Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[06/02/25]

… O BoE deve anunciar às 9h um corte de 25pbs do juro no Reino Unido, segundo expectativa majoritária dos mercados, após declarações de Andrew Bailey afirmando que a trajetória das taxas é para baixo. Também o México divulga à tarde sua decisão de política monetária, enquanto nos EUA investidores ampliam apostas em queda do juro, com os sinais de esfriamento da economia. Mas o cenário para o Fed ainda é de cautela com as ameaças da guerra comercial de Trump. Um acordo com Pequim continua no foco. Nesta 4ªF, as perdas das commodities precipitaram um ajuste do dólar e dos juros futuros, mas o Ibovespa se beneficiou dos bons resultados de Santander. Hoje, a bolsa repercute o balanço de Itaú, que caiu 2% no after-hours. Em Wall Street, destaque para a Amazon, após o fechamento.

… A recuperação de algumas big techs tirou as bolsas em NY do terreno negativo, mas os ganhos foram limitados pelas tensões tarifárias e por balanços decepcionantes, como de Alphabet, que perdeu 7,5%, e da AMD, com queda de 6,2% (abaixo).

… Aqui, a unit de Santander disparou 6,20%, após informar lucro líquido recorrente de R$ 3,855 bilhões no quarto trimestre de 2024, alta de 74,9% em relação ao mesmo período de 2023. No confronto com o terceiro trimestre do ano passado, houve avanço de 5,2%.

… Embraer, com alta de 15,5%, foi outro destaque do pregão, com a notícia do acordo de US$ 7 bilhões fechado com a Flexjet para venda de jatos executivos dos modelos Phenom e Praetor. Trata-se do maior pedido feito pela Flexjet em 30 anos.

… Já Itaú Unibanco reportou ontem à noite lucro em linha com as estimativas: R$ 10,884 bilhões no quarto trimestre, alta anual de 15,8%.

… Por meio das projeções para este ano, o Itaú reforçou a mensagem do Santander, avaliando que 2025 será de maior conservadorismo na concessão de crédito. Mas o banco espera manter crescimento forte das margens com clientes, o que indica bons spreads.

HADDAD – Em entrevista a Miriam Leitão, transmitida ontem à noite na GloboNews, o ministro da Fazenda falou da reforma de renda e do compromisso de Lula com a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil/mês, que deve vigorar a partir de 1º/janeiro/2026.

… O custo será coberto pela tributação de quem ganha acima de R$ 50 mil e não paga imposto, com uma alíquota mínima. Neste quesito, Haddad confirmou a taxação dos dividendos, “porque muitos se aproveitam das brechas da lei para não pagar imposto”.

… O ministro foi questionado sobre a onda de críticas à questão fiscal e garantiu que não está “negligenciando a questão doméstica”, depois de atribuir a Trump o motivo principal do dólar ter escalado para cima dos R$ 6.

… Disse que não concorda que o Brasil esteja a caminho da “dominância fiscal” nem com as acusações de “gastança” do governo. Lamentou que “nenhum economista reconhece que enfrentamos problemas herdados dos governos anteriores.”

… Em relação à resistência de Lula para medidas de ajuste fiscal, disse que “tudo o que você leva para a mesa do presidente ele leva a sério e vai assimilando a necessidade de tomar as medidas”.

… Haddad contou na entrevista que na conversa com o presidente da Câmara, Hugo Motta, nesta 4ªF, discutiu dois temas importantes: os supersalários do Judiciário e a aposentadoria dos militares, e que há boa vontade de reabrir esses debates.

… “Vai depender do Senado, mas na semana que vem eu vou conversar com o presidente Davi Alcolumbre.”

… Sobre os juros elevados, Haddad disse que a política monetária tem que ser muito “certeira e calibrada”, “nem tão forte que possa matar o paciente, nem tão aquém que acabe prejudicando o trabalhador com a inflação”.

… “Eu acredito que teremos em breve uma surpresa positiva com uma reversão das expectativas inflacionárias, como tivemos com o PIB, porque o choque de juros foi muito forte e a resposta virá mais rapidamente.”

… Haddad não quis comentar a fala de Kassab que o chamou de ministro “fraco” e terminou a entrevista dizendo que não é candidato a nada em 2026, que quer terminar bem o seu trabalho no Ministério da Fazenda.

CUIDADO COM TRUMP – Os investidores em NY parecem convencidos de que um acordo entre EUA e a China é questão de tempo, mas a Capital Economics alertou para o risco de uma guerra comercial, dizendo que Trump “não é confiável”.

… A consultoria não descarta a efetivação das tarifas já anunciadas e tarifas adicionais sobre a UE e 10% de tarifas universais.

