Morning Call

Sinalização do BoJ é novidade do dia

Atualizado 07/08/2024 às 00:51:24

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Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[07/08/24]

… É fraca a agenda hoje nos Estados Unidos e na zona do euro, mas a alta nas importações na China em julho, divulgada nesta madrugada, já contrata uma abertura positiva para as commodities. Ainda na Ásia, o vice-presidente do BC japonês descartou alta do juro enquanto os mercados estiverem instáveis, o que é ruim para o iene, mas pode ser muito bom para o real. Aqui, a alta do minério de ferro deve contribuir para pressionar o IGP-DI de julho (8h), que pode acelerar a 0,68% na mediana do Broadcast, com o acumulado em 12 meses subindo para 4,0%, em meio ao recado mais hawkish da ata do Copom, que deixou explícita a intenção de aumentar a Selic se o risco do câmbio não for neutralizado. Por enquanto, as coisas se acomodaram e os ativos domésticos operaram no modo recuperação junto com Nova York. Na B3, a temporada de resultados do 2Tri ganha ritmo, com 22 balanços previstos para esta 4ªF, incluindo Banco do Brasil e Eletrobras, após o fechamento.

… Ontem à noite, o ADR de Itaú reagiu em alta de 1,18% ao lucro líquido de R$ 10,072 bilhões, pouco acima da média das expectativas de oito casas (BTG Pactual, Citi, Safra, JPMorgan, XP, Goldman Sachs, Genial e Santander) consultadas pela Agência Estado.

… À espera do balanço, Itaú subiu mais de 2% no pregão desta 3ªF, enquanto Bradesco continuou a brilhar entre as maiores altas do Ibov, ainda repercutindo o seu resultado na 2ªF. Para o BB, as previsões são de lucro líquido de R$ 9,198 bi.

… Confira no Em Tempo… os outros balanços divulgados ontem à noite, como GPA, Iguatemi, Movida, Prio, Raia Drogasil e Vibra Energia.

… O calendário de hoje prevê bancos Inter e Pan, antes da abertura, e, após o fechamento, Aeris Energy, C&A, Braskem, C&A, Bahia, CBA, Cogna, Copel, CVC, Dexco, Energisa, Engie, Guararapes, Minerva, Qualicorp, Santos, Tenda, Totvs e Ultrapar, além de BB e Eletrobras.

ATA DO COPOM – Reforçando um cenário global de maior incerteza e a persistente depreciação cambial, a ata elevou o tom de cautela em relação ao comunicado e afirmou que o Banco Central “não hesitará em subir a Selic se julgar apropriado”.

… Assim, provocou um ajuste na curva dos juros futuros, embora esse ajuste também tenha sido motivado pelos tombos da véspera, que afundaram o DI junto com os yields dos Treasuries no dia de pânico e movimentos irracionais dos mercados.

… Não houve guidance na ata, mas um alerta que pode ser equiparado a um viés de alta se as coisas não se acomodarem.

… “O Comitê, unanimemente, avalia que o momento é ainda de maior cautela e de acompanhamento diligente dos condicionantes da inflação” para, então, se decidir “por manter a Selic elevada por tempo suficientemente longo ou subir a taxa de juros”.

… Novo levantamento do Broadcast com economistas do mercado, após a ata, não alterou a mediana das expectativas para a Selic no fim do ano, que continua em 10,5%. De 45 casas consultadas, 42 mantiveram essa projeção para a taxa básica.

… Mas parte dos entrevistados reconhece que há riscos para uma eventual elevação do juro ainda em 2024.

… Já para o Copom de setembro, é unânime a expectativa de estabilidade da taxa Selic.

MAIS AGENDA – O BC divulga a captação da poupança em julho (9h) e o fluxo cambial semanal (14h30). Os dados da Anfavea saem às 10h. Nos EUA, os estoques de petróleo do DoE (11h) têm previsão de queda de 500 mil barris.

JAPÃO HOJE – O vice-presidente do BoJ, Shinichi Uchida, disse em discurso para líderes empresariais na noite de ontem que, enquanto os mercados estiverem instáveis, a instituição não aumentará as taxas de juros.

… “Em contraste com o processo de aumentos nas taxas de juros na Europa e EUA, a economia do Japão não está em uma situação em que pode ficar para trás se não aumentar a taxa de juros em um determinado ritmo.”

… As declarações derrubavam o iene durante a madrugava e acionavam fortes ganhos na bolsa de Tóquio.

CHINA HOJE – As importações registraram alta anualizada de 7,2% em julho, mais do que o dobro da projeção de 3%. Já as exportações avançaram 7%, frustrando a estimativa dos analistas de crescimento de 9,9%.

… A balança comercial chinesa teve superávit de US$ 84,65 bilhões, abaixo da previsão de US$ 100 bilhões.

FIEL DA BALANÇA – A ata do Copom não fez mistério e, na mensagem mais hawk do que a do comunicado, deixou muito clara a possibilidade de o BC voltar a subir a Selic em algum momento se o dólar não se acomodar.

… A sinalização de que o ciclo de aperto pode, eventualmente, ser retomado reforçou a atratividade do carry trade e o real performou tão bem ontem, que exibiu o melhor desempenho entre as divisas globais relevantes.

