa informou que não cumpriria a decisão do STF até suas contas serem desbloqueadas pela Justiça.

… Nesta 2ªF, a Primeira Turma do STF confirmou por unanimidade a suspensão do X decidida por Alexandre de Moraes.

GALÍPOLO – O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Vanderlan Cardoso (PSD-GO), devem se reunir hoje para discutir a data da sabatina de Gabriel Galípolo, indicado à presidência do BC.

… A tendência é que os parlamentares concordem em realizar a sabatina na CAE e a apreciação no plenário no dia 10.

MAIS AGENDA – O IPC-Fipe de agosto abre a agenda doméstica (5h). Sem horário confirmado, a Fenabrave divulga as vendas de veículos em agosto. Tebet defende hoje (15h30) junto ao Congresso a proposta de Orçamento de 2025.

NÃO HÁ MÁGICA – O viés de alta dos juros futuros longos e o dólar ainda em patamar elevado, apesar de ter caído ontem, dão a medida das desconfianças e dos desafios que cercam o ambiente fiscal doméstico.

… De forma geral, analistas não escondem o medo de que a conta não feche. O mercado avalia que o PLOA/2025 veio ambicioso, com receitas superestimadas e despesas subestimadas, em especial da Previdência.

… Outro ponto fraco é o grande volume de arrecadação que depende do Congresso, o que deve exigir grande habilidade do governo em construir consenso, para o projeto de lei não ganhar o carimbo de peça de ficção.

… A espada fiscal sobre a cabeça da equipe econômica potencializa o risco de conservadorismo do Copom, no ambiente já composto pela atividade econômica aquecida, mercado de trabalho apertado e o perigo da inflação.

… No Focus, houve queda apenas marginal na expectativa de inflação para 2025, de 3,93% para 3,92%, enquanto a mediana do IPCA/24 subiu pela sétima semana seguida (4,25% para 4,26%), aproximando-se do teto da meta (4,5%).

… O levantamento continua projetando a chance de a Selic ficar estável e confronta-se com as apostas dos traders na curva do DI, onde a chance de o juro subir meio ponto em setembro, para 11,00%, continua majoritária (60%).

… O descompasso sobre o que se espera do Copom é justificado, em parte, pelos sinais trocados apontados pelo mercado na comunicação interna do BC, diante da falta de sincronia nos recados de Campos Neto e Galípolo.

… A rigor, a adoção pela Aneel da bandeira vermelha patamar 2 em setembro para as contas de luz adiciona nova pressão inflacionária à Selic, mas o mercado ainda conserva a esperança de aumento das chuvas no final do ano.

… Só por isso é que o impacto da energia elétrica mais cara ficou ontem em segundo plano nos negócios.

… Na curva do DI, como se viu, a queda discreta dos contratos de curto prazo não limpou as apostas de aperto da Selic, enquanto os vencimentos mais longos exibiram os ruídos fiscais e inflacionários difíceis de se dissiparem.

… No fechamento, o DI para Jan/25 ficou em 10,985% (de 10,999% no pregão anterior); Jan/26, 11,895% (de 11,851%); Jan/27, 11,980% (de 11,927%); Jan/29 subiu a 12,150% (de 12,089%); e Jan/31, a 12,140% (de 12,096%).

… Diante do fato de que o mercado continua colocando à prova a capacidade de a meta fiscal ser cumprida, o dólar limitou o espaço de correção e se manteve acima da marca de R$ 5,60. Caiu apenas 0,36%, negociado a R$ 5,6148.

… Só conseguiu fechar em queda, porque vinha de cinco altas seguidas, com alta acumulada de quase 3%.

… Lá fora, em meio ao volume de negócios reduzido pelo feriado nos EUA, o índice DXY fechou praticamente estável (-0,05%), em 101,653 pontos.

… PMIs industriais melhores que o esperado na zona do euro e no Reino Unido valorizaram o euro (+0,22%, a US$ 1,1076) e a libra (+0,18%, a US$ 1,3149). Já o iene caiu 0,11%, a 146,92/US$.

PESO DOBRADO – Juntou o tombo de mais de 4% do minério, induzido pela fraqueza da China, com a pressão da ponta longa do DI, sensível à percepção de risco fiscal, e não teve jeito de o Ibovespa bancar os 135 mil pontos.

… Num pregão de baixa liquidez por causa do feriado do Dia do Trabalho nos EUA, o índice à vista abriu setembro com baixa de 0,81%, aos 134.906,07 pontos, e apenas R$ 14 bilhões em negócios.

… Maior peso do Ibovespa, Vale (-1,41%; R$ R$ 58,74) puxou as perdas entre as metálicas com o minério de ferro abaixo de US$ 100/t em Cingapura.