… Mas enquanto a bomba não vem, se vier, os mercados reagem a dados mais fracos da economia americana, apostando em mais queda dos juros, apesar dos comentários mais cautelosos dos Fed boys, que ainda querem entender o impacto das tarifas.

… O PMI de serviços caiu a 52,8 em janeiro na leitura do ISM e a 52,9 na leitura da S&P Global, abaixo do previsto em ambos os casos, mas o relatório ADP mostrou criação ainda forte de empregos no setor privado em janeiro, elevando a expectativa para o payroll amanhã.

… Os dados estimularam um crescimento das apostas em cortes dos juros americanos neste ano, conforme a plataforma do CME Group. A chance mais provável ainda é de um corte acumulado de 50pbs, mas a possibilidade de uma redução de 75pbs cresceu.

… No entanto, tudo depende de Trump, que além das tarifas ataca em outras frentes geopolíticas, como na política de “pressão máxima” contra o Irã e na investida inusitada de ocupar a Faixa de Gaza, que gerou críticas de adversários e de aliados no mundo todo.

… No Reino Unido, o medo de potenciais tarifas dos EUA está levando o BoE a vender ouro com desconto, segundo fontes informaram à agência Bloomberg. O deságio em relação ao preço do mercado à vista em Londres ultrapassa os US$ 5 por onça-troy.

… O Brasil, apesar de não ser um alvo prioritário de Trump ainda pode ser atingido, segundo a consultoria Eurasia, não só pelos efeitos da implementação de tarifas, como diretamente. Ontem, o presidente Lula disse que, se isso acontecer, o governo reagirá.

HOJE – Lula concederá novas entrevistas às rádios Metrópole e Sociedade, da Bahia, a partir das 8h.

… Em seguida, viaja para o Rio de Janeiro, onde faz visita ao Hospital de Bonsucesso. À tarde, na volta à Brasília, o presidente reúne-se com os ministros Fernando Haddad (16h30) e Alexandre Silveira (17h30).

MAIS AGENDA – Sem indicadores relevantes, o destaque fica por conta do leilão de títulos prefixados do Tesouro (11h), que já mexeu com os juros futuros, nesta 4ªF. Às 14h30, Galípolo participa de painel promovido pelo BIS na Cidade do México.

… Lá fora, o dia começa com encomendas à indústria na Alemanha e vendas no varejo na zona do euro, antes da decisão do Boe (9h).

… Nos EUA, mais um dado do mercado de trabalho, com os novos pedidos do auxílio-desemprego (10h30), com estimativa de crescimento para 213 mil (207 mil na semana anterior). Na mesma pesquisa, sai o custo unitário da mão de obra do 4Tri (previsão: 3,4%).

… Às 16h30, o diretor do Fed Christopher Waller participa de debate sobre o futuro dos meios de pagamentos.

BALANÇOS – Divulgam balanços antes da abertura: ArcelorMittal (Luxemburgo), Bombardier (Canadá) e ConocoPhillips (EUA). Sem horários definidos: Société Générale (França) e ING (Holanda). Amazon (EUA) é o destaque, após o fechamento.

JAPÃO HOJE – Um dos nove dirigentes de política monetária do BoJ, Naoki Tamura, defendeu a necessidade de aumentar os juros para pelo menos 1% no segundo semestre, dizendo que esta é, provavelmente, a taxa neutra do Japão.

QUEBRANDO A ONDA – Depois da sequência histórica de 12 quedas, o dólar encerrou a 4ªF em alta, mas ainda abaixo dos R$ 5,80, na esteira da forte desvalorização do minério e do petróleo. Investidores aproveitaram para realizar lucros.

… A moeda subiu 0,38%, a R$ 5,7942. Lá fora, o dia foi de nova queda do dólar depois de indicadores de serviços mais fracos que o esperado nos EUA, que reforçaram a expectativa de corte total de 50pb no juro americano em 2025.

… O fato de Trump ter não ter levantado nenhuma polêmica ontem ajudou.

… Houve maior volatilidade no câmbio depois que Fernando Haddad entregou ao novo presidente da Câmara, Hugo Motta, lista de 25 prioridades da Fazenda para 2025/26. Entre elas, a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil.

… Ontem, o BC informou que o fluxo cambial fechou janeiro negativo em US$ 6,7 bilhões, com saídas de US$ 4,562 bilhões pelo canal financeiro e US$ 2,137 bilhões pelo comercial.

… O dólar em recuperação abriu espaço para um avanço nos juros futuros, também pressionados pela expectativa em torno do leilão de prefixados do Tesouro, hoje, que elevou especialmente os longos.

