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Educação financeira no combate a golpes e fraudes
Por Adriano Volpini
Quando ouvimos falar em educação financeira, ainda associamos muito esse conceito à ideia de que é importante criar uma relação saudável com suas finanças, em que o conhecimento sobre o tema melhora a qualidade da gestão de recursos por pessoas e empresas. Mas a educação financeira não se limita apenas à capacidade de saber administrar seu dinheiro – é preciso também se atentar à prevenção e à proteção contra golpes e fraudes.
Um dado da pesquisa Observatório Febraban, divulgado pela Federação Brasileira de Bancos, mostra bem a dimensão deste tema para as pessoas. Segundo o estudo, 86% dos entrevistados afirmam ter medo de serem vítimas de fraudadores ou de terem seus dados pessoais violados. E, sejamos justos, não se trata de um temor infundado.
A edição de fevereiro do Radar Febraban, levantamento bimestral realizado em parceria com o Ipespe, mostra que 36% dos brasileiros dizem ter sido vítimas de golpes ou de tentativas de golpes. E cabe ainda ressaltar que, levando-se em conta o nível educacional e de renda, os dois perfis com maior proporção de relato de casos foram de pessoas com nível universitário (41%) e rendimento superior a 5 salários-mínimos (41%), públicos geralmente tidos como aqueles com mais acesso a informações de qualidade sobre prevenção.
Por tudo isso, faz sentido que o tema do próximo ENEF (Encontro Nacional de Educação Financeira) seja Proteção Financeira – Investir em Educação Financeira é investir na sua segurança. A iniciativa foi criada pelo Fórum Brasileiro de Educação Financeira, que congrega instituições como a CVM, o Banco Central e o Ministério da Educação, e este ano acontecerá entre os dias 13 e 19 de maio. Ao longo da semana, serão realizadas ações gratuitas relacionadas à mitigação de riscos financeiros cibernéticos, promoção do combate e da prevenção a fraudes, e promoção da segurança da informação.
A escolha do tema mostra que algumas das instituições públicas mais importantes do país reforçam o papel que a educação financeira e o acesso a informações de qualidade têm na prevenção aos golpes e fraudes que tanto assustam e vitimam brasileiros. E isso é algo que, vale dizer, o setor bancário já percebeu há algum tempo.
Conhecer para se proteger
Já faz tempo que o sistema bancário vem buscando fortalecer seus clientes para que eles consigam reconhecer e evitar tentativas de golpes e fraudes. E a principal ferramenta para isto é, claro, a informação. Seja individualmente ou por meio de entidades do setor, os bancos têm produzido muitos materiais informativos. E a boa notícia é que essa estratégia tem funcionado.
O Radar Febraban, por exemplo, aponta que 69% dos entrevistados disseram ter recebido materiais de instituições bancárias e outras entidades sobre o tema, um aumento de dois pontos percentuais em relação à edição anterior do levantamento. E, tão importante quanto, o recall sobre este tipo de material ultrapassa 60% em todos os estratos de renda e regiões do país.
Talvez não seja coincidência, portanto, que tenha havido uma queda nos relatos sobre este tipo de crime. Segundo a edição de fevereiro da mesma pesquisa, houve uma diminuição de dois pontos percentuais em relação à edição anterior, de dezembro, na proporção de brasileiros que relataram terem sido vítimas de golpes ou de tentativas de golpes, chegando aos já citados 36%. Não à toa 92% das pessoas que foram impactadas pelos materiais de prevenção reconhecem a importâncias das ações dos bancos de divulgação e orientação sobre golpes.
O próximo Encontro Nacional de Educação Financeira tem tudo para ser uma oportunidade importante para fortalecer ainda mais as estratégias contra fraudes e golpes por meio de informações de prevenção. E cabe um adendo. Apesar de quase sempre pensarmos na educação financeira como algo voltado aos indivíduos, vale ressaltar a sua importância também para os empreendedores, igualmente sujeitos a este crime. Tanto que o Itaú Unibanco criou, por exemplo, um material preventivo voltado especialmente para pessoas donas de negócio. E é assim, com educação e informação atualizada e de qualidade para todos, que conseguiremos nos prevenir cada vez mais contra fraudes e golpes.
Adriano Volpini é diretor de Segurança Corporativa do Itaú Unibanco