Morning Call

Véspera de feriado pede cautela antes do PCE nos EUA

Atualizado 28/05/2024 às 23:45:43

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Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[29/05/24]

… Na véspera do feriado de Corpus Christi, investidores devem optar pela cautela, porque a volta, na 6ªF, traz o indicador mais aguardado da semana, a inflação medida pelo PCE nos Estados Unidos. O dado pode ter impacto nas expectativas para os juros americanos, em meio aos receios de que o Fed desista de um corte neste ano ou, até mesmo, que possa considerar uma alta, no cenário mais pessimista. Nesta 3ªF, o humor pesou em NY após um malsucedido leilão de Treasuries. Hoje, o Livro Bege (15h) pode ser importante, assim como as falas dos Fed boys John Williams e Raphael Bostic. Aqui, após o IPCA-15 melhor que o previsto, sai o IGP-M de maio (8h). A agenda prevê ainda: o resultado do setor público consolidado em abril (8h30) e dados do emprego, com a Pnad Contínua (9h) e o Caged (10h30).

… A taxa de desemprego no trimestre até abril deve recuar para 7,7% (de 7,9% até março), enquanto as estimativas para o Caged de abril são de criação de 210 mil vagas com carteira assinada, abaixo de março, quando surgiram 244,3 mil postos de trabalho.

… Já o setor público deverá mostrar um superávit de R$ 16,5 nas contas consolidadas, na mediana das estimativas apuradas em pesquisa do Broadcast. Para 2024, a mediana indica déficit primário de R$ 73,90 bilhões.

… A sazonalidade favorável para a arrecadação em abril deve puxar os superávits do governo central e dos entes regionais, com um forte incremento esperado para as receitas. Nas despesas, porém, a expectativa é de crescimento, sobretudo dos gastos previdenciários.

… Nesta 3ªF, as contas do Governo Central tiveram superávit primário de R$ 11,02 bilhões em abril, revertendo déficit de R$ 1,527 bilhões em março. Mas o resultado ficou abaixo do esperado (R$ 12,6 bilhões) e foi o pior para o mês de toda a série histórica do Tesouro.

… Em abril, as receitas tiveram alta real de 7,8% sobre abril/23, enquanto as despesas subiram 12,4% na mesma base de comparação. Em 12 meses, o Governo Central apresentou um déficit de R$ 253,4 bilhões, equivalente a 2,23% do PIB.

… Já o IGP-M deve acelerar para 0,82% em maio (de 0,31% em abril), com o esperado avanço dos preços industriais ao produtor.

… Ontem, o IPCA-15 subiu para 0,44% em maio (de 0,21% em abril), mas ficou abaixo da mediana, com a taxa de 12 meses desacelerando de 3,77% para 3,70%. Além disso, os serviços, serviços subjacentes e núcleos também recuaram nas médias trimestrais.

… Junto com as declarações de Galípolo, reafirmando o compromisso com a meta de inflação, os dados do IPCA-15 garantiram queda nas taxas do DI futuro na B3, mas o movimento foi revertido pela alta dos juros dos Treasuries (abaixo).

… Ainda na agenda, o Tesouro divulga o estoque da Dívida Pública Federal de abril (13h30) e o BC, os dados do fluxo cambial (14h30).

COPOM EM XEQUE – O Ministério Público Federal junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) ingressou com uma representação para identificar eventuais “desvios de finalidade pelo Copom na definição da Selic”.

… Segundo o subprocurador Lucas Furtado, a apuração se daria por suposta “grande influência” das projeções do boletim Focus, elaborado a partir de pesquisas macroeconômicas de bancos, consultorias e corretoras.

… De acordo com ele, as decisões do BC “podem ter interesse na manipulação para ganhos próprios e privados indevidos e em prejuízo aos interesses públicos e ao erário”.

TAXAÇÃO DOS SITES CHINESES – A Câmara aprovou ontem à noite o projeto de lei que regulamenta o Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), com a nova proposta de reduzir para 20% a taxação de compras internacionais de até US$ 50.