… Há receio de que o Tesouro coloque um lote grande e ofereça prêmio, o que prejudicaria os investidores posicionados na queda das taxas.

… Uma produção industrial melhor do que a esperada em dezembro – queda de 0,3% ante expectativa de baixa de 1,2% – contribuiu para puxar os curtos, embora o dado confirme a gradual desaceleração da economia, que deve ficar mais evidente agora no 1Tri.

… De outro lado, a inflação deve seguir pressionada. Ontem, o Bradesco elevou de forma expressiva – de 4,9% para 5,7% – a estimativa para o IPCA 2025. A projeção do IPCA 2026 subiu de 3% para 3,4%. As projeções de Selic foram mantidas em 14,75% 11,25%.

… Para o banco, o corte de juros deve começar em dezembro deste ano, por causa da desaceleração da atividade. O Bradesco reduziu o PIB de 2025 de 2,2% para 1,9%. O de 2026 subiu de 1% para 1,3%.

… No fechamento, o DI para janeiro de 2026 subiu a 14,965% (de 14,920% na sessão anterior); Jan/27, a 15,020% (14,880%); Jan/29, a 14,645% (14,470%); Jan/31, a 14,590% (14,410%); e Jan/33, a 14,540% (14,340%).

PÉ DIREITO – A boa estreia da temporada brasileira de balanços com o Santander e uma disparada em Embraer levaram o Ibovespa ao azul depois de três sessões em queda, embora um novo estresse nos juros futuros tenha freado a alta.

… O índice subiu 0,31%, aos 125.534,07 pontos, com volume financeiro de R$ 19,5 bilhões.

… A surpresa na queda da inadimplência e boa gestão do patrimônio no balanço do 4Tri levou a unit Santander a subir 6,20% (R$ 27,08), a segunda maior alta do dia.

… Itaú, que divulgou números depois do fechamento, valorizou 1,52% (R$ 34,11). Bradesco PN subiu 2,33% (R$ 12,31) e ON, +1,46% (R$ 11,11). BB ganhou 0,22% (R$ 27,83).

… No Broadcast, Matheus Lima (Top Gain) disse que na sessão de ontem os bancos reagiram à expectativa de um 2024 muito bom para o setor, em especial o 4Tri, com efeitos em 2025.

… Vale ajudou a sustentar o Ibov. Ganhou 0,54%, a R$ 54,31, na contramão do minério de ferro, que caiu 0,99% em Dalian, na volta do Ano Novo chinês.

… Já Petrobras operou na esteira da forte queda do petróleo. A ação ON caiu 1,01% (R$ 40,21) e a PN baixou 0,73% (R$ 36,86). Pressionado pelo salto de 8 milhões de barris nos estoques dos EUA, o Brent caiu 2,08%, a US$ 74,61 por barril, na ICE.

… Embraer disparou 15,51%, a R$ 66,37, repercutindo o acordo para venda de aeronaves para a Flexjet. A ação acumula alta de quase 18% em 2025 e o valor de mercado da empresa alcançou o recorde de R$ 49,05 bilhões.

… As maiores perdas do pregão foram de Azul (-8,87%; R$ 3,80), Raízen (-7,65%; R$ 1,69) e Vamos (-5,82%; R$ 4,37).

PAUSA NO FURACÃO – Numa 4ªF sem grandes declarações e ameaças de Trump, investidores se concentraram na possibilidade de haver mais cortes de juros pelo Fed neste ano, após PMIs abaixo do esperado nos EUA.

… Os indicadores fizeram Wall Street deixar um pouco de lado a decepção com o balanço da Alphabet (-7,29%), que registrou queda na receita com o serviço de nuvem e destinou gastos de US$ 75 bilhões, bem maiores que o esperado, para desenvolvimento de IA.

… Outras big techs, contudo, subiram, abrindo espaço para o Nasdaq avançar 0,19%, aos 19.692,33 pontos. O Dow Jones avançou 0,71% (44.873,28), o S&P500 ganhou 0,39% (6.061,48).

… Com um resultado (52,8) abaixo das expectativas (54), o PMI medido pelo ISM mostrou uma desaceleração nos serviços, puxada pelos preços do setor, cujo índice saiu de 64,4 para 60,4. O PMI da S&P Global também cedeu, a 52,9 em janeiro, de 53 esperados.

… É boa notícia para o Fed. A desaceleração dos serviços se sobrepôs ao relatório de empregos no setor privado da ADP, bem acima das projeções, e derrubou os juros dos Treasuries. O retorno da note de 2 anos caiu a 4,188% (de 4,208% na sessão anterior).