… Também a reversão do caos em NY ajudou a diminuir as apostas contra a moeda brasileira. No alívio do cenário, o dólar à vista fechou abaixo de R$ 5,70. Exibiu queda firme de 1,46%, negociado a R$ 5,6574.  

… Para o Copom conseguir bancar a Selic estável, vai ter que torcer, entre outras coisas, para o iene parar de subir. Ontem, um diretor do JPMorgan disse que o desmonte de posições de carry trade está só na metade.

… Segundo Arindam Sandilya, a moeda japonesa continua sendo uma das mais subvalorizadas. Também o Lombard Odier ressalta que o movimento de força do iene como ativo de segurança deve continuar no curto prazo.

… Seja como for, se o BoJ cumprir a promessa de não subir o juro enquanto os mercados globais estiverem atravessando a volatilidade atual, as forças no câmbio podem mudar, contra o iene e a favor do nosso real.

… A curva do DI operou ontem descolada da queda do dólar e disparou junto com os juros dos Treasuries e o recado mais agressivo da ata do Copom. Traders voltaram a jogar as fichas em uma alta de 0,25pp da Selic em setembro.

… Esta é a aposta unânime agora na curva a termo, embora entre os economistas, como se viu, a maioria absoluta continue projetando juro estável no final do ano, em 10,50%. O Copom está condicionado às flutuações do câmbio.

… O Itaú reconhece que, se o real não reagir sustentadamente, uma alta da Selic em setembro será inevitável.

… No fechamento, o DI para Jan/25 subiu para 10,695% (contra 10,587% no pregão anterior); Jan/26, a 11,550% (de 11,220%); Jan/27, a 11,69% (de 11,440%); Jan/29, a 11,840% (de 11,710%); e Jan/31, a 11,880% (de 11,740%).

DIA DO CAÇADOR – Passada a tempestade no exterior, o Ibov conseguiu emplacar a sua primeira alta do mês e driblar o alerta da ata do Copom, de que uma alta da Selic não está fora do radar se o câmbio melar tudo.

… Outro fator importante de impulso para a bolsa veio das blue chips (bancos, Vale e Petrobras), garantindo alta de 0,80% para o índice à vista, que recobrou a marca dos 126 mil pontos (126.266,70), com giro de R$ 22,4 bi.

… Herói da resistência, Bradesco subiu mais 3,42% (ON, a R$ 12,69) e 3,31% (PN, a R$ 14,06), mesmo depois de ter saltado em torno de 8% na véspera, na repercussão muito positiva ao balanço, com queda da inadimplência.

… Itaú (PN, +2,22%; R$ 33,68) também exibiu fôlego, horas antes do anúncio de seu resultado trimestral, ontem à noite. BB esperou em alta de 1,72% (R$ 26,65) pelo balanço de hoje. Santander teve alta de 0,21% (R$ 28,39).

… Além do otimismo em bloco do setor financeiro, as ações ligadas às commodities colocaram o Ibov no azul.

… Os papéis da Vale operaram de virada. Abriram no campo negativo, seguindo o minério de ferro (-1,42%), mas depois passaram a surfar na onda do entusiasmo dos mercados globais e fecharam em +0,51% (R$ 57,31).

… Bem melhores do que o petróleo Brent para outubro, que subiu só 0,24%, a US$ 76,48 por barril, as ações da Petrobras engataram altas firmes de 2,09% (ON, a R$ 39,12) e 1,74% (PN, a R$ 36,32), de carona no risk-on do dia.

… Lá fora, a alta moderada do petróleo foi atribuída às possíveis ameaças à oferta, como as preocupações sobre a escalada das tensões no Oriente Médio e as dúvidas quanto ao crescimento da China e EUA nos próximos meses.

… No topo do ranking positivo do Ibovespa, o papel da Natura disparou valorizou 3,53%, cotado a R$ 15,26. O papel ganha tração na expectativa pelo balanço da semana que vem (3ªF, dia 13) e a possível cisão com a Avon.

OLÉ! – Como em toda crise, a vivenciada neste momento pelo investidor nos EUA acabou abrindo oportunidade de compra ontem, após os dias de liquidação pesada nas bolsas em NY, nas taxas dos Treasuries e no dólar.  

… Corrigindo os excessos recentes, a chance de o Fed abrir o ciclo com corte de juro de 50pb na reunião de setembro diminuiu para 69,5% na ferramenta de apostas do CME, depois de ter superado 90% na véspera.

… Baixada a poeira, o mercado também passou a precificar um ajuste total menor de queda do juro no ano, de 100pb, ao invés de 125pb. Para o BMO Capital, trata-se de um cenário mais realista, passado o auge do estresse.

… Na devolução dos movimentos exagerados e irracionais, a curva dos Treasuries retomou o senso de normalidade e o retorno da Note de 2 anos voltou a encostar nos 4%. Avançou de 3,883% para 3,982%.

… O retorno do título de 10 anos subiu de 3,774% para 3,894% e o do T-Bond-30 anos, de 4,061% para 4,192%.