… Inicialmente, a ideia era aplicar uma taxa de 60% sobre essas mercadorias compradas em sites chineses.

… A taxação das chamadas “comprinhas” é uma demanda do setor varejista nacional, defendida por Arthur Lira,  diante da competição desleal com a isenção às empresas estrangeiras, que hoje pagam apenas 17% de ICMS sobre o e-commerce internacional.

… Lula e o PT tinham receio de que a medida tivesse impacto negativo na popularidade do presidente, mas Haddad sempre quis. O texto está pautado para votação hoje no Senado.

DESONERAÇÃO – Haddad informou, no início da noite, que o governo deve publicar na 6ªF, após o feriado, uma medida de compensação para a desoneração da folha das empresas de 17 setores e dos municípios, como ficou combinado com o STF.

… A Receita calcula que serão necessários R$ 25,8 bilhões para recompor a perda de arrecadação com a desoneração: R$ 15,8 bilhões se referem à renúncia fiscal com o benefício às empresas e os outros R$ 10 bilhões à mudança na tributação das prefeituras.

… No caso das empresas, já há um acordo fechado para manter o benefício tributário este ano e iniciar a reoneração gradual a partir de 2025. Haddad também já aceitou manter a desoneração para os municípios este ano, mas a reoneração não foi ainda decidida.

… O ministro da Fazenda concede nesta manhã (10h) uma entrevista exclusiva para o Valor.

REFORMA TRIBUTÁRIA – O grupo de trabalho da regulamentação do texto informou que pretende entregar o relatório do projeto ainda neste primeiro semestre, ou seja, até o final do mês que vem (junho).

LÁ FORA – O Fed boy John Williams fala pouco antes do Livro Bege, às 14h45. Raphael Bostic participa de painel à noite (20h). Na Alemanha, a leitura preliminar de maio da inflação ao consumidor (CPI) será divulgada às 9h.

… Amanhã, durante o feriado de Corpus Christi aqui, o mercado em NY confere a leitura final do PIB/1Tri.

CHINA – O FMI revisou suas previsões para cima e projeta que o PIB chinês cresça 5% este ano e 4,5% em 2025, 40 pontos-base a mais em ambos os anos do que o esperado na última projeção da instituição, divulgada em abril.

É BOM, MAS É POUCO – Apesar da surpresa de alívio do IPCA-15 de maio, com a leitura positiva no índice cheio e qualitativo, o mercado não comprou a ideia de que o BC vai relaxar quanto à ancoragem das expectativas.  

… No intervalo de menos de uma semana, RCN tratou de elencar em eventos a bateria de fatores que têm pesado na desancoragem do mercado: fiscal, exterior, polêmica da meta do IPCA, sucessão no BC e tragédia no RS.

… Tanto ele como Galípolo estão sincronizados no recado de compromisso com a perseguição da meta de inflação, fechados na promessa de que o BC vai agir para as estimativas do mercado não fugirem ao controle.

… Neste sentido, por melhor que tenha vindo, o IPCA-15 deve ter papel coadjuvante nas apostas para o próximo Copom. Boa parte do mercado ainda deve continuar especulando sobre a chance de o BC parar o ciclo de corte.

… O Barclays ainda tem como cenário-base mais um corte de 0,25pp na Selic em junho,  para 10,25%.

… Mas o economista do banco Roberto Secemski não duvida que, por unanimidade ou não, o Copom possa decidir mandar uma mensagem mais hawkish, possivelmente interrompendo o afrouxamento monetário.

… Em relatório, o profissional destacou que a média dos núcleos do IPCA-15 (0,19% para 0,31%) ficou abaixo do consenso (0,34%) e que os serviços subjacentes (0,38% para 0,31%) ficaram pouco abaixo da mediana, de 0,32%.

… Embora o qualitativo do índice tenha vindo positivo, o PicPay elevou projeção de IPCA do ano de 3,6% para 3,8%.