… O da note de 10 anos cedeu a 4,427% (de 4,506%) e o do T-bond de 30 anos caiu a 4,649% (de 4,747%).

… Segundo a ADP, o setor privado dos Estados Unidos criou 183 mil empregos em janeiro. O mercado esperava 150 mil. E a criação de empregos em dezembro foi revisada para cima, de 122 mil para 176 mil.

… Thomas Barkin, do Fed/Richmond, avaliou que não há sinais de superaquecimento da economia americana e, por isso, espera taxas “significativamente” menores de inflação anual no 1Tri deste ano.

… Barkin, contudo, reconheceu que a política tarifária de Trump adiciona muita incerteza ao cenário e que o Fed precisa de mais clareza para mexer nos juros.

… Austan Goolsbee (Fed/Chicago), por sua vez, afirmou que a imposição de tarifas em bens intermediários importados pelos EUA pode ter efeito mais prolongado na inflação.

… Ontem, a China formalizou uma reclamação na OMC contra as tarifas dos EUA, mas há expectativas de que ambos ainda possam chegar a um acordo.

… Num dia de menor nervosismo no mercado, o índice dólar (DXY) recuou 0,35%, a 107,579, com destaque para iene, que subiu 1,14%, a 152,561/US$. Os salários nominais no Japão cresceram 4,8% em dezembro, bem acima do consenso, de 3,7%.

… Para o ING, o dado reforça o apelo a dois aumentos de juros pelo BoJ este ano.

… Na véspera da decisão do BoE, hoje, a libra subiu 0,13%, a US$ 1,2501, apesar da expectativa de que o BC britânico corte o juro em 25pb. O euro avançou 0,19%, a US$ 1,0405.

AFTER HOURS – A Qualcomm Inc. informou lucro e receita acima do esperado no 1Tri fiscal de 2025, mas a ação levou um tombo de 4,59% no after hours de NY, diante da preocupação com a demanda por processadores de smartphones em 2025.

… O lucro líquido foi de US$ 3,18 bilhões, alta de 15% ante 1tri24. O lucro diluído por ação subiu a US$ 2,83, acima dos US$ 2,46 do mesmo período do ano anterior. A receita aumentou 17%, para US$ 11,67 bilhões, de US$ 10,91 bilhões esperados.

… Ford foi outra que decepcionou. A montadora reverteu o prejuízo de US$ 500 milhões do 4Tri23 em lucro líquido de US$ 1,8 bilhão no mesmo período em 2024, mas o guidance decepcionou e a ação recuou 4,5%.

… A empresa projetou guidance de lucro operacional na faixa entre US$ 7 bilhões e US$ 8,5 bilhões, aquém das previsões de analistas, que era de US$ 9,3 bilhões.

EM TEMPO… TCU negou recurso apresentado pela PETROBRAS contra as determinações sobre a política de preços da companhia, em acórdão de novembro de 2024…

… A corte de contas exige que a estatal estabeleça normas internas formalmente para detalhar “a forma de execução” da política de preços.

… ITAÚ distribuirá dividendo de R$ 1,25/ação e JCP bruto de R$ 0,33/ação; ex dia 18/2; pagamento em 07/3. Pagará na mesma data JCP bruto de R$ 0,273/ação com base na posição de 19/09/24; e JCP bruto de R$ 0,3105/ação com base na posição de 09/12/24…

… O banco aprovou novo programa de recompra de até 200 milhões de ações PN (4,16% das ações PN em circulação) até 05/02/26. E fará aumento de capital de R$ 33,334 bi mediante capitalização da reserva de lucros.

… LOCALIZA pagará no dia 07/2 o montante de R$ 426,4 milhões em JCP, ou R$ 0,4046/ação, com base na posição de 17/12/24. A Localiza Fleet aprovou a 17ª emissão de debêntures, no valor de R$ 500 milhões.

PRIO FORTE. Conselho da Prio aprovou a 5ª emissão de debêntures no valor de R$ 1,2 bilhão, em duas séries, sendo R$ 800 milhões para a primeira série, com vencimento em cinco anos, e R$ 400 milhões, para a segunda, com vencimento em sete anos.

ELETROMIDIA aprovou a 7ª emissão de debêntures simples, no valor total de R$ 800 milhões. Os títulos terão prazo de 1.565 dias, vencendo no dia 20 de maio de 2029.

NEOENERGIA informou que a EDF Brasil e a STOA adquiriram a totalidade das ações da companhia na Geração Céu Azul (GCA). A transação tem um enterprise value de R$ 1,43 bilhão e o preço está sujeito a ajustes usuais.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

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