… No day after do pesadelo, o índice VIX, conhecido como “termômetro do medo”, caiu 27,92%, para 27,80 pontos, devolvendo parcialmente a escalada de quase 65% no pregão anterior, quando tocou 38,57 pontos.

… Aproveitando para comprar barato nas bolsas em NY, o investidor interrompeu a febre vendedora e sustentou o Nasdaq (+1,03%, a 16.366,85 pontos), S&P 500 (+1,04%; 5.240,03 pontos) e o Dow Jones (+0,76%; 38.997,66).

… O Goldman Sachs mantém o preço-alvo do S&P 500 em 5.600 pontos para o final deste ano, um prêmio de cerca de 8% em relação ao nível atual, diante da leitura de que os EUA não vão cair em um quadro recessivo.  

… No câmbio, a normalização do humor nos negócios permitiu ao dólar parar de cair com o Fed, levando o iene (-0,3%, 144,72/US$) a dar um tempo no rali. Em ajuste técnico, também o euro (US$ 1,0930) e a libra recuaram.

… A moeda do Reino Unido aprofundou as perdas para US$ 1,2692, em meio aos protestos violentos da extrema-direita no fim de semana e ao efeito residual do corte recente da taxa de juro pelo BC inglês (BoE).

EM TEMPO… PETROBRAS negou, em comunicado ao mercado, a decisão de recomprar refinaria de Mataripe…

… A companhia esclareceu que a due diligence da refinaria, vendida ao fundo Abu Dhabi Mubadala por US$ 1,65 bilhão em 2021, foi iniciada em março de 2024 e que “está em fase de conclusão”…

… No entanto, a empresa ressaltou que “ainda não fez qualquer oferta” e que também “não foi celebrado qualquer documento vinculante” sobre eventual parceria…

… Portanto, “não há qualquer decisão das instâncias competentes sobre eventual aquisição de participação na refinaria”. No dia 26 de julho, a FUP informou que a Petrobras estava perto de retomar o controle de Mataripe.

PRIO teve lucro líquido de US$ 272 milhões no 2TRI24, alta de 48% ante 2TRI23; Ebitda ajustado cresceu 64%, para US$ 546 milhões.

GRUPO PÃO DE AÇÚCAR registrou prejuízo líquido de R$ 332 milhões no 2TRI24, melhora de 21,9% sobre o 2TRI23; Ebitda ajustado somou R$ 396 milhões, alta de 57,2% na comparação anual.

VALE e Apollo estabeleceram joint-venture na Vale Oman; mineradora brasileira pagará US$ 600 milhões por 50% na JV, que é esperada para ser concluída no segundo semestre de 2024…

… Companhia disse que continuará a deter 100% da Vale Oman Pelletizing Company.

VIBRA ENERGIA teve lucro líquido de R$ 867 milhões no 2TRI24, mais de cinco vezes o lucro do 2TRI23; Ebitda ajustado somou R$ 1,55 bilhão no 2TRI24, alta de 70,3%.

RD SAÚDE teve lucro líquido ajustado de R$ 356,6 milhões no 2TRI24, alta anual de 2,11%; Ebitda ajustado somou R$ 824,4 milhões, alta de 7,4% em relação ao mesmo período de 2023.

ODONTOPREV registrou lucro líquido de R$ 130,1 milhões no 2TRI, alta de 5,9% na comparação anual; Ebitda ajustado somou R$ 162 milhões, avanço de 9,9% em relação ao mesmo período de 2023.

IGUATEMI registrou lucro líquido de R$ 76,3 milhões no 2TRI, recuo de 1,4% na comparação anual; Ebitda somou R$ 210,8 milhões, alta de 7,8% em relação ao mesmo período de 2023.

VULCABRAS registrou lucro de R$ 139,7 milhões no 2TRI, alta de 0,5% na comparação anual; Ebitda recorrente somou R$ 175,4 milhões, crescimento de 4% em relação ao mesmo período de 2023.

CURY registrou lucro líquido de R$ 172,2 milhões, alta de 41,8% na comparação anual; Ebitda somou R$ 208,9 milhões, avanço de 35,5% em relação ao mesmo período de 2023.

MOVIDA registrou lucro líquido de R$ 42,5 milhões no 2TRI24 e reverteu prejuízo do 2TRI23; Ebitda somou R$ 1,1 bilhão, alta de 29,2% na comparação anual.

FRAS-LE registrou lucro de R$ 39,9 milhões no 2TRI, queda de 58,7% na comparação anual; Ebitda somou R$ 112,3 milhões, recuo de 39,9% em relação ao mesmo período de 2023.

EMBRAER fechou contrato de crédito de US$ 1 bilhão com um grupo de bancos, com duração de cinco anos, estendendo o acordo assinado em outubro de 2022 no valor de US$ 650 milhões…

… Contrato visa o acesso de uma linha de crédito rotativo que pode ser utilizada pelas subsidiárias da empresa nos EUA e na Holanda.

OI. Justiça formalizou fim da primeira rodada de leilão da Oi Fibra; companhia disse que tomará as medidas necessárias para realizar a segunda rodada de alienação da Oi Fibra.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.

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