… Marco Caruso, economista-chefe, e Igor Cadilhac escreveram em relatório que as coletas de maio sugerem preços mais pressionados de alimentos, o que explica parcialmente a revisão.

… No mercado de juros, o peso da alta dos retornos dos Treasuries ofuscou o alívio no IPCA-15 e as taxas domésticas tiveram ligeira alta.

… O DI para Jan25 subiu a 10,380% (de 10,371%); o Jan26 ficou estável em 10,715% (de 10,716%); o Jan27 foi a 11,055% (11,029%); Jan29, a 11,545% (11,481%); Jan31, a 11,760% (11,669%); e Jan33, a 11,840% (11,741%).

… O dólar, por sua vez, passou ao largo do estresse nos títulos americanos e das questões domésticas e manteve a tendência de baixa frente ao real. A moeda caiu 0,35%, a R$ 5,1540.

… Operadores notaram antecipação da rolagem de contratos futuros às vésperas do Corpus Christi e da ptax (6ªF).

… Já o Ibovespa renovou a mínima do ano, aos 123.779,54 pontos (-0,58%), sob o peso dos Treasuries e o mau humor com a Vale. O giro foi de R$ 21,4 bilhões.

… Repercutindo a queda do minério de ferro em Dalian (-2,11%), a ação da mineradora, a de maior peso no Ibov, recuou 2,16%, a R$ 63,89.

… Petrobras esteve entre os maiores ganhos do índice, com a alta do petróleo (Brent +1,28%) e após primeira entrevista da nova presidente da estatal, Magda Chambriard, que não assustou os investidores.

… O papel PN registrou +2,13% (R$ 37,80) e o ON, +1,76% (R$ 39,38).

… Bancos ficaram no vermelho, à exceção de Santander unit (+1,12%; R$ 27,94). Bradesco PN caiu 0,08% (R$ 12,92) e ON baixou 0,26% (R$ 11,62). Banco do Brasil cedeu 0,33% (R$ 27,32) e Itaú perdeu 0,54% (R$ 31,57).

… A maior valorização do pregão foi de MRV, com +2,20%, a R$ 6,97. No lado negativo, estiveram Magazine Luiza (-6,54%; R$ 12,29), Azul (-4,84%; R$ 9,63) e CSN Mineração (-3,93%; R$ 5,16).

ENTRE OS JUROS E A FORÇA DAS TECHS – O Nasdaq bateu novo recorde na volta do feriado em NY, fechando acima de 17 mil pela primeira vez, mesmo sob pressão dos juros dos Treasuries, que frearam os ganhos no Dow e S&P 500.

… Mais uma vez, a Nvidia teve parte no rali das techs. A ação disparou 7,1%, depois da informação de que Elon Musk vai usar unidades de processamento gráfico H100 da fabricante de chips em sua startup de inteligência artificial xAI.

… O Nasdaq subiu 0,59% (17.019,88). A disparada da Nvidia também puxou ganhos no setor de tecnologia do S&P 500, que fechou estável (+0,02%), a 5.306,11 pontos. O Dow caiu 0,55% (38.852,80).

… Em NY, leilões de títulos do Tesouro de 2 anos e 5 anos com demanda abaixo da média impulsionaram os retornos no período da tarde, em meio às incertezas persistentes sobre os juros americanos, e às vésperas do PCE, dado de inflação preferido do Fed.

… O retorno da note de 2 anos subiu a 4,973% (de 4,948%) e o da note de 10 anos avançou a 4,540% (4,465%). O do T-bond de 30 anos foi a 4,656% (4,572%).

… Segundo o Citi, uma leitura do índice indicando desaceleração deve manter a possibilidade de corte dos juros nos próximos meses, mas ninguém espera um ritmo forte de desinflação. Já o Barclays alerta que a desaceleração recente do CPI pode não ser parâmetro.

… Analistas do banco britânico lembram que os núcleos dos dois indicadores de inflação têm divergido cada vez mais.

… Enquanto isso, os Fed boys continuam mantendo um discurso de cautela, como Neel Kashkari (Minneapolis), que agora espera “muitos dados” de desaceleração da inflação, e não apenas “alguns”, para que o Fomc ganhe confiança para cortar as taxas de juro.