… CSN caiu 0,93% (R$ 11,759), seguida por Usiminas PNA (-1,12%; R$ 6,16) e Metalúrgica Gerdau (-0,57%; R$ 10,43).

… Ainda entre as blue chips, Petrobras ON recuou 0,42% (R$ 42,76) e PN cedeu 0,94% (R$ 39,00), apesar da alta do Brent (+0,77%, US$ 77,52), que reagiu à notícia da Reuters apontando redução na oferta da Opep+ em agosto.

… Azul liderou as baixas, com -18,18% (R$ 4,41), ainda refletindo as dúvidas em relação à situação financeira. Outras quedas fortes foram de BRF (-6,02%; R$ 24,65), Marfrig (-4,26%; R$ 13,94) e Minerva (-3,34%; R$ 7,24).

… Bancos fecharam sem direção única. Bradesco ON caiu 0,85% (R$ 14,02), Bradesco PN perdeu 0,26% (R$ 15,60) e Itaú baixou 0,79% (R$ 36,39). Santander ficou estável, a R$ 31,40, e Banco do Brasil avançou 1,07% (R$ 28,42).

… Assaí subiu 2,40%, a R$ 9,80, em meio à notícia de que o Grupo Mateus planeja fazer uma oferta aos acionistas de referência pelo controle da empresa. Mas ambas as companhias negaram a informação.

ABRINDO OS TRABALHOS – Eletrobras ON (+0,36%, R$ 41,90) vai captar entre US$ 750 milhões e US$ 1 bilhão com títulos de dívida no exterior nesta semana, a primeira da fila de emissões de setembro.

… Segundo o Broadcast, a expectativa é de que a operação seja levada ao mercado para precificação na 5ªF. As conversas com investidores começaram ontem em Londres.

… Segundo a Moody’s, que atribuiu nota ‘Ba2’ aos títulos, os recursos servirão para a Eletrobras pagar antecipadamente parte de um empréstimo de R$ 4 bi com um sindicato de bancos e notas comerciais de R$ 2 bi.

… Setembro deve ser a segunda janela mais movimentada do mercado de dívida externo no ano, após janeiro.

… É o retorno das férias no Hemisfério Norte e mais empresas brasileiras devem anunciar emissões após a decisão de juros do Fed, no dia 18.

… Especialistas esperam o anúncio de quatro a seis operações de companhias brasileiras até meados de outubro, com captações de até US$ 4 bilhões.

EM TEMPO… VALE reiterou que segue buscando potenciais parceiros para a Aliança Geração de Energia…

… Segundo a companhia, neste momento, não há qualquer instrumento vinculante ou decisão tomada a respeito de quem será o potencial parceiro ou sua estrutura de capital.

AZUL inicia hoje diversas rodadas de conversas com bondholders (detentores de dívida no exterior) para tentar captar mais recursos no mercado usando sua subsidiária de logística, a Azul Cargo, como garantia, segundo o Valor

… As conversas vão acontecer durante toda a semana. Entre os grupos agendados, estão detentores de dívidas de 2028, 2029 e 2030…

… A S&P Global rebaixou rating da companhia de B- para CCC+, com perspectiva negativa.

ITAÚ fez a 1ª emissão de certificado de operações estruturadas (COE) referenciado em risco de crédito, no valor de R$ 500 mil.

ASSAÍ. Conselho de Administração aprovou, por unanimidade, a eleição de José Roberto Müssnich, ex-CEO do Atacadão, para membro independente do colegiado; executivo entrou na vaga de Luiz Nelson Guedes de Carvalho…

… Müssnich ainda será membro de dois comitês: financeiro e de investimentos, e de gente, cultura e remuneração.

AMERICANAS informou que, a partir desta 2ªF (2), o executivo Fernando Dias Soares assumiu o cargo de vice-presidente de Operações (COO) da companhia…

… Dias fez carreira na Ambev, onde foi presidente da divisão de bebidas não alcoólicas e liderou unidades de negócio na Colômbia, Peru e México; em 2020, ele assumiu a posição de CEO da Domino´s Pizza.

WEG fechou acordo de R$ 630 milhões com a Kroma Energia para a construção de um complexo de geração de energia por meio de painéis solares no parque Arapuá, localizado no município Jaguaruna (CE)…

… Operação, que tem previsão para começar no primeiro semestre de 2026, terá capacidade instalada de 250 megawatts-pico (MWp) e produção anual estimada de 537 gigawatts-hora (GWh).

VAMOS realizará a 2ª emissão de Certificados de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA) em até duas séries, para distribuição pública, no valor de, inicialmente, R$ 685 milhões.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.

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