… Para a corretora Stifel (EUA), “se a inflação continuar a comportar-se mal ou, pior, subir (…), o Fed pode considerar aumentos do juro”.

… No único indicador do dia, a Conference Board informou que o índice de confiança do consumidor subiu a 102 em maio, de 97,5 em abril, ante previsão de queda a 95,7.

… O dado contrariou a leitura da Universidade de Michigan, que na semana passada indicou queda do sentimento do consumidor a 69,1 de 77,2 em abril.

… A despeito da alta dos juros, o dólar caiu ante os pares europeus e o índice DXY recuou 0,13% (104,583 pontos). O euro subiu 0,09%, a US$ 1,0861 e a libra avançou 0,27%, a US$ 1,2771. O iene perdeu 0,19%, a 157,168/US$.

… Pesquisa do BCE de abril mostrou que os consumidores da zona do euro reduziram suas expectativas para a inflação nos próximos 12 meses, a 2,9%, de 3% no levantamento de março. É a menor projeção desde setembro de 2021.

… Para os próximos três anos, a previsão diminuiu para 2,4% em abril, ante 2,5% no mês anterior.

… Como se tornou rotina, vários dirigentes do BCE apontaram ontem que um corte de juros está próximo.

… Mário Centeno disse que o processo de relaxamento monetário do BCE “está prestes a começar”. Klaas Knot afirmou que, “em breve, será apropriado diminuir o nível de restrição da política monetária”.

… No Japão, o juro do título do governo japonês de 10 anos renovou máxima em 12 anos, refletindo expectativas de mais aperto monetário por parte do BoJ. Ontem, o rendimento do chamado JGB subiu 1,5 ponto-base, a 1,035%.

EM TEMPO… GOL informou que um eventual acordo pelo Grupo Abra, o maior credor garantido da companhia, com a Azul “não seria vinculante” para a empresa…

… O posicionamento da Gol vem em resposta aos questionamentos da CVM sobre notícias de que o acordo codeshare firmado com a Azul na semana passada estaria sendo visto como potencial fusão…

… A companhia esclareceu também que o processo competitivo “ainda não foi iniciado”, bem como nenhuma negociação com a intenção de concluir uma transação com qualquer terceiro…

… Ainda depois do fechamento, a AZUL divulgou comunicado para reforçar que não celebrou ou formalizou acordo, vinculante ou não, para qualquer operação de parceria ou combinação de negócios…

… Apesar disso, confirmou que está mantendo conversas independentes com o Abra para explorar oportunidades.

CCR concluiu venda de sua participação na SAMN (Sociedade de Atividade Multimídia) à Megatelecom Telecomunicações, por R$ 100 milhões.

COSAN encerrou o 1Tri de 2024 com prejuízo líquido de R$ 192,2 milhões, valor 78% menor na comparação com o mesmo período de 2023. O Ebitda consolidado foi de R$ 2,934 bilhões, recuo de 26% na comparação anual…

… Já a receita operacional líquida totalizou R$ 9,842 bilhões, aumento de 2% ante o apurado um ano antes.

LIGHT. Plano de recuperação judicial da empresa deve ser aprovado em votação da Assembleia Geral de Credores nesta 4ªF. (Broadcast)

EQUATORIAL comunicou que desde 23 de maio entrou em operação comercial a Usina Fotovoltaica Ribeiro Gonçalves (UFV Ribeiro Gonçalves), localizada no Piauí e com capacidade instalada de 283 MWp.

YDUQS anunciou a compra de 100% do capital social do Instituto Cultural Newton Paiva Ferreira, mantenedor da instituição de ensino superior Centro Cultural Newton Paiva, de Belo Horizonte, por R$ 49 milhões…

… Citi tem recomendação de compra para a ação da empresa, com preço-alvo de R$ 20; banco considera que aquisição do Newton Paiva agrega valuation e melhora posicionamento da empresa na região.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

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